quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Fed mantém tom e Ibovespa volta a subir com commodities

por Paula Laier de Reuters
04 de Novembro de 2009 19:48

SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice do mercado acionário brasileiro fechou em alta pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira, amparado pelo quadro externo favorável. O resultado da CSN acima do esperado ajudou.

O aguardado comunicado do Federal Reserve não trouxe novidades ao manter a taxa dos Fed Funds entre zero e 0,25 por cento e reafirmar que vai manter o juro em patamar excepcionalmente baixo por um período longo.

Desse modo, o Ibovespa encerrou o dia em alta de 2,03 por cento, aos 63.912 pontos. Na máxima, chegou a 64.142 pontos. O volume financeiro do pregão somou 6,61 bilhões de reais.

Operadores disseram que, graficamente, o índice local persiste em um canal de alta no longo prazo, e nesta sessão o cenário externo corroborou os ganhos. Profissionais do mercado, contudo, notaram estrangeiros tanto na venda como na compra.

Dados da BM&FBovespa mostraram que houve ingresso líquido de 1,15 bilhão de reais em capital estrangeiro na bolsa brasileira em outubro. No acumulado do ano, o fluxo está positivo em 19,5 bilhões de reais.

O humor mais positivo no exterior, onde as bolsas asiáticas e europeias terminaram a sessão em alta e os pregões norte-americanos também mostraram ganhos, foi a tônica nas operações locais, ainda beneficiadas pela alta em commodities.

A menor aversão a risco amparou a valorização de uma série de moedas ante o dólar, assim como a alta das matérias-primas, como o petróleo, que apreciou-se mais de 1 por cento, e metais, ajudando as blue chips locais.

Petrobras subiu 0,42 por cento, a 35,70 reais, e Vale avançou 1,51 por cento, a 41,58 reais.

O noticiário econômico nos EUA também colaborou, com a ADP Employer Services informando queda nas demissões no setor privado em outubro e o Instituto de Gestão do Fornecimento mostrando novo crescimento do setor de serviços naquele país.

O comunicado do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed chegou a gerar alguma volatilidade momentânea, mas não estragou o dia, uma vez que manteve praticamente inalterado o discurso de juro baixo por longo período.

CSN EMPOLGA, ENQUANTO BRADESCO FRUSTRA


A CSN, ajudou a fortalecer o Ibovespa, após divulgar uma disparada no lucro do terceiro trimestre, para 1,15 bilhão de reais. Analistas consultados pela Reuters esperavam em média lucro de 543 milhões de reais.

A ação ordinária da CSN. valorizou-se 3,07 por cento, a 60,40 reais, contaminando outros papéis de siderurgia como Gerdau, com alta de 3,31 por cento, a 27,49 reais, e Usiminas, que subiu 1,07 por cento, a 46,40 reais.

Um dia após o Itaú Unibanco impulsionar o setor com lucro recorrente acima do esperado, o Bradesco não teve o mesmo impacto, uma vez que o lucro líquido de 1,81 bilhão de reais ficou aquém das previsões.

A ação preferencial do Bradesco recuou 0,71 por cento, a 35,03 reais, mas outros papéis de bancos mostraram alta, como Itaú Unibanco, com elevação de 3,23 por cento, a 36,40 reais, e Banco do Brasil, com 2,99 por cento, a 29,95 reais.

Ainda da safra de balanços, Light, que divulga seu resultado ainda nesta quarta-feira, figurou entre as poucas baixas do Ibovespa, encerrando com baixa de 0,65 por cento, a 24,64 reais.

A JBS respondeu pela maior alta do índice, com valorização de 10,2 por cento, a 10,80 reais. O operador de uma importante corretora em São Paulo, que preferiu não ser identificado, notou fluxo estrangeiro na compra do papel.

Outros dois profissionais do mercado, também sob a condição de anonimato, citaram rumores sobre uma possível fusão ou associação da empresa. "Mas nenhuma informação concreta", ponderou um deles.

