quarta-feira, 16 de abril de 2008

BC eleva juro pela primeira vez desde 2005, para 11,75%

16.04.2008 19h43

por Agência Estado

Pela primeira vez desde maio de 2005, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu hoje elevar os juros básicos da economia brasileira (taxa Selic). O aumento foi de 0,5 ponto porcentual, para 11,75% ao ano. A maioria das instituições financeiras, contudo, esperava uma atitude menos agressiva do BC, com elevação de 0,25 ponto no juro, para 11,50% ao ano.
No último aumento antes deste, em maio de 2005, o Copom elevou a Selic em 0,25 ponto, para 19,75% ao ano. A partir de setembro de 2005, a taxa caiu em todas as reuniões, até estacionar em 11,25% em setembro do ano passado. Foram então quatro reuniões seguidas de estabilidade na taxa, até o aumento anunciado hoje.
A decisão do BC reflete a piora recente da inflação no País. No último dia 9, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 4,73% no período de 12 meses até março, acima do centro da meta de inflação.
O IPCA é o índice oficial utilizado pelo Banco Central para cumprir o regime de metas de inflação, determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). O centro da meta de inflação para 2008 foi estabelecido em 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos porcentuais para cima ou para baixo.
O próximo encontro do comitê está agendado para os dias 3 e 4 de junho de 2008.

Ibovespa fecha em alta de 2,45% e retoma nível do dia 8

16.04.2008 17h35
por Claudia Violante da Agência Estado

A Bovespa teve um pregão de recuperação hoje, de volta ao nível de 64 mil pontos - registrado pela última vez no dia 8 deste mês (quando fechou aos 64.539,5 pontos) - e com a maior elevação porcentual desde o dia 1º de abril (quando subiu 2,96%). Balanços favoráveis nos Estados Unidos, indicadores razoáveis e um documento insosso do BC americano garantiram a primazia das ordens de compras na sessão de hoje. O vencimento dos contratos de opções sobre Ibovespa e do índice futuro também não atrapalhou: a volatilidade foi mínima na sessão.
O Ibovespa, principal índice, fechou em alta de 2,45%, aos 64.151,9 pontos. Oscilou entre a mínima de 62.625 pontos (0,01%) e a máxima de 64.314 pontos (+2,71%). Com o desempenho de hoje, a Bovespa acumula ganhos de 5,22% em abril e volta a subir em 2008, +0,42%. O volume financeiro totalizou R$ 11,127 bilhões, inflado pelo vencimento de opções sobre o Ibovespa, que contabilizou R$ 2 bilhões (dado preliminar).
As bolsas americanas, guias da Bovespa, fecharam todas no terreno positivo: o índice Dow Jones subiu 2,08%, o Nasdaq ganhou 2,80% e o S&P registrou alta de 2,27%.
Os balanços divulgados durante o pregão de hoje, além daqueles de ontem à noite, agradaram os investidores. Nem todos mostraram lucros, mas pelo menos apontaram prejuízos menores do que as previsões amargas dos analistas. Entre os destaques, JPMorgan, Wells Fargo e Coca-Cola.
Dentre os indicadores, a produção industrial surpreendeu ao mostrar expansão de 0,3% em março ante previsão de queda de 0,1%. A inflação no varejo, que poderia preocupar depois que a inflação no atacado (divulgada ontem) disparou, veio em linha com as estimativas. Já o número de obras iniciadas em março foi ruim: caiu 11,9%, ante previsão de queda de 6,1%). Foi, contudo, uma gota que se diluiu no oceano de boas notícias.
O que teria mais força para inverter a mão dos negócios era o Livro Bege, sumário das condições econômicas americanas divulgadas hoje pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA). Mas ele não fez preço porque não trouxe novidades. Resumidamente, o documento revelou que a economia se enfraqueceu no mês passado com os consumidores restringindo os gastos e as empresas enfrentando custos mais altos.

