segunda-feira, 14 de julho de 2008

Na contramão de NY, Ibovespa abre semana em alta

por Claudia Violante da Agência Estado
14.07.2008 17h28

A notícia de que o governo norte-americano vai ajudar as duas principais agências de hipotecas dos Estados Unidos serviu de justificativa para cessar as ordens de vendas de ações na Bovespa. Assim, o principal índice da Bolsa doméstica abriu a semana em alta, na contramão de Wall Street, que caiu. O setor financeiro foi destaque negativo por lá, por causa das dúvidas sobre como se dará a ajuda às agências Freddie Mac e Fannie Mae, do alerta da Goldman Sachs sobre os bancos médios e, por fim, dos rumores de que o banco de investimentos Lehman Brothers vai fechar o capital.
O Ibovespa terminou o dia em alta de 0,95%, aos 60.720,9 pontos. Oscilou entre a mínima de 60.156 pontos (+0,01%) e a máxima de 61.306 pontos (+1,92%). As perdas em julho diminuíram para 6,61% e as do ano até hoje, para 4,95%.
Em anúncios separados ontem, o Tesouro americano e o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) deixaram claro que o governo federal considera necessário ajudar as agências hipotecárias, cujas ações despencaram na última semana com temores sobre a solvência delas. Em um passo dramático para ajudar a estabilizar a Fannie Mae e a Freddie Mac, os reguladores financeiros dos EUA permitirão que as empresas tomem recursos emprestados diretamente do Fed e propuseram ao Tesouro a autoridade de assumir uma participação nas agências.
Logo cedo, as ações nas Bolsas de Nova York subiam, mas o fôlego foi curto, já que os investidores engataram ordens de vendas em função das dúvidas sobre como a ajuda se dará. Um alerta do Goldman Sachs de que os bancos regionais dos EUA poderão ter que cortar dividendos para restabelecer o capital e os rumores de que o Lehman Brothers poderá fechar o capital, de modo a evitar um arranjo como o da venda do Bear Stearns, completam o quadro negativo que se instalou hoje em Nova York. O índice nova-iorquino Dow Jones terminou a sessão em baixa de 0,41%, o S&P recuou 0,90% e o Nasdaq caiu 1,17%.
Na Bovespa, os investidores usaram a notícia para interromper, mesmo que momentaneamente, a queda acumulada pelo índice no mês. “Os investidores se acalmaram hoje para esperar pelo que vai acontecer”, comentou um profissional do mercado ao lembrar que a agenda da semana é carregada nos próximos dias. As compras de ações, que ocorreram de forma generalizada, também acabam servindo como um colchão que pode ser usado para os momentos de maior volatilidade.
Mas as aquisições não foram muito exuberantes, sinal de que o quadro ainda é de cautela. Mostra disso está no volume financeiro tímido do dia, de apenas R$ 4,308 bilhões. Os setores de siderurgia e energia fecharam no azul, assim com as ações da Vale e da Petrobras (Vale PNA subiu 2,21%, Vale ON ganhou 1,65%, Petrobras PN avançou 0,69% e Petrobras ON registrou elevação de 0,28%).
Para amanhã, a história deve ser diferente, já que a temporada de balanços começa a mostrar números mais relevantes - são destaques os resultados trimestrais da Intel e da Johnson & Johnson. Além disso, sai nos EUA o índice de preços no atacado.

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