terça-feira, 29 de setembro de 2009

Wall Street cede com queda na confiança do consumidor

por Gustavo Nicoletta de Agência ESTADO
29 de Setembro de 2009 19:44

Nova York - Os principais índices do mercado de ações dos EUA encerraram a sessão de hoje em leve queda, com investidores reagindo a dados que revelaram um declínio inesperado na confiança do consumidor norte-americano durante o mês de setembro. O Dow Jones caiu 47,16 pontos, ou 0,48%, para 9.742,20 pontos, fechando em território negativo pela quarta vez nas últimas cinco sessões. A varejista Home Depot liderou as perdas entre os componentes do índice e fechou em baixa de 1,58%.

A Boeing, que também faz parte do índice, foi uma das exceções e subiu 2,92%. Segundo o diretor da JSA Research, Paul Nisbet, embora a gigante aeroespacial tenha sido prejudicada por atrasos no programa do modelo 787, "os investidores acreditam que as notícias ruins ficaram para trás".

O S&P 500 perdeu 2,37 pontos, ou 0,22%, para 1.060,61 pontos, enquanto o Nasdaq caiu 6,70 pontos, ou 0,31%, para 2.214,04 pontos.

A pressão sobre os papéis da Home Depot e de outras companhias mais suscetíveis à saúde da economia foi motivada basicamente por dados divulgados pelo instituto privado Conference Board. O índice de confiança do consumidor norte-americano medido pelo órgão caiu de 54,5 em agosto para 53,1 em setembro. Analistas esperavam alta para 57.

Apesar disso, o resultado trimestral mais forte que o previsto da rede de farmácias Walgreen ajudou a limitar as perdas das ações do setor varejista. A companhia subiu 9,2% após divulgar que seu lucro no quarto trimestre fiscal encolheu 1,6% ante igual período de 2008, para US$ 436 milhões - ou US$ 0,44 por ação. Analistas previam lucro de US$ 0,39 por ação.

Com o encerramento do terceiro trimestre amanhã, os investidores estarão atentos ao início da próxima temporada de balanços, que deve começar nas próximas semanas. A perspectiva predominante é de que as companhias conseguiram melhorar suas respectivas posições financeiras.

"Precisaremos ver tanto um aumento nos lucros quanto nas vendas para subirmos desta vez e acho que teremos isto", disse David Klaskin, executivo-chefe de investimentos da Oak Ridge Investments. Ele acrescentou que, apesar disso, é preocupante a ausência de uma correção nos índices até agora.

No setor de tecnologia, a Intel caiu 1,3% e a Dell recuou 3,2%. O executivo-chefe da Microsoft, Steve Ballmer, disse que o orçamento das empresas para gastos com tecnologia da informação continuará pequeno enquanto as companhias precisarem se ajustar a uma das piores recessões das últimas décadas. As ações da companhia perderam 0,3%. As informações são da Dow Jones.

Graças a bancos, Ibovespa tem queda contida, de 0,13%

por Agência ESTADO
29 de Setembro de 2009 17:37

O índice de confiança do consumidor norte-americano causou uma inversão na trajetória das Bolsas norte-americanas e brasileira. Os índices acionários, que abriram em alta, passaram para o negativo após o dado e seguiram assim até o final do pregão, num movimento que também espelha um pouco de cautela à espera dos dados do mercado de trabalho nos EUA. No Brasil, as blue chips não serviram de refresco ao índice Bovespa que, no entanto, teve uma mãozinha dos bancos, que terminaram o dia em alta.

O Ibovespa fechou a terça-feira com perda de 0,13%, ainda sustentando os 61 mil pontos, aos 61.235,26 pontos. Na mínima do dia, registrou 60.750 pontos (-0,92%) e, na máxima, os 61.599 pontos (+0,46%). No mês, acumula alta de 8,40% e, no ano, de 63,08%. O giro financeiro totalizou R$ 4,536 bilhões. Os dados são preliminares.

