sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Bovespa perde 12% em semana de muitos altos e baixos

por Paula Laier da Agência Estado
03.10.2008 17h53
O comportamento dos investidores na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) refletiu hoje claramente uma máxima no mercado financeiro: "compra no boato e vende no fato". No fechamento do pregão, o principal índice de referência da negociação de ações, o Ibovespa registrou queda de 3,53% para 44.517,32 pontos - a menor pontuação desde 28 de março de 2007 (44.484 pontos). O volume financeiro totalizou R$ 5,035 bilhões (dado preliminar).
Na semana, o Ibovespa acumulou uma perda de 12,34%. Essa semana, aliás, foi de muitos altos e baixos. Na segunda-feira (dia 29), o Ibovespa havia despencado 9,36%; na terça-feira, em recuperação técnica, subiu 7,63%; na quarta, ganhou mais 0,52% e ontem voltou a cair 7,34%.
A sexta-feira, porém, começou diferente. Na espera da votação do pacote de ajuda aos bancos nos Estados Unidos, pela Câmara dos Representantes, os investidores compraram ações, alinhados ao viés positivo das Bolsas em Nova York. Isso levou o Ibovespa à máxima de 48.075 pontos na primeira etapa do dia, o que representou uma elevação de 4,18%. Mas, como disse uma fonte, não existe milagre. "Ainda tem muita coisa para rolar nesta crise. E o mercado não tem dinheiro novo para se defender", afirmou.
Tal percepção comprovou-se logo após a votação que aprovou o plano nos EUA. A Bolsa brasileira já havia reduzido a alta, e oscilava ao redor dos 47.600 pontos, com alta superior a 3%, quando saíram as primeiras informações sobre o aval da Câmara ao plano aprovado no Senado, por volta das 14h20. Em "queda livre", o índice paulista abandonou o território positivo e chegou à mínima até aquele momento, de 45.381 pontos (-1,66%). A partir dali, a volatilidade predominou nas operações locais, com o Ibovespa voltando a trabalhar no azul momentaneamente.
Ao longo da tarde, contudo, o índice acionário paulista acentuou as perdas, chegando à mínima de 44.840 pontos, uma queda de 4,31%.
Na visão do economista-chefe da CM Capital Markets, Tony Volpon, a reação "compra no rumor e vende no fato" do mercado hoje é mais do que uma tática de negociação no mercado de ações. Para ele, ela sinaliza o entendimento do mercado de que, mesmo que um passo importante na solução da crise do setor bancário norte-americano tenha sido dado hoje, uma crise econômica, na forma de recessão, já existe nos EUA. E certamente os dados de emprego daquele país corroboram essa percepção.
O Departamento do Trabalho dos EUA informou hoje que foram cortadas 159 mil vagas de trabalho em setembro, maior corte desde março de 2003.
De volta ao mercado doméstico, notícias corporativas também pesaram sobre as operações. A informação de uma perda potencial da Aracruz com aplicações em mercados derivativos, cujo valor justo estava negativo em R$ 1,95 bilhão em 30 de setembro, segundo fato relevante divulgado hoje pela companhia, levou as ações preferenciais classe B (PNB) da empresa a liderarem as maiores baixas do Ibovespa hoje. No fechamento, os papéis registraram uma perda de 24,81%.
As ações preferenciais (PN) da Votorantim Celulose e Papel (VCP) também sofreram hoje e fecharam com a quarta maior queda do dia, de 10,72%. Vale lembrar que a VCP detém 28% das ações ordinárias da Aracruz. Ainda merece destaque que as duas companhias adiaram a divulgação de seus resultados trimestrais: Aracruz do dia 7 para 17 de outubro; e VCP do dia 15 para 17 de outubro.
As ações ordinárias (ON) da BM&FBovespa registraram a segunda maior queda, de 13,69%; e JBS ON, na terceira posição, recuou 11,61%.
As ações do setor bancário, por sua vez, foram afetadas ainda pela medida anunciada ontem à noite pelo Banco Central de que os bancos que adquirirem carteiras de crédito de outras instituições terão redução do depósito compulsório dos depósitos a prazo. Os grandes bancos entenderam o recado do BC e devem comprar carteiras, conforme sinalizou o executivo de um grande banco brasileiro à Agência Estado.
As dúvidas sobre o impacto na rentabilidade dos grandes bancos de eventuais aquisições nesse sentido pressionaram as ações do setor, uma vez que a qualidade de algumas carteiras a serem adquiridas pode ser inferior à dos compradores. As units do Unibanco caíram 10,08%, Itaú PN -7,10%, Banco do Brasil ON -6,40% e Bradesco PN, -5,03%. Fora do índice, Cruzeiro do Sul PN -6,01%, Daycoval PN -4,35% e Pine PN -5,52%.No caso das blue chips, Petrobras PN caiu 3,28% e ON recuou 1,80%. Vale PNA cedeu 1,50% e Vale ON subiu 0,58%.
Entre as maiores altas do Ibovespa, Brasil Telecom PN subiu 5,14%, Lojas Renner ON avançaram 4,67% e Cesp PNB valorizou-se 4,29%.

2 comentários:

Unknown disse...

e doutor no negio esta cada vez mais maluco..esta impossivel tu conseguir prever para onde o mercado esta correndo..nao estouentendo mais nada...mas ainda tenho fe q vai se alterar..
É como a frase do waren bufet, essa e a hora de fazer dinheiro..

Anônimo disse...

Creio que a imprensa dita especializada é que não sabe para aonde a coisa vai.
Para quem se utiliza da Análise Técnica é mais fácil prever..
Por enquanto o mercado é de baixa (e pode durar meses) e só deve entrar quem sabe operar na mão contrária (venda), para ter sucesso nesse mercado.
Nenhuma recomendação de compra de ações, a não ser que se faça arbitragem (comprar um ativo e alugar outro para venda e tentar ganhar com a diferença).
Abcs.