segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Bolsa despenca 3,51% e volta ao nível de 23 de janeiro

por Claudia Violante da Agência Estado
04.08.2008 17h32

Agosto mal começou, mas a Bovespa já conseguiu praticamente dobrar as perdas acumuladas em 2008. Até o fechamento de julho, a queda do Ibovespa, principal índice, havia atingido 6,86%, mas depois de cair mais de 3% nos dois primeiros pregões de agosto as perdas foram ampliadas para 12,96% em 2008 - 6,55% apenas este mês.
Hoje, o índice recuou 3,51%, a maior queda porcentual desde os 3,61% de 2 de julho. Esta segunda-feira terminou com o Ibovespa aos 55.609,1 pontos, menor nível desde 23 de janeiro (quando encerrou com 54.234,8 pontos). Na mínima do dia, o índice registrou 55.367 pontos (-3,93%) e, na máxima, 57.647 pontos (+0,02%). O volume financeiro totalizou R$ 4,691 bilhões.
A queda dos metais e do petróleo e a fuga de estrangeiros derrubaram as principais ações domésticas, com os papéis mais líquidos e os de primeira linha conduzindo o tombo. Nova York também contribuiu para isso, mas a queda lá foi bem mais tímida, justamente porque o componente petróleo serviu de freio às ordens de vendas. O índice nova-iorquino Dow Jones recuou 0,37%, o S&P caiu 0,90% e o Nasdaq fechou com perdas de 1,10%.
O principal indicador esperado para hoje nos Estados Unidos era o índice de preços dos gastos com consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês). E ele não foi muito agradável. O núcleo do PCE (porção do índice que exclui alimentos e energia, que têm preços voláteis), em base anual, subiu 2,3% em junho, acima da meta do banco central dos EUA, de variação de alta entre 1% a 2%. O índice cheio (ou seja, com alimentos e energia) avançou 4,1%, na comparação anual. Além disso, os gastos com consumo - responsáveis por dois terços da atividade econômica dos EUA - caíram 0,2% em junho em comparação a maio, em termos ajustados à inflação, a primeira retração desde fevereiro. A renda pessoal, por sua vez, subiu 0,1% em junho, menor aumento desde abril de 2007.
Além desses números ruins, o setor financeiro voltou a pesar hoje sobre os índices, depois da falência do First Priority Bank, da Flórida, fechado na sexta-feira, e da queda do lucro do HSBC.
O petróleo ajudou Wall Street ao cair 2,95%, para US$ 121,41 por barril, mas prejudicou as ações da Petrobras, ainda afetadas com as vendas dos investidores estrangeiros. As ações ON da empresa terminaram em baixa de 5,13% e as PN, em queda de 4,69%.
Mas foi a Vale quem roubou a cena do pregão ao derreter mais de 7% (-7,21% as ON e -7,15% as PNA). Além do fechamento em baixa dos metais e da fuga de estrangeiros, os investidores têm penalizado os papéis após a subscrição, no mês passado, e também em meio às notícias de taxação do setor pelo governo. A análise corrente dos especialistas, entretanto, é de que há exagero na queda. Os setores siderúrgico e bancário também despencaram hoje, respectivamente por causa dos metais e dos correspondentes norte-americanos.
Amanhã, o principal destaque da agenda é a reunião do Banco Central dos Estados Unidos, que deve manter a taxa de juro em 2% ao ano. A avaliação é de que os investidores já se protegeram do evento no pregão de hoje e, a menos que uma notícia muito ruim esteja no comunicado que traz a taxa de juros, pode haver espaço para compras.

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