sexta-feira, 18 de julho de 2008

Furo na bolha cresce e puxa dólar e juro

por Luiz Sérgio Guimarães de Valor Econômico
18/7/2008

O furo na bolha de commodities foi ampliado ontem. O petróleo caiu 3,95% em Nova York , para US$ 129,29. Em apenas três dias tombou 10,95%. O índice CRB, cuja carteira é composta por 19 matérias-primas, recuou ontem 2,69%, ampliando a desvalorização no mês para 6,51%. O sintoma mais evidente de que os especuladores estão pulando fora das commodities é que já começou o jogo de esconde-esconde das verdadeiras razões. Os operadores são peritos em escamotear a realidade, inventam uma camuflagem vistosa destinada a iludir, enquanto revertem posições. Segundo eles, o petróleo está caindo porque o dólar está subindo e amainou a tensão geopolítica que cerca o Irã. Mentira. O fato é que não dá mais para ignorar as sombrias perspectivas para a economia americana e a mundial a partir do último quadrimestre do ano. Não haverá demanda para sustentar os preços atuais. Os reflexos sobre o Brasil dependerão do tamanho do furo ao cabo da desespeculação mais intensa. Não será nada bom que as commodities metálicas e agrícolas percam preço aceleradamente a ponto de anular o superávit da balança comercial. Como as transações correntes do balanço de pagamentos já estão negativas, um saldo comercial igualmente deficitário poderá provocar inquietantes valorizações do dólar. A preocupação antiinflacionária do Banco Central não será mais a exótica e abstrusa "inflação de demanda", mas a tradicional inflação de custos brasileira derivada de um não menos clássico constrangimento cambial. Haja choque de juros. Uma pequena amostra desse cenário tenebroso já foi dada ontem: o descolamento negativo da Bovespa. Enquanto o Dow Jones disparava 1,85%, o índice paulista tombava 3,14%. Por quê? Venda de ações das coqueluches Petrobras e Vale fortemente vinculadas a commodities. Os fundos externos mais paranóicos já estão vendendo Brasil por causa do estouro da bolha. Vendem e saem do pais. Tanto que o dólar negociado no mercado interno fechou ontem em alta de 0,18%, cotado a R$ 1,5990. Só não se valorizou mais porque os bancos estão queimando posições "compradas" à vista. Quando perceberem que isso pode ser um mal negócio, a moeda dispara. O economista Marcelo Ribeiro, da Pentágono Asset, observa que, no início da crise, era o "mundo financeiro" que afetava o "mundo real". Agora é o "mundo real" ou "economia real" que está afetando os bancos médios americanos. Um mundo irá contagiar negativamente o outro pelos próximos dois anos. A hesitação do Fed entre combater a inflação ou atacar o potencial recessivo pode ser decidida pelo mercado de treasuries.

IBOV...após 17/07...queda excessiva...pode realizar mais...


O Ibovespa abriu em 62.062 pontos, rápidamente atingiu a máxima do dia em 62.606 pontos, e na contramão de DJI perdeu seus principais suportes conquistados nos últimos pregões vindo até a mínima em 59.984 (-3,34%)para depois finalizar em 60.108 pontos (-3,14%).

Análise: A queda do Ibovespa em forte contramão aos mercados externos (aliviados com a melhoria do desempenho do setor financeiro) e até atribuida por alguns analistas como decorrente das quedas da Vale e Petro, deixou evidente que o mercado não está aceitando mais o patamar de negociações acima dos 60 mil pontos e pode reverter fortemente para buscar patamares inferiores, nos 58 mil e posteriormente nos 53 mil pontos. Perdeu os fibos em 61.150 (62%) e 60.250 (38%). O triângulo de baixa pode novamente estar sendo formado. O mercado futuro do ìndice do Ibovespa antes da abertura poderá confirmar (ou não) essa tendência.

Suportes imediatos em 59.750, 58.900 e 57.500 pontos.
Resistências em 60.800, 61.000 e 62.300 pontos.

DJI...após 17/07... indicadores "sobrecomprados"...pode realizar


DJI abriu em 11.238, veio até a mínima em 11.210 pontos e a partir daí continuou sua firme recuperação até o fechamento na máxima em 11.447 (+1,85%).

Análise: DJI manteve novamente expressiva alta, impulsionada pela queda do petróleo nos mercados futuros (abaixo de US140) e por resultados acima do esperado do setor financeiro. Mantendo-se acima desse nível ( o que ainda é prematuro afirmar) poderá buscar 11.750 pontos e novamente 12 mil pontos. Abaixo deste nível, retornará aos 11.210 e 11.140 pontos. Os principais indicadores do gráfico diário sinalizam tendência de alta mas já estão bastante sobrecomprados, podendo realizar. Os mercados futuros antes da abertura confirmarão (ou não) a tendência de alta.

Suportes em 11.210, 11.140 e 10.980 pontos.
Resistências em 11.480, 11.750 e 11.820 pontos.