sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Bolsa de NY fecha em queda após aprovação de pacote

por Renato Martins da Agência Estado
03.10.2008 18h40

O mercado norte-americano de ações fechou em queda, com o índice Dow Jones chegando ao fim do dia no nível mais baixo desde 27 de outubro de 2005 e registrando sua pior semana desde julho de 2002. O S&P-500 fechou abaixo dos 1.100 pontos pela primeira vez desde outubro de 2004; sua queda na semana foi a maior desde o período de 17 a 21 de setembro de 2001, quando o mercado reabriu depois dos ataques terroristas da Al Qaeda. O Nasdaq também teve sua pior semana desde o período imediatamente posterior aos ataques de 11 de setembro de 2001.
As Bolsas abriram em alta, devido ao otimismo dos investidores quanto à aprovação do pacote de socorro ao sistema financeiro pela Câmara; o Dow Jones chegou a subir mais de 300 pontos. Aprovado o pacote, porém, as ações passaram a cair, refletindo os temores de que o plano seja insuficiente para evitar que os EUA entrem em recessão - e os dados do nível de emprego em setembro, divulgados pela manhã, reforçaram essa preocupação. "O pacote é um remendo. O problema é a solvência dos bancos e ele não trata diretamente disso. Claramente, estamos tendo uma crise global de confiança no sistema financeiro", disse Simon Johnson, professor da Escola de Administração Sloan, do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
As ações do banco Wachovia subiram 88,47%, em reação ao anúncio do acordo para que a instituição seja comprada inteira pelo Wells Fargo por US$ 15,1 bilhões; as ações do Wells Fargo recuaram 1,71%. As do Citigroup, que no começo da semana havia anunciado um acordo para a compra de algumas unidades do Wachovia, caíram 18,44%; Outros destaques negativos no setor financeiro foram JPMorgan Chase (-7,92%) e Bank of America (-5,20%).
O índice Dow Jones fechou a sexta-feira em queda de 157,47 pontos (-1,50%), em 10.325,38 pontos. O Nasdaq fechou em queda de 29,33 pontos (-1,48%), em 1.947,39 pontos. O S&P-500 caiu 15,05 pontos (-1,35%), para fechar em 1.099,23 pontos. Na semana, o Dow Jones acumulou uma queda de 7,34%, o Nasdaq, uma perda de 10,81% e o S&P-500, recuo de 9,38%. As informações são da Dow Jones.

Bovespa perde 12% em semana de muitos altos e baixos

por Paula Laier da Agência Estado
03.10.2008 17h53
O comportamento dos investidores na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) refletiu hoje claramente uma máxima no mercado financeiro: "compra no boato e vende no fato". No fechamento do pregão, o principal índice de referência da negociação de ações, o Ibovespa registrou queda de 3,53% para 44.517,32 pontos - a menor pontuação desde 28 de março de 2007 (44.484 pontos). O volume financeiro totalizou R$ 5,035 bilhões (dado preliminar).
Na semana, o Ibovespa acumulou uma perda de 12,34%. Essa semana, aliás, foi de muitos altos e baixos. Na segunda-feira (dia 29), o Ibovespa havia despencado 9,36%; na terça-feira, em recuperação técnica, subiu 7,63%; na quarta, ganhou mais 0,52% e ontem voltou a cair 7,34%.
A sexta-feira, porém, começou diferente. Na espera da votação do pacote de ajuda aos bancos nos Estados Unidos, pela Câmara dos Representantes, os investidores compraram ações, alinhados ao viés positivo das Bolsas em Nova York. Isso levou o Ibovespa à máxima de 48.075 pontos na primeira etapa do dia, o que representou uma elevação de 4,18%. Mas, como disse uma fonte, não existe milagre. "Ainda tem muita coisa para rolar nesta crise. E o mercado não tem dinheiro novo para se defender", afirmou.
Tal percepção comprovou-se logo após a votação que aprovou o plano nos EUA. A Bolsa brasileira já havia reduzido a alta, e oscilava ao redor dos 47.600 pontos, com alta superior a 3%, quando saíram as primeiras informações sobre o aval da Câmara ao plano aprovado no Senado, por volta das 14h20. Em "queda livre", o índice paulista abandonou o território positivo e chegou à mínima até aquele momento, de 45.381 pontos (-1,66%). A partir dali, a volatilidade predominou nas operações locais, com o Ibovespa voltando a trabalhar no azul momentaneamente.
Ao longo da tarde, contudo, o índice acionário paulista acentuou as perdas, chegando à mínima de 44.840 pontos, uma queda de 4,31%.
Na visão do economista-chefe da CM Capital Markets, Tony Volpon, a reação "compra no rumor e vende no fato" do mercado hoje é mais do que uma tática de negociação no mercado de ações. Para ele, ela sinaliza o entendimento do mercado de que, mesmo que um passo importante na solução da crise do setor bancário norte-americano tenha sido dado hoje, uma crise econômica, na forma de recessão, já existe nos EUA. E certamente os dados de emprego daquele país corroboram essa percepção.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou hoje que foram cortadas 159 mil vagas de trabalho em setembro, maior corte desde março de 2003.
De volta ao mercado doméstico, notícias corporativas também pesaram sobre as operações. A informação de uma perda potencial da Aracruz com aplicações em mercados derivativos, cujo valor justo estava negativo em R$ 1,95 bilhão em 30 de setembro, segundo fato relevante divulgado hoje pela companhia, levou as ações preferenciais classe B (PNB) da empresa a liderarem as maiores baixas do Ibovespa hoje. No fechamento, os papéis registraram uma perda de 24,81%.
As ações preferenciais (PN) da Votorantim Celulose e Papel (VCP) também sofreram hoje e fecharam com a quarta maior queda do dia, de 10,72%. Vale lembrar que a VCP detém 28% das ações ordinárias da Aracruz. Ainda merece destaque que as duas companhias adiaram a divulgação de seus resultados trimestrais: Aracruz do dia 7 para 17 de outubro; e VCP do dia 15 para 17 de outubro.
As ações ordinárias (ON) da BM&FBovespa registraram a segunda maior queda, de 13,69%; e JBS ON, na terceira posição, recuou 11,61%.
As ações do setor bancário, por sua vez, foram afetadas ainda pela medida anunciada ontem à noite pelo Banco Central de que os bancos que adquirirem carteiras de crédito de outras instituições terão redução do depósito compulsório dos depósitos a prazo. Os grandes bancos entenderam o recado do BC e devem comprar carteiras, conforme sinalizou o executivo de um grande banco brasileiro à Agência Estado.
As dúvidas sobre o impacto na rentabilidade dos grandes bancos de eventuais aquisições nesse sentido pressionaram as ações do setor, uma vez que a qualidade de algumas carteiras a serem adquiridas pode ser inferior à dos compradores. As units do Unibanco caíram 10,08%, Itaú PN -7,10%, Banco do Brasil ON -6,40% e Bradesco PN, -5,03%. Fora do índice, Cruzeiro do Sul PN -6,01%, Daycoval PN -4,35% e Pine PN -5,52%.No caso das blue chips, Petrobras PN caiu 3,28% e ON recuou 1,80%. Vale PNA cedeu 1,50% e Vale ON subiu 0,58%.
Entre as maiores altas do Ibovespa, Brasil Telecom PN subiu 5,14%, Lojas Renner ON avançaram 4,67% e Cesp PNB valorizou-se 4,29%.