Também vale citar a alta de 4,98 por cento da Eletrobrás, a 23,41 reais, ainda na esteira da notícia sobre a aprovação da capitalização de suas subsidiárias integrais em quase 12 bilhões de reais. A ação ordinária da empresa avançou 5,37 por cento, a 26,50 reais.

Ações do setor de telecomunicações também estiveram entre as maiores elevações do índices. Brasil Telecom aumentou 5,28 por cento, a 15,56 reais e Oi ganhou 5,07 por cento, a 35,20 reais.

Bovespa fecha em alta de 2% em dia de manutenção de juros nos EUA; dólar cai

por Agência ESTADO
04/11 19:16


SÃO PAULO - A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) se manteve em patamares positivos e fechou o pregão desta quarta-feira em alta, no dia em que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) confirmou a manutenção dos juros no país. O índice Ibovespa – a principal referência da bolsa paulista – fechou em alta de 2,03%, aos 63.912 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,608 bilhões.

Na pontuação máxima do dia, o índice atingiu 64.142 pontos (alta de 2,39%) e, na mínima, 62.650 pontos (avanço de 0,01%). No mês, a Bolsa acumula alta de 3,85% e, no ano, de 70,21%. Hoje, o giro financeiro totalizou R$ 6,608 bilhões, em dados ainda preliminares.

No mercado cambial, o dólar manteve sua trajetória de baixa e fechou o pregão desta quarta-feira cotado a R$ 1,733 para venda, em queda de 0,74% frente ao real.

O Fed confirmou as expectativas do mercado e manteve a taxa de juros dos Estados Unidos entre zero e 0,25%, o menor patamar da história. Os juros estão nesse patamar desde dezembro do ano passado. Em comunicado, a autoridade monetária disse que a economia está em recuperação, porém os juros devem ser mantidos por “um longo período”.

Nos Estados Unidos, a Bolsa de Nova York fechou em alta, após a divulgação da decisão do Fed. O índice Dow Jones subiu 0,31%, enquanto o Nasdaq encerrou perto da estabilidade, com queda de 0,09%.

Fatores

Durante o dia, os investidores tiveram que digerir os dados sobre o mercado privado de trabalho nos EUA e o índice de atividade do setor de serviços, medido pelo Instituto para Gestão de Oferta (ISM). Em outubro, foram cortadas 203 mil vagas no setor privado, enquanto o índice ISM caiu para 50,6, ainda acima de 50, o que indica expansão.

A Bovespa também foi influenciada pelas commodities, com destaque para os metais, que subiram estimulados pela alta do ouro. As ações ordinárias da Vale avançaram 0,95%, enquanto as preferenciais subiram 1,51%. Já a Petrobras contou com a alta do petróleo, depois que os estoques da commodity caíram na semana encerrada em 30 de outubro nos EUA. O recuo foi de 3,936 milhões de barris. Os papéis ordinários da Petrobras avançaram 0,37% e os preferenciais, 0,42%.

No setor siderúrgico, o destaque foi a CSN, que anunciou lucro líquido de R$ 1,150 bilhão no terceiro trimestre de 2009, uma alta de 2.775% ante os R$ 40 milhões de igual período de 2008. As ações ordinárias da CSN subiram 3,07%. Os papéis preferenciais do Bradesco recuaram 0,71%, depois que o banco anunciou um lucro líquido de R$ 1,811 bilhão no terceiro trimestre, um resultado 5,2% abaixo do registrado em igual período de 2008.

Fluxo cambial


O fluxo cambial em outubro registrou ingresso líquido de US$ 14,598 bilhões, segundo dados divulgado nesta quarta-feira pelo Banco Central. O valor é o maior desde junho de 2007, quando o Brasil havia recebido US$ 16,561 bilhões, e muito diferente do observado em outubro de 2008, em meio ao agravamento da crise financeira, quando o País havia perdido US$ 4,639 bilhões.

