quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Bovespa fecha em queda de 1,3% e "devolve" recorde da véspera; dólar estável

por Agência ESTADO
18/11 - 18:24

SÃO PAULO - Após subir por três pregões consecutivos e fechar ontem no maior patamar em 17 meses, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerrou as negociações desta quarta-feira em terreno negativo. O índice Ibovespa – a principal referência da Bolsa paulista – caiu 1,32%, aos 65.515 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,406 bilhões. Ontem, a Bovespa havia subido 1,17%, aos 67.405 pontos.

O pessimismo do mercado acompanhou o mau-humor das bolsas internacionais, que também recuaram após a divulgação de dados do setor imobiliário nos Estados Unidos. O Dow Jones cedeu 0,11% e o Nasdaq, 0,48%.

O principal índice de ações da Europa encerrou em queda pela segunda sessão seguida, à medida que ganhos em papéis de mineradoras não conseguiram contrabalançar fracos dados macroeconômicos dos Estados Unidos que mostraram um inesperado recuo no início de construção em outubro.

Em Londres, o índice Financial Times fechou com oscilação negativa de 0,07%, a 5.342 pontos. Em Frankfurt, o índice DAX subiu 0,16%, para 5.787 pontos. Em Paris, o índice CAC-40 teve leve queda de 0,02%, a 3.828 pontos.

Agenda


A agenda de indicadores norte-americanos deu o tom ruim ao mercado hoje. Ao invés do crescimento de 1,7% no número de obras residenciais iniciadas em outubro esperado pelos analistas, o indicador entregou uma queda de nada menos que 10,6%. O número de permissões para obras não foi muito melhor e caiu 4%, contrariando a previsão de alta de 0,9%.

Além disso, Barack Obama, pela primeira vez, admitiu em entrevista à Fox News a possibilidade de uma recessão dupla, na forma de "W", caso a dívida do país continue crescendo - outra possibilidade dada a necessidade de estímulo à economia.

Também não deu declarações muito otimistas sobre a economia o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do banco central americano (Fed) no ano que vem, que apontou a possibilidade de as taxas de juros continuarem inalteradas até 2012.

Outro dado divulgado lá hoje foi o de inflação ao consumidor. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) subiu 0,3% em outubro em comparação a setembro, levemente acima da alta mensal de 0,2% registrada em setembro. O núcleo do CPI (que exclui as variações de preços de alimentos e energia) avançou 0,2% em outubro ante setembro. O aumento do índice cheio e do núcleo superou a previsão dos economistas, de alta de 0,2% e 0,1%, respectivamente.


Dólar

No mercado cambial, o dólar encerrou as negociações desta quarta-feira estável. A moeda norte-americana fechou o dia negociada a R$ 1,717 para venda.

Durante todo o pregão, o dólar operou em queda, chegando a se aproximar de R$ 1,70. Entretanto, já no final das negociações, a moeda ganhou força frente ao real e encerrou estável.

O mercado brasileiro tem se dividido entre duas perspectivas opostas. De um lado, existe a cautela de investidores diante de novas medidas que o governo poderia adotar para frear a queda do dólar, a exemplo do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

De outro, ainda há expectativa de ingresso vigoroso de recursos no mercado financeiro. Entre as operações já anunciadas estão o lançamento de US$ 1,25 bilhão em bônus pela siderúrgica Gerdau e a captação planejada de US$ 2,5 bilhões pelo grupo JBS, do setor de carnes.

"Com certeza, nas datas que antecedem essas entradas, nós vamos ver algum movimento. Mas no momento está muito parado", disse o operador de câmbio de uma grande corretora nacional, que preferiu não ser identificado, sobre a baixa volatilidade do mercado nesta sessão.

Hoje, o Banco Central divulgou que o fluxo de dólares para o Brasil mudou a tendência na segunda semana de novembro. Após a saída de US$ 1,388 bilhão registrada na primeira semana do mês, o saldo voltou ao azul com o resultado do período entre os dias 9 e 13. O fluxo cambial da segunda semana do mês ficou positivo em US$ 2,108 bilhões. Com isso, o saldo mensal preliminar passou a acumular ingresso de US$ 720 milhões.

Reservas


As compras diárias de dólar realizadas pelo Banco Central aumentaram as reservas internacionais em US$ 1,347 bilhão em novembro até o dia 13. De acordo com o levantamento do BC, o dia 13 foi o que registrou o maior ingresso de dólares adquiridos: US$ 571 milhões. No dia 11, não houve impacto da intervenção.

As compras realizadas pelo BC geram impacto nas reservas em dois dias, no chamado "D+2". Dessa forma, o impacto do dia 13, por exemplo, é resultado do leilão que aconteceu dois dias antes, em 11 de novembro. Desde a retomada dos leilões diários de compra de dólar em maio, a autoridade monetária já retirou US$ 22,348 bilhões do mercado de dólar à vista.