sexta-feira, 28 de novembro de 2008

IGP-M pede corte da Selic. 'Vendido' festeja

por Luiz Sérgio Guimarães de Valor Econômico
28/11/2008

A abrupta e vigorosa desaceleração do IGP-M deu razão e força à ala do mercado que defende um corte imediato da taxa Selic. O indicador acusou alta de 0,38% em novembro, ante 0,98% em outubro e estimativa Focus de 0,67%. Ninguém esperava um índice tão baixo. Derrubado pelas commodities agrícolas e pela descompressão dos preços industriais, o IGP-M mostrou que ninguém precisa temer os efeitos da desvalorização cambial sobre a inflação. O Copom estaria liberado para, sem medo de repiques inflacionários, voltar a reduzir a Selic e, com isso, tornar viável a meta governamental de crescimento do PIB em 2009, de 4%. "Nos preços dos produtos agrícolas, a descompressão das cotações de boa parte das commodities sobrepôs-se à desvalorização cambial recente", diz estudo da LCA. Já o conjunto dos produtos industriais, a despeito do alívio constatado em novembro, ainda carrega, segundo a consultoria, os efeitos das fortes elevações das cotações de importantes commodities registradas no primeiro semestre do ano. A evolução mais modesta da atividade econômica, associada ao atual desafogo de boa parte das commodities, poderá contudo "mitigar futuros repasses". Do piso do ano (R$ 1,5590, no fechamento do dia 1º de agosto) até ontem (R$ 2,2810), o dólar valorizou-se 46,3%. Os informes inflacionários tranqüilizadores confirmam a visão dos "vendidos em taxa" no mercado futuro de juros da BM&F. São eles os investidores estrangeiros (R$ 113 bilhões em posição vendida em CDI futuro) e os fundos nacionais (R$ 35,13 bilhões). Os fundos de capital externo adotam aqui a mesma posição assumida globalmente: para combater os efeitos recessivos da crise financeira, os bancos centrais precisam cortar os juros. Não consideram o Brasil um país "diferente" dos demais, um caso sui generis. É por isso que a aposta líquida é de uma redução do juro básico já na próxima reunião do Copom, dia 10 de dezembro. Os "comprados em taxa" discordam. São eles os bancos, com caixa comprado em DI futuro no valor de R$ 111,81 bilhões. Eles argumentam que os impactos nocivos da crise sobre a inflação ainda não chegaram plenamente ao consumidor. Mesmo o IGP-M muito baixo divulgado ontem seria uma prova de que as decisões de política monetária devem ser pautadas pela cautela. Afinal, a parte minoritária do IGP-M composta pelos preços ao consumidor apresentou aceleração de 0,25% em outubro para 0,52% em novembro.

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