segunda-feira, 9 de março de 2009

Economia americana caiu no precipício, diz Warren Buffett

Para o megainvestidor, Estados Unidos ainda podem se recuperar, mas há o risco de inflação

por Agência ESTADO
09.03.2009 19h03


Em entrevista à emissora americana CNBC nesta segunda-feira (9/3), o megainvestidor Warren Buffett comentou como vê a crise nos Estados Unidos. Para o bilionário, a economia do país "caiu num precipício", mas ainda pode se recuperar.

Dar a volta por cima, no entanto, também envolve riscos. Segundo Buffett, a recuperação poderia desencadear um surto inflacionário pior que o vivenciado pelo país no final da década de 1970. Embora elogie os esforços do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, para levantar a economia, Buffett ressalta que não é possível mudar tudo em segundos. Os esforços para uma retomada da demanda poderão gerar alta nos preços. "Nós certamente estamos fazendo coisas que poderão levar à alta da inflação", disse.

Em sua opinião, os Estados Unidos estão próximos do pior dos cenários. Devido à queda de atividade econômica e ao aumento do desemprego, o consumo e a confiança dos consumidores despencaram.

O megainvestidor solicitou a democratas e republicanos que deixem de lado suas diferenças e se unam sob a liderança do presidente Barack Obama para promover o que ele chamou de "guerra econômica", capaz de trazer de volta a saúde da economia do país e restaurar a confiança no sistema bancário. "As pessoas estão confusas e com medo. Elas não podem se preocupar com os bancos, mas muitas delas estão preocupadas", disse.

A entrevista de Buffett acontece nove dias após a Berkshire Hathaway, sua companhia de investimentos e seguros, anunciar uma queda de 96% em seu lucro do quarto trimestre devido, principalmente, a contratos de derivativos. Em 2008, o valor contábil por ação da empresa caiu 9,6%, o pior resultado desde que Buffett assumiu a empresa em 1965.

O megainvestidor diz que nem ele, nem os americanos previam a gravidade da queda nos preços das residências, fator que desencadeou a crise financeira. Para ele, a economia estava a um triz do colapso em setembro, quando o banco Lehman Brothers faliu e a gigante AIG recebeu sua primeira ajuda do governo.

Pedido aos bancos

Buffett também conclamou os bancos a retomarem suas operações e disse que grande parte deles poderia encontrar meios de ganhar mesmo com a recessão. Qualificando a "paralisia de confiança" no setor bancário como uma "bobagem", já que existem salvaguardas, Buffett afirmou que "um banco que está indo à bancarrota deveria ser autorizado a quebrar". Ele destacou que o Wells Fargo e o US Bancorp, dois bancos que fazem parte do porfólio da Berkshire, poderiam "aparecer melhor que nunca" daqui três anos, enquanto o Citibank - que não faz parte da carteira da Berkshire - provavelmente continuaria encolhendo.

Bolsas de Nova York encerram com queda superior a 1%

por Agência ESTADO
09 de Março de 2009 18:47

Os acordos de fusão entre as gigantes farmacêuticas Schering-Plough/Merck e Genentech/Roche e das fabricantes de produtos químicos Dow Chemical/Rohm & Haas não foram suficientes para romper o impulso de baixa nas Bolsas de Nova York, que levou os índices Dow Jones e S&P-500 a fecharam em novas mínimas em 12 anos.
O índice Dow Jones caiu 79,89 pontos, ou 1,21%, e fechou com 6.547,05 pontos - nível mais baixo desde 14 de abril de 1997. O S&P-500 recuou 6,85 pontos, ou 1,00%, e fechou em 676,53 pontos - menor fechamento desde 12 de setembro de 1996. O Nasdaq caiu 25,21 pontos, ou 1,95%, e fechou com 1.268,64 pontos, enquanto o NYSE Composite recuou 58,18 pontos, ou 1,36%, e fechou em 4.226,31 pontos.
"Eu não sei se eu já ouvi tantas pessoas sendo negativas sobre o mercado como está acontecendo agora", disse William Lefkowitz, estrategista-chefe de derivativos da Finance Investments. Lefkowitz disse que a primeira pergunta dos investidores sobre uma alta é "quanto tempo você acha que isso vai durar?", seguida de "quanto vamos cair hoje?".
Sobre o Dow Jones pesou a queda de 7,70% das ações da Merck, que anunciou a compra da Schering-Plough por US$ 41,1 bilhões. As ações da Schering-Plough dispararam 14,18%.
No setor de química, a Dow Chemical teria alcançado um acordo preliminar para adquirir a rival Rohm and Haas Co em termos similares à oferta de US$ 78 por ação acordada em julho. O acordo foi fechado antes do encerramento do prazo - no final do dia - estabelecido por um juiz de Delaware para examinar a ação trazida contra a Dow Chemical pela Rohm & Haas pelo fracasso em concluir a transação em janeiro. As ações da Dow Chemical fecharam em baixa de 10,97%, enquanto as da Rohm & Haas subiram 15,99%.
Várias ações de bancos se recuperaram nesta segunda-feira, com o Bank of America liderando os ganhos com uma alta de 19,43%. Outros destaques: Wells Fargo (+15,80%) e US Bancorp (+15,53%). No final de semana, a revista Fortune e outras publicações informaram os nomes de algumas das companhias que se beneficiaram do socorro multibilionário dado pelo governo federal à seguradora American International Group (AIG). As contrapartes de bilhões de dólares em contratos de CDS (credit default swaps) incluem o Goldman Sachs, assim como os bancos europeus Deutsche Bank, UBS e Société Générale. As informações são da Dow Jones.