Os investidores mantiveram no início da sessão a trajetória de elevação que registraram nas duas sessões anteriores - o que também foi possível graças ao índice nacional de preços de imóveis da S&P Case Shiller. O dado para 20 regiões metropolitanas dos EUA caiu 13,3% em julho ante igual mês do ano passado, mas o recuo foi inferior às previsões, de -14%. Ante junho, houve alta de 1,6%.

Até por ter sido apenas ligeiramente melhor do que as projeções - e de ainda exibir uma queda considerável -, este indicador não conseguiu ser contraponto ao dado de confiança da Conference Board. Este índice caiu de 54,5 em agosto para 53,1 em setembro, abaixo do número inicialmente divulgado para agosto (54,1) e inferior às estimativas de que subiria para 57.

As bolsas viraram e assim seguiram até o final, também aproveitando para realizar um pouco de lucros antes dos dados do payroll (sexta-feira), precedidos pelos números do setor privado da ADP, amanhã. O Dow Jones recuou 0,48%, aos 9.742,20 pontos, o S&P 500 terminou em baixa de 0,22%, aos 1.060,61 pontos, e o Nasdaq perdeu 0,31%, aos 2.124,04 pontos.

Os bancos foram destaque na sessão doméstica, tanto de ganhos como em giro financeiro. Itaú Unibanco PN foi a maior alta do Ibovespa, com 3,32%, Bradesco PN avançou 2,59%, na segunda maior alta da sessão, e Itaúsa PN ficou na quarta posição, com +2,44%. BB ON terminou em +1,90%. A terceira maior alta do índice foi de CCR ON (+2,57%).

Os operadores apontaram várias justificativas para o comportamento do setor, uma delas os dados do mercado de crédito divulgados pelo Banco Central pela manhã. Segundo a autoridade monetária, o estoque de operações de crédito do sistema financeiro cresceu 1,5% em agosto ante julho, passando de R$ 1,307 trilhão para R$ 1,327 trilhão. No acumulado do ano, o crédito teve crescimento de 8,1% e, nos 12 meses encerrados em agosto, alta de 19,5%. A inadimplência ficou estável em 5,9%.

Cabe registrar que ontem o BC anunciou alterações nas regras dos compulsórios sobre depósitos a prazo. O governo retirou benefícios dados a instituições de grande porte dispostas a comprar carteiras de crédito de bancos de médio porte - a vantagem permanece para a compra de ativos de instituições pequenas. Também foi reduzida a alíquota geral do compulsório a prazo.

Alguns profissionais também citaram a influência do processo de oferta de ações do Santander, já que, caso a demanda pelas ações seja muito elevada, os investidores podem alocar o valor adicional nos demais bancos.

Esta avaliação, no entanto, não é compartilhada pelo consultor de investimentos de um grande banco. "A lógica, a meu ver, é se desfazer de outros papéis do segmento financeiro para entrar na oferta do Santander. Os investidores não devem ampliar a participação do setor financeiro em suas carteiras, apenas realocar os recursos", avaliou.

Ele deu uma outra justificativa para ajudar a explicar a alta dos papéis dos bancos: a criação de uma Câmara para compensar as operações entre as diversas bandeiras de cartões de crédito, que pode ser definida pelas regras para setor a serem anunciadas pelo Banco Central. "A criação dessa câmara terá participação dos bancos", destacou.

A iminência da divulgação das novas regras para o setor de cartões de crédito pesou sobre as ações da Redecard e VisaNet, que fecharam em baixa. A primeira, de 2,37%, e a segunda, de 3,11%.

Fora do segmento financeiro, Petrobras ON fechou em alta de 0,10% e PN, em queda de 0,34%. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o contrato do petróleo para novembro recuou 0,19%, para US$ 66,71 o barril.

Vale ON caiu 0,89% e PNA, 0,73%. Gerdau PN terminou em baixa de 1,29%, Metalúrgica Gerdau, PN, 0,90%, Usiminas PNA, 0,51%, CSN ON, 1,29%.