quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Recessão à vista nos EUA faz Bovespa tombar mais de 7%

por Aluísio Alves
02 de Outubro de 2008 18:21

SÃO PAULO (Reuters) - Ainda descrentes da eficácia do plano para socorrer o sistema financeiro norte-americano, os investidores se defrontaram nesta quinta-feira com sinais de recessão nos EUA e venderam ações com vontade na Bolsa de Valores de São Paulo.
O Ibovespa fechou em baixa de 7,34 por cento, a 46.145 pontos, depois de os negócios chegarem à beira da interrupção (circuit breaker) quando o índice beliscou os 10 por cento de queda.
O giro financeiro do pregão somou 5,6 bilhões de reais.
Ao contrário do que se imaginava, a aprovação pelo Senado norte-americano do pacote de 700 bilhões de dólares para evitar o xeque-mate de grandes instituições financeiras não foi suficiente para acalmar os ânimos do mercado.
Para analistas, mesmo antes de receber o aval da Câmara dos Deputados, o plano já virou alvo de desconfiança. "A eficácia do programa de recompra de títulos podres pelo Tesouro começou a ser questionada, porque pode não acontecer com a agilidade necessária", disse Dalton Gardiman, economista-chefe da Bradesco Corretora.
Isso ocorre num momento em que o mercado de crédito completamente ilíquido começa a deixar claro os estragos na economia. Um dado divulgado pela manhã mostrou que as encomendas à indústria dos EUA despencaram mais que o esperado em agosto.
"Parece que 'a ficha caiu' para aqueles que ainda enxergavam um descasamento entre a crise financeira e a economia (real)", acrescentou Gardiman.
A possibilidade de recessão norte-americana foi considerada em relatório do Fundo Monetário Internacional (FMI) liberado nesta quinta-feira.
De olho num horizonte cada vez mais cinza, os mercados de ações foram novamente alvo de ordens maciças de venda. Em Wall Street, o índice Dow Jones caiu 3,2 por cento, enquanto o S&P 500 despencou 4,5 por cento.

PESO DAS COMMODITIES

Fortemente abalado por quedas profundas dos preços de commodities, o Ibovespa viu algumas das ações mais importantes da carteira figurarem entre as maiores baixas.
Petrobras, a reboque da queda do barril de petróleo para a faixa de 93 dólares, mergulhou 8,2 por cento, para 32,05 reais.
Vale desabou 10,0 por cento, para 29,40 reais. Desde que atingiu o pico do ano, em meados de maio, a mineradora já perdeu metade do valor de mercado.

Bolsa de NY fecha em queda forte com commodities

por Renato Martins da Agência Estado
02.10.2008 18h40

As Bolsas de Nova York fecharam em queda forte, em dia marcado por indicadores econômicos fracos, que fizeram crescer o temor de uma recessão global, intensificação do aperto no mercado de crédito de curto prazo, preocupação quanto à situação das seguradoras e expectativa em relação à votação do pacote de socorro ao setor financeiro na Câmara dos EUA. As ações das empresas de energia e das ligadas a matérias-primas (commodities) sofreram quedas fortes, em dia de nova baixa dos preços do petróleo, dos metais e dos grãos.
O indicador fraco de encomendas à indústria e o crescimento inesperado do número de pedidos de auxílio-desemprego feitos na semana passada levaram a um aumento dos temores quanto a uma recessão e fizeram cair ações como Boeing (-5,37%), DuPont (-4,15%) e Intel (-7,13%). Entre as ações de empresas ligadas a commodities, as da indústria de fertilizantes Mosaic caíram 41,27%, depois de a companhia divulgar resultados do trimestre junho/agosto e alertar que os preços do fosfato parecem ter alcançado seu pico e prever uma queda nas vendas no próximo ano; isso afetou ações como as da Monsanto (-16,18%), as da Potash (-26,97%) e as das fabricantes de tratores Caterpillar (-8,31%) e Deere (-14,21%). As ações da Alcoa caíram 8,89%, em reação à nova baixa dos preços dos metais; no setor de petróleo, as ações da ExxonMobil caíram 1,37% e as da Chevron recuaram 3,21%.
Até recentemente, os participantes do mercado viam as ações ligadas a commodities como que isoladas da turbulência financeira; mas, com a mudança rápida nas expectativas quanto ao desempenho da economia global e com a aceleração dos resgates por parte dos clientes dos fundos de hedge, os investidores estão vendendo essas ações. "A brutalidade e a ferocidade do movimento de venda são notáveis. Os resgates nos fundos de hedge provavelmente estão exacerbando isso", comentou o estrategista Tobias Levkovich, do Citigroup.
As ações das companhias de seguros também sofreram quedas fortes, depois de o líder da maioria (democrata) no Senado dos EUA, Harry Reid, dizer, na noite de quarta-feira, que "uma importante seguradora, uma com um nome que todo mundo conhece, está à beira da falência" (hoje, Reid divulgou comunicado lamentando ter feito essa declaração e ressalvando que "não está pessoalmente ciente de nenhuma companhia em particular que esteja à beira da falência"). Ainda assim, as ações da MetLife caíram 14,93%, as da Hartford Financial Services recuaram 32,01% e as da Prudential perderam 11,03%.
As ações da General Electric caíram 9,59%, depois de a empresa emitir US$ 12,2 bilhões em ações ordinárias com um desconto de 9% em relação ao nível de fechamento de ontem.
O índice Dow Jones fechou em queda de 348,22 pontos (-3,22%), em 10.482,85 pontos. O Nasdaq fechou em queda de 92,68 pontos (-4,48%), em 1.976,72 pontos. O S&P-500 caiu 46,78 pontos (-4,03%), para fechar em 1.114,28 pontos. As informações são da Dow Jones.