segunda-feira, 31 de maio de 2010

Bovespa encerra o mês com maior queda desde outubro de 2008


O giro financeiro negociado somou R$ 3,89 bilhões, o resultado mais baixo desde os R$ 2,92 bilhões de 29 de dezembro de 2009


por Agência ESTADO
31/05/2010 18:46

São Paulo - O último dia do mês foi de pouca movimentação na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Sem a sua referência americana - as bolsas não trabalharam em razão do feriado do Memorial Day -, e também com Londres fora do ar em razão de um feriado, o movimento na praça doméstica foi fraco e se configurou no menor do ano.

Os poucos investidores que se arriscaram puxaram compras, principalmente em Petrobras e Vale, o que sustentou o índice Bovespa (Ibovespa) o dia todo em alta e aliviou um pouco as perdas do mês. O Ibovespa terminou a sessão na máxima pontuação do dia, de 63.046 pontos, com variação positiva de 1,77%.

Na mínima, o Ibovespa registrou 61.95 pontos (estável). Com o desempenho desta segunda-feira (31), as perdas acumuladas em maio foram de 6,64%, fazendo com que o mês tivesse a maior queda desde outubro de 2008 (-24,8%). No ano, a Bolsa acumula baixa de 8,08%. O giro financeiro negociado somou R$ 3,89 bilhões, o resultado mais baixo desde os R$ 2,92 bilhões de 29 de dezembro do ano passado. Os dados são preliminares.

A alta de segunda foi puxada por um movimento localizado de compras em Petrobras, principalmente, e Vale. Segundo operadores, os investidores estariam aproveitando que os papéis estão atrasados em razão das dúvidas em relação ao processo de capitalização para melhorar o desempenho de suas carteiras neste final de mês. A ação ordinária (ON) disparou 5,15% e a preferencial (PN), 4,96%. Vale também teve alta firme, de 2,15% na ON e 2,22% na PNA.

Roubini: queda no preço das commodities é risco para emergentes


Em palestra no EXAME Fórum, em São Paulo, economista conhecido como Dr. Apocalipse disse que o Brasil precisa tomar cuidado com o câmbio valorizado, que tira competitividade das exportações

por Luís Artur Nogueira, de EXAME.com

31/05/2010 10:40


Economista Nouriel Roubini
Para Roubini, câmbio valorizado tira competitividade das exportações brasileiras

São Paulo - O economista Nouriel Roubini, presidente da RGE Monitor, disse nesta segunda-feira (31) que o aprofundamento da crise europeia pode derrubar "abruptamente" os preços das commodities no curto prazo, prejudicando a economia de países emergentes. "No longo prazo, no entanto, o cenário é positivo a partir da recuperação mundial", disse Roubini, que ficou famoso por ter previsto a recente crise internacional.

Segundo Roubini, que participou do EXAME Fórum, em São Paulo, que debate o tema "Brasil - A Construção da 5ª Maior Economia do Mundo", o Brasil precisa tomar cuidado com o câmbio valorizado, que tira a competitividade das exportações. "Se os controles de capital forem usados de maneira inteligente, será possível evitar um mal maior."

O economista acredita que o Banco Central brasileiro está comprometido em manter a inflação sob controle. Ele elogiou a solidez do sistema financeiro no Brasil e ressaltou que é preciso monitorar a oferta de crédito nos segmentos em que há excesso de demanda. "Há uma evidência de superaquecimento em alguns países como o Brasil", disse.

Segundo Roubini, um dos desafios do governo brasileiro é aprovar as reformas estruturais que vão garantir um crescimento sustentável nos próximos anos. "Se isso acontecer (aprovação das reformas), o Brasil pode crescer tranquilamente de 6% a 7% ao ano", afirmou. Além disso, é preciso investir em capital humano, que é carente no Brasil. "Os melhores investimentos para os pobres são educação e saúde."

Sobre os Estados Unidos, Roubini explicou que os analistas apostam numa recuperação em "V", embora exista o risco de acontecer um "W". Nos mercados emergentes, a grande questão, segundo ele, é se o desempenho de países como Brasil, China e Índia pode ser afetado pelos problemas observados nos países desenvolvidos. "As respostas para esse tema ainda estão em aberto", disse.

O economista ressaltou que os países precisam equilibrar as políticas monetárias e fiscais. "Há uma necessidade de controle fiscal, com aumento de impostos e corte de despesas", afirmou o Dr. Apocalipse, apelido que ganhou por fazer previsões pessimistas. A boa lição que poder tirada dos países emergentes é a regulamentação eficiente dos sistemas financeiros. "Além disso, o problema do excesso de dívidas, que atinge as economias avançadas, não vale para as emergentes." Roubini voltou a dizer que os problemas na Grécia são apenas a ponta do iceberg.

Nos Estados Unidos, onde o consumo puxa a economia, o quadro pode ser "anêmico". "Os consumidores estavam acostumados a gastar mais do que ganham e agora eles vão precisar poupar", disse Roubini, prevendo um crescimento lento na locomotiva mundial. Ele lembra que aumentar impostos e reduzir gastos do governo dificultam a recuperação da atividade produtiva, mas são remédios necessários. "Os países que estão na periferia da zona do euro vão sofrer mais."