sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Bovespa sobe 9,57%, maior alta desde janeiro de 1999

por Claudia Violante da Agência Estado
19.09.2008 17h56

Uma série de medidas anunciadas nos Estados Unidos trouxe euforia aos mercados acionários mundiais, com os índices disputando ganhos nas mais diferentes praças. Não foi diferente no Brasil, onde a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) registrou a maior elevação porcentual desde 15 de janeiro de 1999, quando houve uma forte desvalorização do real e o regime de câmbio passou a ser flutuante no País.
O índice Bovespa (Ibovespa) subiu 9,57% hoje e fechou a 53.055 pontos. Em 15 de janeiro de 1999, tinha avançado 33,40%, segundo informações da Bolsa. Durante o pregão desta sexta-feira, o Ibovespa oscilou entre a mínima de 48.424 pontos (estabilidade) e a máxima de 53.168 pontos (+9,80%). Com os ganhos de hoje, a Bolsa brasileira acumulou elevação de 1,26% na semana e reduziu as perdas de setembro para -4,71%. No acumulado de 2008, o Ibovespa registra queda de 16,95%. O giro financeiro somou R$ 7,67 bilhões (dado preliminar).
Em linhas gerais, as medidas anunciadas hoje foram: o governo dos EUA planeja criar um fundo para comprar dívidas podres dos bancos de investimentos e outras instituições financeiras; a decisão da SEC (a comissão de valores mobiliários norte-americana) de proibir temporariamente as vendas a descoberto de posições de 799 companhias financeiras por um período de 10 dias - o Reino Unido e Austrália também proibiram a venda de ações a descoberto; o plano do Federal Reserve (Fed, banco central americano) para recomprar obrigações de dívida relacionadas às agências hipotecárias Fannie Mae e a Freddie Mac de certas instituições financeiras. Há ainda outras medidas adicionais com objetivo de estancar a crise; e o programa do Departamento do Tesouro dos EUA para garantir ativos dos fundos mútuos do mercado monetário.
As medidas levaram os investidores a se aventurarem pelo mercado acionário, muitos dos quais para zerar perdas recentes enquanto outros se animaram a tomar um pouco de risco. Assim, as bolsas subiram bastante não só nos países desenvolvidos como também nos emergentes, e ativos como as commodities (matérias-primas) fecharam em alta. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês), o contrato de petróleo com vencimento em outubro avançou 6,81%, a US$ 104,55 o barril.
Em Wall Street, o Dow Jones terminou em alta de 3,35%, aos 11.388,44 pontos, o S&P em alta de 4,02%, a 1.255,07 pontos, e o Nasdaq, em alta de 3,40%, aos 2.273,90 pontos. Mas os ganhos em Wall Street foram tímidos em comparação à irracionalidade que se viu na maioria das bolsas mundiais.
A Bolsa de Hong Kong, por exemplo, atingiu seu maior ganho em oito meses, com o índice Hang Seng disparando 9,6%, para 19.327,72 pontos. Na Rússia, as ordens de compras levaram as operações a serem interrompidas por uma hora na Russian Trading System (RTS), principal mercado acionário do país, depois que o índice havia subido 20%.
Na Europa, a Bolsa de Londres fechou com valorização de 8,84% - com alta de 431,3 pontos, a maior em 20 anos -, a Bolsa de Paris subiu 9,27% e a Bolsa de Frankfurt ganhou 5,56%. Como era de se esperar, as ações do setor financeiro assumiram a dianteira nas bolsas, porque foram as que mais apanharam nos últimos dias após as notícias de falência de instituições financeiras nos EUA.
Apesar da euforia de hoje, passado o final de semana e os ânimos mais calmos, há quem preveja uma realização de lucros nos ativos, principalmente porque ninguém ainda acredita que o fim da crise financeira global está à porta - talvez mais perto apenas.
Hoje, nenhuma ação do Ibovespa fechou em baixa. As ações preferenciais (PN) da Petrobras, as mais negociadas, fecharam em alta de 8,07% a R$ 34,80. As ações ordinárias da estatal ganharam 9,16% e fecharam a R$ 42,90. Vale PNA (ação preferencial da classe A), o segundo papel mais negociado na Bolsa, subiu 6,21% a R$ 36,75. A terceira ação mais negociada foi BM&FBovespa ON, que disparou 15,41% a R$ 9,06.

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