quarta-feira, 2 de julho de 2008

Ibovespa fecha em queda de 3,61%, a 3ª maior do ano

por Claudia Violante da Agência Estado
02.07.2008 17h37

Mais um recorde do petróleo, indicadores econômicos norte-americanos ruins, expectativa com o relatório do mercado de trabalho nos EUA, ameaça terrorista e, principalmente, fuga de investidor estrangeiro no Brasil levaram a Bolsa de Valores de São Paulo a registrar sua terceira maior queda porcentual do ano e atingir o menor patamar de pontuação desde 31 de março (60.968,1 pontos), ou seja, em mais de três meses.
O Ibovespa, principal índice, encerrou a sessão em queda de 3,61%, aos 61.106,2 pontos, a maior variação negativa desde a queda de 5,01% em 19 de março. O índice oscilou entre a mínima de 61.028 pontos (-3,74%) à máxima de 63.945 pontos (+0,87%). Em apenas dois pregões de julho, já acumula perdas de 6,02%. No ano, a queda é de 4,35%. O volume financeiro negociado hoje totalizou R$ 6,314 bilhões.
Em Nova York, o índice Dow Jones encerrou em queda de 1,47%, o S&P caiu 1,82% e o Nasdaq perdeu 2,32%. No início do dia, até parecia que o terror daria uma trégua aos mercados e as bolsas arriscaram operar em alta, ajudadas pelo anúncio do Deutsche Bank de que não precisará de novos aportes de capital para equilibrar sua posição financeira. Só que esse quadro logo mudou com os indicadores ruins e com as declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson. Em Londres, ele afirmou que os bancos precisam de dinheiro novo, o que serviu de contraponto ao anúncio do Deutsche.
O principal número ruim que saiu hoje foi o de vagas de trabalho da pesquisa ADP, nos Estados Unidos. Foram fechados em junho 79 mil postos de trabalho no setor privado, ante corte de 20 mil previsto pelos analistas. Esse dado fez com que as piores previsões para o relatório do mercado de trabalho (que reúne também os números do setor público), que sai amanhã, ganhassem reforço. As expectativas são de que os dados oficiais mostrem o encolhimento de 55 mil vagas.
Os investidores ainda reagiram ao relatório do banco de investimentos Merrill Lynch, que não descartou a possibilidade de a montadora General Motors ser obrigada a recorrer a concordata.
O petróleo negociado em Nova York fechou o dia com preço inédito, de US$ 143,57 por barril, em alta de 1,84%, e chegou aos US$ 144,15 no pregão eletrônico, valor também recorde. A alta decorreu na queda dos estoques norte-americanos do petróleo na semana encerrada em 27 de junho e também do enfraquecimento do dólar em relação a outras moedas.
No Brasil, as ações da Petrobras até subiram no começo do dia, mas também não conseguiram resistir à onda de vendas que varreu o mercado doméstico - o que ela vinha conseguindo fazer nos últimos pregões. Hoje, o presidente da empresa, José Sérgio Gabrielli, afirmou que o aumento do preço do petróleo no mercado internacional não será repassado aos preços da estatal. Petrobras PN despencou 4,58% e Petrobras ON perdeu 4,09%.
Os estrangeiros não se desfizeram só das ações mais líquidas, como Petrobras e Vale: apenas sete ações do Ibovespa, que conta com mais de 60 papéis, fecharam em elevação. Na sexta-feira é feriado nos Estados Unidos e, diante das condições adversas, eles não querem passar o final de semana prolongado "comprados" (com ações na carteira, à espera de que se valorizem). Vale PNA fechou em baixa de 5,73%, e Vale ON, de 5,13%.
Em tempo: uma ameaça terrorista nos EUA também ajudou a tumultuar o quadro no mercado financeiro. A polícia fechou a maior parte do Aeroporto Internacional de Los Angeles, todas as decolagens foram canceladas e todos os vôos com destino à cidade foram redirecionados. Um suspeito foi preso e será interrogado.

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