IBOV...após 02/10...forte volatilidade e expectativa de reversão...


O Ibovespa abriu na máxima em 49.805 pontos e impulsionado pelos índices futuros em forte queda, perdeu os suportes nos 49 mil e 48 mil pontos, indo até aos 47 mil pontos, onde tentou se acomodar por algum tempo. Com a piora de DJI, refluiu fortemente até encontrar suporte na mínima em 45.113 pontos (-9,4%). Reagiu com a leve melhora de DJI, retomando o patamar dos 46 mil pontos, para finalizar em 46.145 pontos ( - 7,2 %).

Análise: A forte volatilidade tem sido constante no IBovespa, que na mínima do dia, quase teve o "circuit breaker" de queda de 10% acionado. A forte queda já está sendo reflexo do consenso de que essa recessão pode também atingir com força, os mercados emergentes e que o pacote anunciado, alivia mas não resolve, os principais problemas da economia americana. Os principais indicadores do gráfico diário ainda sinalizam a continuidade da queda, embora muito sobrevendidos. Porém, os principais indicadores do gráfico de "30 minutos" passaram a sinalizar, reversão de tendência . Como o cenário externo ainda está fortemente influenciando o comportamento do Ibovespa, os índices futuros, antes da abertura do pregão, poderão indicar melhor a tendência do pregão. Assim, muita volatilidade ainda pode ser esperada.

Suportes imediatos em 45.500, 45.100, 44.500 e 43.200 pontos.

Resistências imediatas em 47.300, 48.800, 49.500 e 50 mil pontos.

DJI...após 02/10...possível reversão por indicadores sobrevendidos


DJI abriu na máxima em 10.825 pontos e com os índices futuros em queda, rapidamente refluiu até os 10.520 pontos, para em seguida retornar ao patamar dos 10.600 pontos, conseguindo se manter por algum tempo. Na segunda metade do pregão, perdeu definitivamente esse patamar indo buscar suporte na mínima em 10.440 pontos, finalizando logo após em 10.483 pontos (- 3,22%).

Análise: DJI devolveu praticamente o que havia conquistado na alta acumulada pelos dois últimos pregões. A aprovação de um novo plano modificado pelos senadores ampliando a cobertura da garantia de até 250 mil dólares aos correntistas em caso de falência bancária poderia ser até um novo indicativo para a continuidade da recuperação dos mercados. Mas a divulgação de índices confirmando a condinuidade da redução da atividade econômica, sinalizando que a recessão já se mostrava na economia real, azedou os humores forçando a queda generalizada, com ênfase para as as ações de montadoras e de fabricantes de aeronaves.

Os principais indicadores do gráfico diário ainda sinalizam a tendência de queda, porém alguns indicadores de "30 minutos" já se encontram bastante sobrevendidos sinalizando possibilidade de reversão. Porém, face à forte volatilidade dos últimos pregões, somente os índices futuros, antes da abertura, poderão confirmar qual a provável tendência deste pregão.

Suportes imediatos em 10.440, 10.365 e 10.250 pontos.

Resistências imediatas em 10.550, 10.630 e 11.820 pontos.