segunda-feira, 2 de junho de 2008

Bolsa de NY fecha em baixa com rebaixamento de banco

por Renato Martins da Agência Estado
02.06.2008 18h19

O mercado norte-americano de ações fechou em queda forte, em reação a novas indicações de que o aperto no crédito e as dificuldades das instituições financeiras não terminaram.
As ações dos bancos de investimento estavam entre as que mais caíram, depois de a agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor's rebaixar as notas (ratings) de Lehman Brothers, Merrill Lynch e Morgan Stanley (cujas ações caíram 8,10%, 2,96% e 2,55%, respectivamente); as do Goldman Sachs, cujo rating foi mantido, mas com perspectiva negativa, recuaram 2,31%. As ações do banco Wachovia, cujo rating também foi colocado em revisão para possível rebaixamento, caíram 1,68%, depois de a instituição anunciar o afastamento de seu executivo-chefe. As da Washington Mutual, que também anunciou mudanças em seu comando, recuaram 0,22%.
As ações das companhias aéreas também sofreram quedas fortes, depois de a Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata) dizer que as empresas do setor poderão ter um prejuízo combinado de mais de US$ 6 bilhões neste ano, por causa da alta dos preços dos combustíveis e da desaceleração da economia americana, que está causando uma redução na demanda.
O índice Dow Jones fechou em queda de 1,06%, em 12.503,82 pontos. O Nasdaq encerrou com perda de 1,23%, em 2.491,53 pontos. O S&P-500 caiu 1,05%, para 1.385,67 pontos. O NYSE Composite recuou 0,90%, para 9.316,61 pontos. As informações são da Dow Jones.

Ibovespa fecha em baixa de 0,96%

por Claudia Violante da Agência Estado
02.06.2008 17h29

A Bovespa iniciou junho em terreno negativo, influenciada pela fraqueza das bolsas norte-americanas. A perda, no entanto, foi contida pelas ações da Petrobras, que, beneficiadas pela alta do petróleo, subiram.
O Ibovespa, principal índice, fechou a sessão em baixa de 0,96%, aos 71.897,3 pontos, depois de oscilar da estabilidade, aos 72.592 pontos, até a mínima de 71.352 pontos (-1,71%). No ano até hoje, os ganhos acabaram reduzidos a +12,54%. O volume financeiro deste primeiro pregão de junho foi mais fraco e totalizou R$ 6,028 bilhões.
Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones recuou 1,06%, o S&P registrou perdas de 1,05% e o Nasdaq fechou em baixa de 1,23%. Uma das principais razões para as quedas de hoje foi o rebaixamento promovido pela agência de classificação de risco de crédito Standard & Poor's nas notas (ratings) dos bancos de investimento Lehman Brothers, Merrill Lynch e Morgan Stanley. A agência ainda colocou em perspectiva negativa os ratings do Bank of America, do JPMorgan e do Citigroup.
Antes disso, no entanto, os investidores já não haviam gostado dos indicadores divulgados nos EUA e tampouco da renúncia do presidente da Bradford & Bingley. A décima maior firma de hipotecas do Reino Unido também anunciou que passará por uma reestruturação, com entrada de novo sócio. O índice ISM industrial norte-americano passou de 48,6 em abril para 49,6 em maio. Embora o dado tenha sido melhor do que o do mês anterior e até mesmo do que as previsões, que eram de 48,5, os analistas preferiram olhar pelo viés negativo, que é o fato de o dado manter-se abaixo de 50, um sinal de retração no setor. Já os gastos com construção caíram 0,4% em abril, ante previsão de -0,5%.
A alta do petróleo também serviu de azedume às bolsas norte-americanas, já que significa pressão de custos às empresas. Em Nova York, o preço do barril avançou 0,32%, para US$ 127,76. Mas tal desempenho continuou favorecendo a Petrobras. As ações ON subiram 1,81% e as PN, 1,61%.
Os papéis da Vale, outra empresa de forte peso na carteira teórica do Ibovespa, repetiram o comportamento dos metais, ou seja, tiveram fechamentos distintos. As ações PNA subiram 0,02% e as ON caíram 0,34%.
Amanhã, a agenda tem poucos, mas relevantes eventos, dentre os quais se destaca o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Ben Bernanke, que pode aliviar um pouco o quadro pessimista que se formou hoje após as notas da S&P. A Bolsa paulista, repetem os analistas, tem espaço para subir e a queda de hoje é saudável depois dos ganhos das últimas semanas - em maio, o Ibovespa subiu quase 7%. Mas as commodities e o mercado externo vão continuar determinando os rumos.

FSB e Fitch atenuam aperto monetário

por Luiz Sérgio Guimarães de Valor Econômico
2/6/2008

A ala de mercado que aposta em alta de 0,50 ponto na taxa Selic na reunião do Copom de quarta-feira, já levemente majoritária em relação à que sustenta a necessidade de ampliação da dose para 0,75 ponto, cresceu depois que o governo anunciou a intenção de criar uma meta adicional de superávit fiscal equivalente a 0,5% do PIB para a constituição das reservas do FSB. Com a criação dessa poupança fiscal extra, o esforço total com o qual o governo Lula se compromete passa a corresponder a 4,3% do PIB. Este compromisso reduz os gastos públicos e, nesse sentido, ao diminuir a demanda agregada, ajuda o BC a combater as pressões inflacionárias. Com a diminuição das apostas de um aumento mais forte da Selic, os juros futuros caíram na sexta-feira. Foi o terceiro dia consecutivo de queda. A taxa para a virada do ano recuou na semana passada de 13,22% para 13,06%. O contrato para janeiro de 2010 cedeu de 14,52% para 14,16%. Na quinta-feira, a razão da baixa foi a concessão ao Brasil do grau de investimento pela agência Fitch. Estes dois fatores são novidades relevantes no front inflacionário no entender de Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil. Os dois fatos melhoram as perspectivas para a trajetória dos juros no médio e longo prazo. "A inflação corrente não é um problema do feijãozinho e deve ser combatida por uma política monetária mais apertada, mas o investment grade e o FSB poderão fazer com que esse ajuste seja mais breve e menos intenso", diz Souza Leal. A transformação do FSB num fundo fiscal tornou-o muito mais palatável ao mercado. Em uma semana, ele evoluiu de instrumento de pressão sobre o câmbio e incentivo às empresas brasileiras no exterior para uma carteira catalisadora de poupança fiscal contra-cíclica. "Melhor seria abater diretamente a dívida e esquecer a compra de dólares, mas não devemos deixar de considerar essa uma boa notícia para o BC na tentativa de arrefecer a demanda agregada", diz o economista.