Ações

O recorde do petróleo e alta dos metais não prejudicaram as bolsas americanas e ajudaram a Bovespa, onde os papéis de siderúrgicas se destacaram. Usiminas PNA disparou 6,40%, CSN ON ganhou 5,86% e Gerdau PN subiu 4,62%.
A Bolsa paulista foi favorecida ainda por um recomendação de compra de ações feita pelo banco suíço UBS. O banco disse em relatório que prefere as nossas ações em detrimento às mexicanas e justifica que o desempenho abaixo da média dos papéis brasileiros é uma oportunidade para compra. Como conseqüência, o UBS mudou a classificação das ações brasileiras de "neutra" para "top pick" (melhores escolhas).
As ações da Petrobras hoje caíram, mesmo com o vencimento de índice futuro. Na terça-feira, acontece o vencimento de opções sobre ações e a volatilidade sobre esses papéis deve ser bem mais intensa. Petrobras ON cedeu 1,42% e Petrobras PN recuou 0,64%, com alguma realização de lucro após os ganhos dos dois últimos dias, que refletiram as declarações do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima, sobre o potencial de reservas de petróleo da área de Pão de Açúcar, na Bacia de Santos. Vale ON avançou 3,03% e Vale PNA ganhou 2,56%.

Merrill vê crescimento nos Bric e em Dubai

por Cristiane Perini Lucchesi de Valor Online
16/04/2008

Candace Browning, chefe mundial de análise da Merrill Lynch: "Ironicamente, a volatilidade maior nos mercados faz crescer a necessidade de pesquisa"
As oportunidades de crescimento para o departamento de análise e pesquisa da Merrill Lynch neste ano e no próximo estão principalmente nos Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) e no Oriente Médio, disse ao Valor Candace Browning, chefe da área a nível global. "Essas regiões tiveram e deverão continuar a ter a maior expansão nos seus mercados", afirmou, em visita a São Paulo após dois anos.
A executiva, que responde diretamente para o novo CEO (presidente executivo) da Merrill Lynch, John Thain, visita regularmente os países nos quais a Merrill Lynch tem mais de dez analistas. No Brasil, o banco tem 16 analistas que publicam relatórios, além de três estagiários e três assistentes.
Candace Browning não nega que, por causa das perdas com a crise nas hipotecas americanas, a Merrill Lynch terá de fazer cortes de pessoal, o que vai incluir a área de análise. "Ironicamente, a volatilidade maior nos mercados faz crescer a necessidade de pesquisa, aumentando seu valor", comenta. "Nosso economista-chefe para os Estados Unidos, David Rosenberg, nunca esteve tão ocupado", conta. Ele foi um dos primeiros a falar, ainda no final do ano passado, em "pouso brusco" para a economia americana.
Segundo Candace Browning, em situações como as atuais, os investidores querem mais do que nunca entender o que está acontecendo e a área de análise se torna mais procurada. Por outro lado, lembra, o apetite dos investidores por produtos "exóticos", como os pacotes de derivativos de crédito das hipotecas, se reduziu.
Diante da necessidade de corte dos gastos, ela vê espaço para "reengenharia e reestruturação" em todas as regiões nas quais o banco atua. "Mas, nós da Merrill Lynch estamos determinados a não cometer os mesmos erros das crises de 1998 e 2001, nas quais cortamos muito pessoal e não conseguimos aproveitar a retomada do mercado depois."
Até agora na área de pesquisa e análise foram feitos "modestos ajustes", principalmente em Londres. Hoje, a Merrill Lynch tem 800 analistas que cobrem 3.600 empresas em 24 países. A executiva destaca que, até este momento, o mercado não sabe todos os impactos da crise.
Segundo ela, 60% dos negócios da Merrill Lynch são fora dos Estados Unidos, que estão com crescimento econômico lento e representam 22% do Produto Interno Bruto mundial. "As oportunidades de expansão são bem maiores no exterior do país, com destaque para os Bric", diz. Em Dubai, no Oriente Médio, o banco tem presença "ainda fraca" na área de análise, mas pretende crescer. Outros destaques, mas de menor peso, são o que Candace Browning chamou de mercados de fronteira, como Vietnã, Turquia e Paquistão. "São países com crescimento forte, mas cujos mercados têm baixa correlação com os países desenvolvidos e emergentes maiores", diz.
Com a crise, as emissões públicas iniciais de ações (da sigla em inglês IPOs) perderam força em todo o mundo, concorda. Assim que o mercado de renda variável se recuperar, segundo ela, as transações deverão se concentrar mais em emissões adicionais de ações de empresas já listadas. Isso poderá acontecer já no segundo semestre do ano, aposta. "As empresas vão ganhar ao ampliar a liquidez de suas ações", diz. Além disso, os investidores preferem em momentos de crise comprar títulos de renda variável mais líquidos e de empresas que já tenham uma história anterior de mercado, acredita. Nessa recuperação, segundo ela, os Bric terão performance relativamente melhor em relação aos demais mercados no mundo.
O mercado de renda fixa também reduziu volumes de emissão e teve aumento dos prêmios de risco, concorda Candace Browning. Ela lembra, no entanto, das grandes diferenças setoriais. "O maior desafio, sem dúvida, são os produtos estruturados", diz. Os mercados de commodities, moedas e crédito de baixo risco continuam ativos, informa a executiva.
Ela diz estar otimista com o Brasil, por causa da indústria produtora de commodities, que vai ser uma das locomotivas do crescimento do país, da melhoria nas contas públicas do governo e da redução na vulnerabilidade externa. Segundo ela, o Brasil se transformou em um centro regional para a América Latina. "O Brasil é, sem dúvida, o mais importante país da região para a área de pesquisa da Merrill Lynch", comenta. Ela lembra que dos doze analistas de renda variável da Merrill Lynch na América Latina, a metade está no Brasil. Lembra ainda que das 152 empresas cobertas pelo banco na região, a metade é brasileira.
O banco acaba de promover João Carlos Santos para lugar do analista Alexandre Falcão, que foi para o Morgan Stanley. Darrin Kerr acaba de ser transferido de Nova York para o Brasil também para cobrir as empresas de pequena e média capitalização. Outros dois analistas deverão ser transferidos para o país em breve, informa Candace Browning, sem citar nomes.