Na última semana do mês, entre os dias 26 e 30, já sob as novas regras de tributação de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para o capital estrangeiro, o fluxo cambial teve ingresso líquido de US$ 1,757 bilhão, sendo que a conta financeira contribuiu com US$ 1,085 bilhão desse resultado. Os US$ 672 milhões restantes foram obtidos pelo segmento comercial.

Fed mantém juro e reitera nível baixo por longo período

por Mark Felsenthal e David Lawder de Reuters
04 de Novembro de 2009 18:23

WASHINGTON (Reuters) - O Federal Reserve expressou nesta quarta-feira confiança crescente de que a recuperação da economia está ocorrendo, mesmo repetindo o compromisso de manter o juro básico próximo de zero "por um período prolongado".

Numa decisão unânime e já esperada por analistas, o Fed manteve a taxa básica no intervalo entre zero e 0,25 por cento.

O banco central norte-americano avaliou que a economia continuava crescendo desde o último encontro de política monetária, em setembro, mas expressou preocupação de que a recuperação será lenta.

"Os gastos das famílias parecem estar se expandindo, mas continuam limitados pelas perdas de emprego, lento crescimento da renda e crédito apertado", avaliou o Fed no comunicado que acompanhou a decisão.

O Fed também afirmou que comprará cerca de 175 bilhões de dólares em dívida emitida por agências ligadas a hipotecas, menos que o teto de 200 bilhões de dólares anunciado originalmente, citando disponibilidade limitada.

"Eu diria que não há surpresas. Se há alguma surpresa, parece ser o fato de não ter nenhuma pista sobre se eles vão elevar a taxa em breve", disse Robert Macintosh, economista-chefe da Eaton Vance, em Boston. "Temos uma série de reuniões do Fed antes de ver algum tipo de aumento."

MAIS OTIMISTA, MAS AINDA PREOCUPADO

O comunicado do Fed pareceu um pouco mais otimista que o divulgado em setembro, que avaliou que os gastos estavam "se estabilizando".

Mas também foi mais explícito ao dizer porque espera manter a taxa excepcionalmente baixa por um período prolongado, ao citar "taxas baixas de utilização dos recursos, inflação controlada e expectativas de inflação estáveis".

O Fed, receoso de minar a recuperação ainda frágil ao retirar as medidas de estímulo muito prematuramente, também está de olho em indícios de que seus esforços emergenciais para promover o crédito estejam alimentando um indesejável surto de inflação.

Mas importantes autoridades do Fed, entre elas o chairman da instituição, Ben Bernanke, têm dito que a recessão nos Estados Unidos, a mais profunda desde a década de 1930, tem deixado um legado de alto nível de desemprego e fábricas paradas, o que deve manter as pressões de preços sob controle.

Um relatório privado divulgado nesta quarta-feira mostrando que as empresas cortaram postos de trabalho no menor ritmo em mais de um ano pode contribuir para uma avaliação de que a economia está se movendo na direção correta.

Porém, embora se espere que o governo informe na sexta-feira desaceleração das demissões no país, é esperado também que a taxa de desemprego suba a 9,9 por cento, renovando a máxima em 26 anos.

A maior economia do mundo cresceu a uma taxa anual de 3,5 por cento no terceiro trimestre, expansão maior que a esperada.

Sugerindo mais força na economia, dados mostraram na segunda-feira que a atividade manufatureira atingiu no mês passado o patamar mais alto em três anos e meio, mesmo com um relatório nesta quarta-feira revelando que o setor de serviços está crescendo apenas modestamente.

Embora os prognósticos tenham melhorado, muitos economistas ainda esperam que a retomada seja lenta e que seja necessário que o Fed mantenha a política de afrouxamento monetário por um período mais longo.

Acredita-se que o desemprego cresça no próximo ano, abatendo os gastos dos consumidores, que respondem por cerca de 70 por cento do Produto Interno Bruto (PIB). O sistema bancário ainda está sob pressão por conta de perdas com empréstimos, enquanto o crédito permanece contraído.

A maioria dos analistas espera que o Fed mantenha o juro básico até meados de 2010 ou depois.