Ibovespa perde 0,98% em seu 3º dia seguido de queda

por Claudia Violante de Agência ESTADO
09 de Março de 2009 17:42

São Paulo - Pela terceira sessão seguida, a Bovespa terminou o pregão em queda, na esteira das bolsas internacionais, que seguem reagindo ao noticiário da crise financeira. As ações da Petrobras, no entanto, acompanharam os ganhos do petróleo e impediram uma perda maior no principal índice da Bolsa brasileira.
O Ibovespa fechou em baixa de 0,98%, aos 36.741,35 pontos. Nas três sessões de queda seguidas, recuou 4,32%. No mês, recua 3,78% e, no ano, 2,15%. Durante a sessão, atingiu a mínima de 36.392 pontos (-1,92%) e, na máxima, 37.464 pontos (+0,97%). O giro financeiro totalizou R$ 2,754 bilhões, 30,6% abaixo da média do mês de março (R$ 3,967 bilhões). Do total, R$ 687,3 bilhões foram negociados por Petrobras PN, os papéis mais líquidos.
Na abertura, as ações da estatal recuaram, em reação ao balanço do quarto trimestre divulgado na última sexta-feira. Apesar do aumento do lucro, os investidores não gostaram da geração de caixa, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações, na sigla em inglês), que ficou 20% inferior ao verificado no quarto trimestre de 2007 em função do aumento de custos.
Mas o balanço teve impacto nos papéis da empresa na abertura. Depois, os estrangeiros fizeram compras pontuais, acompanhando os ganhos do petróleo. Petrobras ON subiu 0,25% e PN, 0,12%. Na Bolsa Mercantil de Nova York, o petróleo terminou a sessão em alta de 3,41%, a US$ 47,07 o barril. A expectativa de que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) corte novamente a produção na reunião do dia 15 de março, em Viena, ajudou a pressionar as cotações.
A Petrobras lucrou R$ 7,355 bilhões nos últimos três meses de 2008, 46% a mais do que no mesmo intervalo de 2007, mas abaixo do previsto por analistas (R$ 7,678 bilhões, na média). Por causa do balanço, o JPMorgan Chase rebaixou a recomendação para as ações ordinárias da estatal de "overweight" (acima da média) para "neutra", mas manteve a recomendação "overweight" para a ação PN.
Vale ON recuou 2,30% e PNA, 3,01%, embaladas pela queda dos metais no mercado externo. As siderúrgicas acompanharam e fecharam em bloco no vermelho.
No geral, a Bovespa também continuou a acompanhar as bolsas internacionais. Em Wall Street, a sessão foi bastante volátil, sendo que as ações de energia foram destaque positivo, embora tenham perdido parte do vigor após o encerramento dos negócios com contratos de petróleo.
Do lado negativo, lideraram as perdas as ações de telecomunicações, serviços públicos, bens de consumo e tecnologia, pressionadas pela persistente preocupação relacionada à perspectiva econômica. O índice Dow Jones terminou a sessão em queda de 1,21%. Também pesaram sobre as ações as estimativas do Banco Mundial de que o Produto Interno Bruto (PIB) global vai cair neste ano pela primeira vez desde a Segunda Guerra Mundial.