quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Dow Jones volta a cair com temor sobre setor financeiro

por Renato Martins da Agência Estado
24.09.2008 18h08

O mercado norte-americano de ações fechou com os principais índices em direções divergentes, o Dow Jones e o S&P-500 em queda modesta e o Nasdaq em leve alta. "O medo está mais forte do que há muito, muito tempo", comentou Craig Johnson, do JMP Group, referindo-se à crise do setor financeiro. O presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, pode ter alimentado o temor dos investidores ao dizer que a demora do Congresso dos EUA em aprovar o pacote de socorro anunciado pelo governo no fim de semana poderá trazer "ameaças graves" ao sistema financeiro.
As ações do Goldman Sachs subiram 6,36%, depois de o grupo Berkshire Hathaway, do investidor Warren Buffett, anunciar que vai comprar US$ 5 bilhões em ações preferenciais do banco, com opção para comprar mais US$ 5 bilhões em ações ordinárias. Outras ações do setor financeiro caíram (Morgan Stanley -11,46%, Wachovia -6,44%, Washington Mutual -29,38%, Citigroup -5,15%). As da seguradora AIG caíram 33,8%, depois de a empresa dizer que deverá pagar juros de 8,5% ao ano pelo empréstimo emergencial de US$ 85 bilhões oferecido pelo governo. As ações ligadas a petróleo e commodities recuperaram parte do terreno perdido recentemente (Alcoa +0,12%, ExxonMobil +0,44%); o mesmo movimento entre as ações de tecnologia levou o Nasdaq a fechar em alta (Microsoft +1,10%, Intel +0,38%).
O índice Dow Jones fechou em queda de 29 pontos (-0,27%), em 10.825,17 pontos. O Nasdaq fechou em alta de 2,35 pontos (0,11%), em 2.155,68 pontos. O S&P-500 caiu 2,35 pontos (-0,20%), para 1.185,87 pontos.

Títulos
Os preços dos títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) subiram, com correspondente queda nos juros. Em meio à incerteza quanto ao pacote de socorro ao setor financeiro, os investidores buscaram "refúgio seguro" nos Treasuries. A demanda maior foi por títulos de prazos mais curtos.
Para Thomas Roth, chefe de operações com Treasuries da Dresdner Kleinwort Securities, "ainda há muitas incertezas sobre a aprovação rápida do pacote de socorro pelo Congresso. O medo está voltando ao sistema e as pessoas não querem nada senão Treasuries". O fato de os preços dos títulos de prazos mais longos terem subido menos foi atribuído às injeções de liquidez feitas ao longo do dia por vários bancos centrais. Ainda assim, as taxas de juro interbancárias subiram, tanto em Londres (Libor) como em Nova York (NYFR).
Depondo pelo segundo dia consecutivo em audiências no Congresso dos EUA, Bernanke exortou o Legislativo a agir rapidamente para combater as "ameaças graves" ao sistema financeiro norte-americano e advertiu que qualquer demora poderá levar a economia a ter um desempenho ainda mais fraco. As informações são da Dow Jones.

