segunda-feira, 2 de junho de 2008

FSB e Fitch atenuam aperto monetário

por Luiz Sérgio Guimarães de Valor Econômico
2/6/2008

A ala de mercado que aposta em alta de 0,50 ponto na taxa Selic na reunião do Copom de quarta-feira, já levemente majoritária em relação à que sustenta a necessidade de ampliação da dose para 0,75 ponto, cresceu depois que o governo anunciou a intenção de criar uma meta adicional de superávit fiscal equivalente a 0,5% do PIB para a constituição das reservas do FSB. Com a criação dessa poupança fiscal extra, o esforço total com o qual o governo Lula se compromete passa a corresponder a 4,3% do PIB. Este compromisso reduz os gastos públicos e, nesse sentido, ao diminuir a demanda agregada, ajuda o BC a combater as pressões inflacionárias. Com a diminuição das apostas de um aumento mais forte da Selic, os juros futuros caíram na sexta-feira. Foi o terceiro dia consecutivo de queda. A taxa para a virada do ano recuou na semana passada de 13,22% para 13,06%. O contrato para janeiro de 2010 cedeu de 14,52% para 14,16%. Na quinta-feira, a razão da baixa foi a concessão ao Brasil do grau de investimento pela agência Fitch. Estes dois fatores são novidades relevantes no front inflacionário no entender de Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil. Os dois fatos melhoram as perspectivas para a trajetória dos juros no médio e longo prazo. "A inflação corrente não é um problema do feijãozinho e deve ser combatida por uma política monetária mais apertada, mas o investment grade e o FSB poderão fazer com que esse ajuste seja mais breve e menos intenso", diz Souza Leal. A transformação do FSB num fundo fiscal tornou-o muito mais palatável ao mercado. Em uma semana, ele evoluiu de instrumento de pressão sobre o câmbio e incentivo às empresas brasileiras no exterior para uma carteira catalisadora de poupança fiscal contra-cíclica. "Melhor seria abater diretamente a dívida e esquecer a compra de dólares, mas não devemos deixar de considerar essa uma boa notícia para o BC na tentativa de arrefecer a demanda agregada", diz o economista.

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