quinta-feira, 2 de julho de 2009

Bolsa de NY fecha em forte baixa, com pouco volume

por Suzi Katzumata de Agência ESTADO
02 de Julho de 2009 19:13

Nova York - Um fraco relatório do mercado de mão de obra dos EUA perturbou os mercados financeiros e a debilitada esperança dos corretores de ações de uma recuperação econômica no segundo semestre. As ações de companhias de consumo e de energia foram as mais atingidas na liquidação de hoje.

Por causa de problemas técnicos, a Bolsa de Nova York (New York Stock Exchange, NYSE) decidiu atrasar o encerramento dos negócios em 15 minutos, para até 17h15 (de Brasília), para permitir a "execução das ordens dos clientes afetadas pelas irregularidades do sistema", de acordo com o porta-voz da bolsa. Uma série de pequenas falhas atingiram os sistemas da NYSE Euronext nas últimas 24 horas, depois que a operadora da bolsa implementou um novo sistema com objetivo de reduzir o tempo de execução em 100 milésimos de segundo, substituindo uma tecnologia de 33 anos. Pela manhã, a bolsa chegou a suspender as transações com vários ativos por quase cinco minutos por conta dessas falhas.

No último dia antes do final de semana prolongado (amanhã é o feriado antecipado do Dia da Independência), o aguardado relatório do mercado de mão de obra foi uma grande frustração. O Departamento do Trabalho informou que a economia americana perdem 467 mil vagas em junho, de uma expectativa de queda de 350 mil vagas dos analistas.

O declínio no número de vagas diminuiu desde que atingiu o total de 700 mil vagas no início do ano. Contudo, o dado de maio foi de uma queda de 322 mil vagas, o que indica que o relatório de junho se moveu em direção oposta e lançou sérias dúvidas sobre as expectativas de aceleração da economia a partir do segundo semestre. A taxa de desemprego continuou subindo em direção aos dois dígitos, alcançando 9,5% em junho - nível mais alto em mais de 25 anos -, de 9,4% em maio. Os salários permaneceram estagnados em comparação com o mês anterior.

Apesar dos números negativos, Peter Cardillo, economista-chefe de mercado da Avalon Partners observou que a acentuada queda de hoje provavelmente foi exacerbada por causa da fraca liquidez. "A resposta real ao número do mercado de mão de obra provavelmente vamos ver no mercado na segunda-feira", disse Cardillo.

Todas as 30 ações componentes do índice Dow Jones fecharam em baixa, com destaque para Alcoa (-4,74%) e Travelers (-4,69%). As gigantes de energia Chevron e ExxonMobil foram pressionadas pela queda dos preços do petróleo e caíram 3,16% e 2,93%, respectivamente. No setor de consumo, destaque para a queda de 3,80% da Home Depot.

O índice Dow Jones caiu 223,32 pontos (-2,63%) e fechou com 8.280,74 pontos; na semana, o índice registrou uma queda de 1,87%. O S&P-500 caiu 26,91 pontos (-2,91%) e fechou com 896,42 pontos; na semana, o índice acumulou uma perda de 2,44%. O Dow Jones e o S&P-500 agora acumulam perdas por três semanas seguidas. O Nasdaq caiu 49,20 pontos (-2,67%) e fechou com 1.796,52 pontos; na semana, o desempenho é negativo em 2,27%. As informações são da Dow Jones.

Bovespa segue reação de NY ao desemprego e cai 1%

por Claudia Violante de Agência ESTADO
02 de Julho de 2009 17:40

São Paulo - Da mesma forma que em maio, o relatório do mercado de trabalho norte-americano também surpreendeu. Só que desta vez negativamente: foi fechado um número maior do que o previsto de vagas de trabalho no mês passado e isso teve um único sentido para as bolsas de valores, o de baixa dos índices de ações. Esse efeito foi ainda mais forte na Europa, já que os dados de emprego na região também não agradaram. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), embora também tenha sentido o impacto, perdeu bem menos, já que os investidores estão um pouco "paralisados", à procura de rumo depois do bom primeiro semestre.

O índice Bovespa (Ibovespa) terminou a sessão desta quinta-feira em queda de 1,01%, aos 51.024,94 pontos. Na pontuação mínima do dia, atingiu os 50.608 pontos (-1,82%) e, na máxima, os 51.538 pontos (-0,01%). Nas duas sessões de julho, acumula perda de 0,86% e, no ano, ganho de 35,89%. O giro financeiro totalizou R$ 4,090 bilhões. Os dados são preliminares.

Os números dos mercados de trabalho norte-americano e da zona do euro impediram as bolsas de operarem em alta nesta sessão - ainda mais pelo fato de amanhã ser feriado antecipado (Dia da Independência) nos EUA, o que deixa o investidor, já calejado, ainda mais na retranca. Essa também foi uma das razões para a Bovespa ter trabalhado, principalmente à tarde, de lado, com pouca oscilação.

Os números mais aguardados hoje eram os do "payroll" (relatório de vagas) nos EUA, que mostraram corte de 467 mil empregos em junho, bem mais que as 350 mil vagas estimadas pelos analistas. Nem mesmo a revisão do número anterior, para melhor, ajudou - o número passou de -345 mil para -322 mil em maio. Também foi ruim a taxa de desemprego (9,5%) nos EUA que, embora tenha se situado abaixo do previsto (9,6%), foi a maior desde agosto de 1983. Na Europa, também foi a taxa de desemprego a amargar o paladar, já que subiu de 9,3% em abril para 9,5% em maio, o maior nível em dez anos.

Em Wall Street, o Dow Jones terminou com baixa de 2,63%, aos 8.280,74 pontos, o S&P recuou 2,90%, aos 896,55 pontos, e o Nasdaq perdeu 2,67%, aos 1.796,52 pontos. Os dados são preliminares. Na Europa, as perdas foram ainda maiores. O índice FTSE-100 da Bolsa de Londres recuou 2,45%; em Frankfurt, o índice Xetra-DAX caiu 3,81%; na Bolsa de Paris, o CAC-40 teve queda de 3,13%.

No mercado doméstico, embora as quedas tenham sido praticamente generalizadas, elas foram comandadas pelas ações da Petrobras, da Vale e de siderúrgicas, em meio ao recuo de preços de matérias-primas (commodities). Petrobras ON cedeu 2,12%, Petrobras PN caiu 1,76%, Vale ON recuou 0,81% e Vale PNA desvalorizou 0,23%. Gerdau PN caiu 1,21%, Metalúrgica Gerdau PN recuou 0,62%, Usiminas PNA perdeu 3,28% e CSN ON, -1,61%. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês), o contrato do petróleo com vencimento em agosto terminou cotado a US$ 66,73 por barril, em baixa de 3,72%.

Para amanhã, a expectativa é de um pregão fraco, já que não haverá mercado nos Estados Unidos. E, como os investidores estrangeiros já estão naturalmente mais ausentes neste mês por causa das férias no Hemisfério Norte, o giro financeiro doméstico deve ser bem restrito.