Petrobras já incomoda grupos japoneses

por Shinchiro Nakaba de Valor Online
16/04/2008


A entrada da Petrobras no mercado de combustíveis do Japão, através da compra da refinaria Nansei Sekiyu, neste mês, coincide com o início de um processo de reestruturação temido pelas petrolíferas japonesas. O segmento passa por fusão de empresas, fechamento de refinaria e introdução do biocombustível, que reduz a venda de gasolina. As mudanças indicam o desconforto das empresas de petróleo do país asiático com a presença da multinacional brasileira.
Durante viagem a Tóquio, na semana passada, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, afirmou que pretende usar a refinaria Nansei Sekiyu só para atender a demanda nas pequenas ilhas localizadas no sul do Japão e também Taiwan, Cingapura, China e Vietnã. O objetivo seria aumentar o refino de petróleo leve da unidade japonesa, hoje entre 30 e 40 mil barris por dia, para a capacidade máxima de 100 mil barris. Mas ninguém acreditou. O mercado dá como certo projeto de modernização da unidade da Nansei Sekiyu, estimado em US$ 1 bilhão, para processar petróleo pesado exportado do Brasil.
Gabrielli não negou que pode negociar parcerias para expandir a atuação no mercado japonês. A empresa também tem interesse no fornecimento de combustível industrial. O início das atividades de refino no Japão faz parte do projeto da Petrobras de se tornar uma das cinco maiores do segmento no mundo.
As petrolíferas japonesas dão sinais de que não vão aceitar facilmente a entrada da empresa brasileira no mercado asiático. Ao mesmo tempo em que a Petrobras confirmava a aquisição de 87,5% das ações da refinaria, por cerca de US$ 55 milhões, a maior empresa de petróleo do Japão, Nippon Sekiyu, anunciava projeto de fusão com a sétima do segmento, a Kyushu Sekiyu.
O novo conglomerado japonês, além de assegurar 30% das vendas de gasolina no Japão, que correspondem a US$ 73,5 bilhões, passa a controlar, a partir de outubro, a distribuição de combustíveis em região vizinha a Petrobras, formando uma espécie de barreira que dificulta a penetração dos produtos da empresa brasileira nos mercados mais rentáveis localizados ao norte do arquipélago. Assim, geograficamente, a refinaria da Petrobras fica isolada na região menos desenvolvida do Japão e mais próxima a Taiwan e China.
A Nippon Sekiyu também anunciou, no dia 9, o fechamento de uma refinaria, no leste do país, com capacidade para produzir 60 mil barris por dia, volume que representa 1,4% do consumo japonês. A empresa explicou que a decisão se deve à retração das vendas de gasolina nos últimos anos.
Lideradas pela Nippon Sekiyu, as refinarias japonesas aumentaram, no mês passado, a projeção de produção de biocombustível para 500 milhões de litros por ano, até 2013. A meta representa mais do que o dobro da previsão inicial de 210 milhões de litros, até 2010.
A revisão acontece num momento em que a Petrobras estuda a possibilidade de estocar álcool brasileiro no recém-adquirido terminal da Nansei Sekiyu, com capacidade de armazenamento de 9,6 milhões de barris, para distribuir ao mercado asiático. A empresa confirmou recentemente trabalho conjunto com a trading japonesa Mitsui para a construção, no Brasil, de dutos de escoamento de etanol, com o objetivo de atender a futura demanda do produto no mercado internacional.
A comercialização do biocombustível é o que as petrolíferas japonesa mais tentam evitar. As refinarias não ganham nada com o etanol importado. Assim, a mistura de álcool no combustível acarreta somente a queda de vendas de gasolina, o que afeta o lucro das distribuidoras. A Petrobras, que lucra com o comércio do álcool brasileiro e da gasolina, pode ficar numa posição privilegiada se começar a produzir e distribuir biocombustível no Japão.
O presidente da poderosa Associação de Petróleo do Japão, Fumiaki Watari, que também preside a Nippon Sekiyu, faz de tudo para ganhar tempo e conseguir encontrar soluções para a delicada situação das refinarias e distribuidoras de combustível japonesas. O executivo é contra o uso do etanol. Alega, até mesmo em público, que o álcool afeta algumas peças do motor dos veículos, representando risco para os usuários.
Mas o biocombustível é uma necessidade para o Japão que precisa diminuir a emissão de dióxido de carbono para atender as exigências do Protocolo de Kyoto. Pelo acordo, o país deve reduzir o volume de gás carbônico em 6% cento do total emitido em 1999. O prazo limite é 2012. Para atingir essa meta, o governo de Tóquio precisa do etanol brasileiro.

