quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Bolsa cai 2% hoje e perde 7% em quatro dias

por Agência ESTADO
19 de Novembro de 2008 18:53

A Bovespa acompanhou o sinal negativo das bolsas norte-americanas e fechou mais um dia em baixa, pela quarta sessão consecutiva. No período, acumulou perdas de 7,19%. Um índice de inflação e um dado do setor de moradias afetaram as ações em Wall Street, além das preocupações com as problemáticas montadoras. Aqui, os setores siderúrgico e bancário lideraram as ordens de vendas, ainda fortes nas ações de Vale e Petrobras.
O Ibovespa fechou em baixa de 2,02%, aos 33.404,55 pontos. Oscilou entre a mínima de 33.275 pontos (-2,4%) e a máxima de 34.786 pontos (+2,03%). No mês, acumula perdas de 10,34% e, no ano, de 47,71%. Por causa do feriado do Dia da Consciência Negra amanhã em algumas cidades brasileiras, entre elas São Paulo, o volume financeiro foi ainda mais fraco do que nos últimos dias e somou R$ 2,9 bilhões.
Às 18h19 (de Brasília), em Nova York, o índice acionário Dow Jones caía 3,05%, o S&P tinha baixa de 3,95% e o Nasdaq perdia 4,04%.
O temor com o futuro das montadoras norte-americanas permeou os negócios nos mercados acionários dos Estados Unidos hoje, depois que os dirigentes de GM, Ford e Chrysler pediram ontem, no Congresso, uma ajuda financeira extra às empresas. Os parlamentares resistem a dar mais dinheiro às empresas e os analistas e economistas estão preocupados em saber onde isso vai parar.
Com esse quadro no pano de fundo, os índices divulgados hoje desagradaram. Em outubro, houve queda de 4,5% no número de construções de residências iniciadas nos EUA ante setembro, para o recorde de baixa de 791 mil. Na comparação anual, as construções iniciadas ficaram 38,0% abaixo do nível de outubro de 2007. As licenças para construção também caíram fortemente, em 12,0%, o quádruplo do recuo de 3,1% esperado por analistas.
Nos preços, também houve queda. Mas o que seria bom em tempos de aquecimento econômico é ruim em crises, já que mostra a fragilidade da atividade econômica. O CPI, o índice de inflação no varejo, registrou deflação em outubro, tanto no dado cheio quanto no núcleo, que é mais observado pelos analistas. A queda ante outubro foi de 1%, a maior desde fevereiro de 1947. No núcleo, que exclui os preços de alimentos e energia, o declínio atingiu 0,1%, o maior desde dezembro de 1982.
No Brasil, as condições estão muito melhores do que as vistas nos Estados Unidos e Europa, basta ver os índices divulgados aqui hoje. A Receita comunicou que a arrecadação de impostos e contribuições federais atingiu o volume recorde R$ 65,4 bilhões no mês passado, com avanço real (já descontada a inflação) de 17,1% em relação a setembro e de 12,3% ante o mesmo mês de 2007. E o IBGE anunciou que a taxa de desemprego recuou para 7,5% em outubro, ligeiramente abaixo dos 7,6% em setembro e inferior à taxa registrada em outubro do ano passado, de 8,7%.
Apesar dos índices melhores, teremos contágio da crise, com a menor demanda de commodities (matérias-primas). Isso é uma das principais razões a deprimir o Ibovespa, formado majoritariamente por ações de empresas ligadas a este setor. Hoje, o setor siderúrgico foi um dos principais a operar no negativo, depois que a Votorantim Metais anunciou corte na produção de zinco e demissões. Vale ON caiu 2,15% e Vale PNA, 2,77%.
O setor bancário também pressionou o Ibovespa para baixo, sendo que as ações da Nossa Caixa foram exceção em grande parte do dia. O governador de São Paulo, José Serra, reuniu-se hoje com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e cogitava-se que a venda do banco paulista para o BB seria um dos assuntos da pauta. Os papéis do BB fecharam com ligeira queda, de 0,6%, mas os demais tiveram retração forte. Nossa Caixa ON virou no final e caiu 0,37%.
As ações de Petrobras, que também chegaram a subir durante a manhã, retomaram o sinal negativo à tarde, influenciadas pelos preços deprimidos do petróleo. Petrobras PN recuou 4,29% e PN, 3,9%. Em Nova York, o barril fechou a US$ 53,62, baixa de 1,42%. Ontem, o gerente-geral de novos negócios da área de Exploração e Produção, José Jorge de Moraes Júnior, falou sobre a revisão do plano de negócios. Hoje, em esclarecimento à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a estatal informou que o plano de negócios ainda está em elaboração e, por isso, não possui no momento informações suficientes para afirmar sobre o adiamento e a antecipação de seus projetos e, conseqüentemente, sobre os seus possíveis impactos na curva de produção estimada para os próximos anos.

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