terça-feira, 18 de março de 2008

Para economistas, risco do Brasil ainda não é dramático

Para economistas, risco do Brasil ainda não é dramático
18.03.2008 08h32

Por Agência Estado

Ainda não será desta vez. Para a maior parte dos analistas, mesmo com o agravamento da crise bancária nos Estados Unidos, com a literal pulverização do banco de investimentos Bear Stearns, a economia brasileira continua razoavelmente resguardada de um contágio mais violento. Por outro lado, é inegável que os ricos aumentaram, mesmo que não sejam dramáticos. “O real desvalorizou-se 4% e há mais volatilidade nas bolsas brasileiras e nos títulos de renda fixa de longo prazo, mas isso não parece ser algo que possa afetar a velocidade da criação de empregos e do investimento na economia brasileira”, diz Tomás Málaga, economista-chefe do Itaú.

Ele observa que o indicador fundamental para o Brasil, que é o preço das commodities (matérias-primas), continua favorável, sem sinais de que ele vai despencar. “Se essa recessão for restrita aos Estados Unidos, dificilmente terá um impacto muito grande nas commodities”, prevê Málaga. O economista ressalva que, se a recessão americana durar vários trimestres e prolongar-se 2009 adentro, haverá de fato uma redução mais substancial das exportações asiáticas para os Estados Unidos, que poderia afetar o desempenho daqueles países. Ainda assim, continua Málaga, há o efeito compensador dos mercados internos da Ásia, que vêm trilhando um saudável ritmo de crescimento.

Roberto Padovani, estrategista para a América Latina do WestLB, acha que o agravamento da crise bancária americana “reabre a questão do descolamento da economia brasileira”. Ele explica que, há uma semana, ainda via um quadro de recessão suave nos Estados Unidos, manutenção do crescimento chinês e o Brasil razoavelmente livre de contágio, beneficiado pela expansão asiática e também pela política econômica sólida que em praticado. Com a quebra de um banco americano, porém, ele acha que os dados foram embaralhados de novo: “É um fato novo e importante porque lança dúvidas sobre os demais bancos”. Para Padovani, uma crise desse tipo reduz a importância dos indicadores econômicos correntes da economia americana, que não estão tão ruins. O problema, ele explica, é que,“diante da possibilidade de contração de crédito pela frente, os números do comércio em janeiro e fevereiro não são tão importantes”. Ainda assim, pelo fato de a economia brasileira ser razoavelmente fechada, Padovani não vê “nada dramático” pela frente.

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