Petrobras garante alta de 0,50% da Bovespa

por Claudia Violante da Agência Estado
24.09.2008 17h42
Pouca coisa mudou de ontem para hoje, mas os investidores amanheceram com a disposição de não deixar a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ter mais um dia de baixa. Isso não significa que eles voltaram com vigor às compras - o volume financeiro reduzido mostra que a manutenção das posições é a regra que está predominando neste momento de incertezas. Mas as apostas, principalmente em Petrobras, levaram o índice Bovespa a interromper dois pregões de quedas.
O Ibovespa terminou o dia em alta de 0,50%, aos 49.842,99 pontos, depois de oscilar entre a mínima de 49.598 pontos (+0,01%) e a máxima de 50.747 pontos (+2,33%). No mês, a Bolsa acumula perdas de 10,48% e, no ano, de -21,98%. O giro totalizou R$ 4,026 bilhões. Os dados são preliminares.
Em Wall Street, depois de muito sobe e desce, o índice Dow Jones recuou 0,27%, aos 10.825,17 pontos, o S&P recuou 0,20%, aos 1.185,87 pontos, e o Nasdaq subiu 0,11%, aos 2.155,68 pontos. Na Bolsa de Nova York, em meio ao debate para aprovação do pacote de socorro do governo norte-americano ao sistema financeiro, no Congresso dos EUA, os investidores se animaram pela manhã com a notícia de que o investidor Warren Buffett decidiu injetar US$ 5 bilhões no banco Goldman Sachs, com opção de um outro aporte de igual valor. Além disso, o banco anunciou que, separadamente, levantou mais US$ 5 bilhões em uma oferta pública de ações. As ações do Goldman subiram, mas o efeito não se espalhou pelo sistema financeiro, onde outras informações, negativas, pesaram sobre os negócios.
Uma delas foi a de que a seguradora AIG vai mesmo ter que acessar os US$ 85 bilhões que o governo dos EUA colocou à disposição da empresa, uma vez que não encontrou interessados em investir nela. Também a Washington Mutual, a maior instituição de poupança no país, fechou em baixa, depois que seu rating de contraparte foi rebaixado pela agência de classificação de risco Standard & Poor's, o que pode aproximar a instituição financeira de dificuldade semelhante à da AIG. Na semana passada, foi justamente à revisão em baixa do rating que degringolou as condições da empresa, forçando a seguradora a disponibilizar US$ 14,5 bilhões em garantias. Com o mercado de crédito fechado e seu caixa comprometido, o governo americano foi obrigado a socorrer a seguradora. Também não agradou o indicador de vendas de vendas de imóveis usados nos EUA em agosto, que caiu 2,2%, para 4,91 milhões de unidades.
Em meio às notícias ruins, não ajudou muito o depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), Ben Bernanke, no Congresso, que repetiu a fala de ontem no Senado. Os congressistas continuam reticentes em aprovar o pacote do jeito que está.
Segundo o Wall Street Journal, os líderes democratas do Congresso dos EUA estão considerando aprovar o pacote com restrições. Uma delas pode ser a exigência que os US$ 700 bilhões pedidos pela Casa Branca sejam liberados em partes e não de uma vez. Outra, seria aprovar rapidamente a liberação de um terço dos fundos e, o restante, a conta-gotas, futuramente. Além disso, os parlamentares podem colocar medidas de desempenho que teriam que ser atingidas para que o dinheiro fosse liberado.
Diante de tanto diz que me diz, hoje à noite (às 22 horas, de Brasília) o presidente dos EUA, George W. Bush, fará um pronunciamento em rede de televisão para reforçar a defesa da aprovação do pacote. Amanhã, assim, pode ser um dia melhor - ou não - para as ações.
Petrobras comandou as compras na Bolsa brasileira ao subir com força, a despeito da queda do petróleo na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex). Petrobras ON (ordinárias) subiu 2,76% e PN (preferenciais), 3,73%. Vale também fechou em alta, mas mais tímida: 1,73% as ON e 1,88% as PNA (preferenciais da classe A). No setor bancário doméstico, as ações até reagiram positivamente mais cedo às medidas do Banco Central, mas esse comportamento não se manteve uniforme até o final do pregão. Bradesco PN subiu 0,65%, Itaú PN, -0,67%, Unibanco units, -2,18%, e BB ON, +0,32%.
O BC anunciou pela manhã o adiamento do cronograma de implementação de compulsórios sobre depósitos de leasing, e também triplicou de R$ 100 milhões para R$ 300 milhões o valor a ser deduzido pelas instituições financeiras do cálculo da exigibilidade adicional sobre os depósitos a prazo, à vista e da poupança.

IBOV...após 23/09...tendência de queda ainda persiste...


O Ibovespa abriu nos 51.536 pontos e rapidamente atingiu a máxima em 51.586 pontos. A partir daí, deu sequência movimento de realização iniciado no pregão anterior, até encontrar suporte na mínima em 49.288 pontos ( -4,37%). Com a recuperação de DJI reagiu até a resistência em 50.840 e depois refluiu para finalizar em 49.593 pontos ( -3,77%).

Análise: Como já vinham sinalizando os principais indicadores, o Ibovespa deu continuidade à realização iniciada no pregão anterior, perdendo o suporte dos 50 mil pontos, ao finalizar no patamar dos 49.500 pontos. Os principais indicadores dos gráficos diário e de "30 minutos" sinalizam a continuidade da queda. Enquanto persistir a desconfiança do mercado sobre o êxito do pacote de salvamento das intituições financeiras, é bastante provável que o Ibovespa se movimente lateralmente, porém em tendência de queda. O "candle" formado no gráfico diário é um "marubozu" cheio, indicando a predominância da pressão vendedora que ocorreu durante o pregão. Os índices futuros, antes da abertura do pregão, poderão confirmar essa tendência predominante (ou não).

Suportes imediatos em 49.280, 47.740, 47.150, 47.100 e 46.720 pontos.

Resistências imediatas em 50.840, 51.500 e 52.160 pontos.

DJI...após 23/09...em cima do fibo de 38%, mas tendência de queda continua...


DJI abriu em 11.016 pontos e com os índices futuros ainda em alta, foi até a máxima em 11.173 pontos. A partir daí, deu continuidade ao movimento de realização iniciado anteriormente, vindo buscar suporte na mínima em 10.834 pontos, junto ao fibo de 38% da alta do final de semana (10.850 pontos). Reagiu até ficar em leve alta, em 11.062 pontos, para meia-hora depois, refluir e finalizar em 11.854 pontos ( -1,47%).

Análise: Como sinalizavam os indicadores, DJI continuou realizando, devolvendo parte das fortes altas acumuladas no final de semana anterior. Enquanto o mercado continuar desconfiando do pacote governamental americano, e os Democratas do Senado, contrários a conceder carta-branca para o FED comprar o que quizer e ao preço que convier, os mercados americanos irão se movimentar com muita volatilidade.

Os principais indicadores do gráfico diário e os de "30 minutos" sinalizam continuidade da queda. O "candle" formado no gráfico diário é um "marubozu" cheio, indicando o predomínio da pressão vendedora. Apesar dos dois pregões seguidos em queda, DJI conseguiu, por enquanto, fechamento acima do fibo de 38%, nos 10.850 pontos, da recente alta. Os índices futuros, antes da abertura do pregão, poderão confirmar (ou não) a tendência predominante, para este pregão.

Suportes imediatos em 10.650, 10.550, 10.480 e 10.280 pontos.

Resistências imediatas em 11.062, 11.200, 11.280 e 11.400 pontos.