sábado, 16 de agosto de 2008

Semana deve ser mais do mesmo, difícil para bolsas e para commodities

por Nathália A. Terra Pereira de InfoMoney
15/08/08 20h30


SÃO PAULO - Há muito que, semana após semana, o ambiente acerca da renda variável internacional permanece dominado pela volatilidade. E não será dessa vez que tal tendência deve ser superada. "Não espero grandes novidades, mas sim um pouco mais do mesmo", prevê José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator.
Por "um pouco mais do mesmo", entenda aversão ao risco elevada lá fora, muito em função do cenário macroeconômico turbulento, tanto no continente europeu quanto nos EUA. Nesse sentido, o menor fluxo de indicadores previstos para a próxima semana não implica uma menor atenção ao noticiário.
Na visão de Gonçalves, o olhar dos investidores deve estar focado principalmente nos Semana deve ser mais do mesmo, difícil para bolsas e para commodities (Producer Price Index), agendado para a próxima terça-feira. E para o economista, ainda que uma desaceleração da inflação seja constatada, as taxas ainda são historicamente elevadas e podem impactar o andamento dos negócios nas bolsas.
O efeito das commodities
Embora os indicadores sejam seu maior espelho, o enfraquecimento da economia norte-americana - de contágio global - não se manifesta apenas na agenda do dia-a-dia. Afinal, se o maior consumidor de commodities do mundo passa por maus momentos, o mercado de commodities segue no encalço. Desta forma, a disparada habitual dos preços de produtos como petróleo e metais teve forte refluxo nas últimas semanas.
"Mais do mesmo".
Com tal premissa em mente, Gonçalves estende sua visão de que a tendência declinante na cotação do barril de petróleo deve encontrar sequência nos próximos pregões, bem como a onça de ouro e outras commodities metálicas e agrícolas. A leitura é adotada também por Constantin Jancsó, estrategista do Banco Santander.
Se lá fora commodities menos caras são boa notícia, visto que para a maioria das empresas significa menores custos, efeito inverso se configura por aqui, dada a grande exposição do Ibovespa a Petrobras, Vale e siderúrgicas. "O efeito do recuo no preço das commodities é de difícil compreensão no Brasil: ao mesmo tempo que implica menores riscos inflacionários, impacta negativamente o mercado de ações", pondera Gonçalves.
Olho na inflação
Inflação. Esta é outra esfera que os investidores devem avaliar atentamente na próxima semana. Além do já citado PPI no plano externo, por aqui, são muitas as referências em torno do ambiente inflacionário agendadas para as próximas sessões, como novas prévias do IPC-Fipe, IGP-M e IPC-S, bem como os números do IGP-10 e do IPCA-15, ambos referentes ao mês de agosto.
Para Jancsó, a expectativa é de que os índices sigam apontando uma desaceleração da disparada dos preços no País. Entretanto, contrariando uma dedução aparentemente lógica, o estrategista do Santander não vê razão para um otimismo em demasiado. "Os preços dos alimentos podem estar recuando, mas isso não significa muito se não for acompanhado por outros setores e categorias", afirma.
Como exemplo, Jancsó explicita suas projeções para o IPCA-15, que deve registrar no oitavo mês desse ano uma variação de 0,38%. "Comparado com o mês anterior, o resultado é bom por indicar recuo. Mas na base anual ainda é muito alto, principalmente por se dar em agosto, que em tese, é um mês tranqüilo para a inflação", alerta.
Câmbio
Outro mercado que também vem preocupando investidores é o cambial. Acompanhando um movimento de valorização da moeda norte-americana que se dá em pano de fundo global, o dólar comercial acumula em agosto forte acréscimo, que segundo Jancsó, deve ser estendido nos próximos dias. "A alta do real já atingiu seu ponto de inflexão", afirma o estrategista do Santander.
Petrobras
Por fim, outra vez, a premissa do "mais do mesmo" de Gonçalves se aplica ao comportamento a curto prazo dos papéis preferenciais da Petrobras (PETR4). "Embora excessivamente penalizada, a ação da estatal deve seguir em queda, tendo em vista o recuo das commodities e as incertezas em torno da exploração das novas áreas de pré-sal descobertas recentemente", prevê o economista.

Índices de Futuros de Commodities em 15/08


Fonte: Bloomberg

INDEX NAME VALUE CHANGE OPEN HIGH LOW
UBS BLOOMBERG CMCI 1414.04 -22.84 1418.12 1424.23 1403.62 -1,62%
S&P GSCI 699.35 -9.63 700.12 703.56 689.24 -1,38%
RJ/CRB Commodity 382.30 -7.15 389.31 389.45 379.07 -1,87%
Rogers Intl 4724.37 -96.45 4820.66 4820.66 4675.36 -2,04%
Brookshire Intl 512.66 -9.75 513.72 516.24 508.22 -1,9%