terça-feira, 5 de agosto de 2008

Crescem os programas de recompra de ações

por Graziella Valenti de Valor Econômico
05/08/2008

A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) engordou ontem a lista de companhias que anunciaram programas de recompras de ações. Só no mês de julho, um total de cinco programas foram abertos - bancos ABC Brasil, Pine, Paraná e Patagônia, além de Bradespar.
O aumento do uso desse mecanismo é resposta tradicional das empresas ao desempenho negativo da bolsa, que se acentuou fortemente nas últimas semanas. Agosto mal começou e o Índice Bovespa já acumula perda de 6,55%. No ano, a perda registrada pelo indicador é de 12,96%.
Metade dos programas lançados no mês passado, porém, pertence a bancos médios nacionais, que abriram capital recentemente e acumulam perda substancial desde a listagem na bolsa. Nenhuma das instituições têm perda inferior a 20% em 2008.
Sozinho, o programa da CSN significa a retirada de R$ 608 milhões de circulação. A companhia pode adquirir 2,3% dos papéis que estão em bolsa, até 27 de agosto. No total, os cinco programas anunciados em julho somavam pouco menos de R$ 200 milhões.
Mas não é de hoje que esse mecanismo começou a ser usado. Há nada menos do que 25 recompras abertas desde janeiro, segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O total de programas lançados neste ano, porém, pode ser ainda maior. O dado não contempla empresas que tenham começado e já encerrado seus programas neste ano. Considera apenas aqueles ainda abertos. Tomando como base o fechamento do mercado ontem, as recompras abertas somam um volume de R$ 1,6 bilhão.
Essa ferramenta é usada pelas companhias com duas finalidades principais: ajudar na sustentação dos preços na bolsa, com aumento da demanda compradora, e ainda sinalizar que os investidores estão atribuindo um desconto exagerado aos papéis, tornando-os uma boa opção de investimento. A CSN, por exemplo, justifica assim seu programa: "maximizar a geração de valor para o acionista por meio de uma administração eficiente de sua estrutura de capital".
Depois de recomprar os papéis, as empresas podem decidir por cancela-los ou vendê-los no mercado - quando julgarem o preço apropriado. Entretanto, as ações não podem ficar na tesouraria da companhia por mais de 90 dias, segundo as regras da CVM.
Dos programas abertos, 13 são de companhias que captaram recentemente na Bovespa. No caso das novatas, a opção pela recompra enfrenta alguma resistência. Nem todos julgam que a aplicação dos recursos na compra de suas próprias ações é a melhor destinação para o dinheiro. Isso porque as empresas que se capitalizaram recentemente tinham planos - pagar dívida ou investir para crescer.
De acordo com as regras da CVM, as empresas podem comprar até 10% das ações livres para circulação. Para lançar um programa de recompra, a companhia não pode comprometer recursos superiores ao saldo de lucros ou reservas disponíveis no último balanço. Na prática, isso significa que a empresa não deve comprometer sua liquidez financeira para comprar papéis em queda na bolsa.

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