DI prevê reação do Copom a pressões

DI prevê reação do Copom a pressões
16/4/2008
por Luiz Sérgio Guimarães de Valor Econômico

Na véspera do início de um novo ciclo de aperto monetário pelo BC, a aposta de que a Selic subirá hoje 0,50 ponto ganhou ontem preferência no mercado futuro de juros da BM&F sobre a precificação predominante até segunda-feira, de uma alta menor, de 0,25 ponto. A dominância da ala mais conservadora fez o mercado monetário operar divorciado da tendência otimista que prevaleceu nas bolsas de valores e no câmbio. A maioria dos contratos futuros de juros subiu enquanto a Bovespa valorizava-se e o dólar se enfraquecia perante o real. O CDI previsto para a virada do ano avançou de 12,44% para 12,48%. A taxa do swap de 360 dias, piso para as operações de crédito, subiu de 12,80% para 12,86%. Os juros futuros passaram a embutir nas projeções uma alta hoje da Selic, ao cabo da reunião de dois dias do Copom, de 11,25% para 11,75%, sem que houvesse alteração relevante de indicadores que justificasse o pessimismo inflacionário. A mudança na visão da dose do aperto inicial não pode ser atribuída à pesquisa de vendas do comércio em fevereiro feita pelo IBGE. Embora comparativamente ao mesmo mês de 2007 as vendas tenham crescido 12,2%, em cotejo com janeiro deste ano houve uma queda de 1,5%.

PETR4...após 15/04...ainda em tendência de alta...começa a sinalizar "sobre-compra"...



PETR4 abriu em pequena queda nos 82,60 e retomou a casa dos 83,00. Porém com o recuo de Dow Jones, logo após o início em alta dos mercados externos, Petr4 veio buscar a mínima intraday no suporte formado em 81,74. Com a melhora dos mercados futuros e do próprio Ibovespa, rompeu a resistência na LTB nos 84,50 e foi atingir a máxima intraday nos 84,69. Refluiu novamente abaixo da casa dos 84,00 e finalizou praticamente em cima da resistência em 83,90. Continua ainda a forte pressão compradora que está determinando manter Petr4 na casa dos 84,00. Em caso de reversão de tendência, deverá buscar os suportes imediatos em 82,70, 81,70, 81,00 e 80,10. Acima dos 84,00, resistências em 84,70, 85,50 e 86,40. O principais indicadores continuam a sinalizar a tendência de alta. O estocástico lento, começa a sinalizar região "sobre-comprada" com possibilidades de alguma realização do ativo.