quinta-feira, 22 de abril de 2010

Para Moody's Economy, economia brasileira caminha para superaquecimento

por Equipe InfoMoney
22/04/10 19h31



SÃO PAULO - A forte recuperação da economia brasileira no início deste ano, baseada na melhora do cenário doméstico, está gerando um excesso de demanda que irá lançar o País em níveis de superaquecimento do PIB (Produto Interno Bruto), alerta Alfredo Coutinho, economista sênior para a América Latina da Moody´s Economy.

"Para evitar consequências negativas na balança interna e externa, a autoridade monetária deve agir logo e colocar as condições na zona restritiva até o fim do ano", receita Coutinho.

Superaquecimento
O analista da equipe de análise econômica da agência argumenta que os agressivos estímulos fiscais e monetários implementados pelo governo no ano passado incrementaram a demanda doméstica, tornando-a a principal força motriz do crescimento brasileiro, levando a economia para fora da recessão e de volta para os expressivos níveis de expansão.

Contudo, a economia passou a gerar um excesso de demanda no quarto trimestre, dando um impulso extra para o crescimento econômico. De acordo com as projeções da Moody´s, o PIB nacional expandiu entre 7% e 8% no primeiro trimestre deste ano, ritmo capaz de levar ao superaquecimento da economia, mesmo com a perspectiva de arrefecimento das taxas de crescimento ao longo do ano, que devem ficar na média de 6% no acumulado de 2010.

"Desta forma, desde o fim do ano passado, a produção nacional não tem sido capaz de satisfazer a demanda doméstica para consumo e bens de investimento", o que vem se traduzindo em uma aceleração da inflação e desequilíbrio da balança externa.

Aperto monetário
"O consumo das famílias, a principal fonte deste excesso de demanda, continuou a acelerar durante o primeiro trimestre de 2010 e irá permanecer forte até pelo menos a metade deste ano, por conta da flexibilidade das condições de crédito, dos baixos custos financeiros para o consumo e a criação de mais vagas de trabalho permanentes", explica Coutinho.

Desta forma, para evitar uma espiral inflacionária gerada não apenas pela crescente demanda excedente mas também pela deterioração das expectativas da inflação, o Banco Central deve apertar as condições monetárias logo, aponta o analista, afirmando que o Copom (Comitê de Política Monetária) deverá considerar um aumento entre 50 a 75 pontos-base já na próxima reunião, e continuar elevando a Selic nas próximas reuniões até chegar à níveis próximos a 10% ou 11% ao fim do ano.

Contudo, apenas a elevação dos juros não deverá ser suficiente, uma vez que ela poderá incentivar a apreciação do real e aprofundar o desequilíbrio da balança comercial. Desta forma, para resolver este dilema, o Banco Central deve adotar, conjuntamente com o início do ciclo de elevação da Selic, uma política de aumento das reservas internacionais, combinada com o uso de uma esterilização monetária - retirada de divisa local da economia através da emissão de dívida do governo.