terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Crise requer mais medidas para sanear sistema financeiro, diz Bernanke

por Valor Online
13/01/2009 12:58


SÃO PAULO - Os incentivos fiscais podem dar estímulo à atividade, mas a recuperação econômica também exige um plano mais complexo, que estabilize o sistema financeiro e restabeleça os fluxos normais de crédito, afirmou hoje o presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos Estados Unidos), Ben Bernanke. Ele assegurou que o Fed continuará a usar " agressivamente " os instrumentos de que dispõe para enfrentar o maior desafio no curto prazo, que é promover uma recuperação econômica global, mas ponderou que outras medidas serão necessárias.
" O novo governo (de Barack Obama) e o Congresso estão discutindo agora um vigoroso pacote fiscal que, se aprovado, pode prover um impulso significativo para a atividade econômica " , mencionou Bernanke. " Em minha opinião, porém, ações fiscais não promovem uma recuperação duradoura, a menos que sejam acompanhadas de medidas fortes para estabilizar e fortalecer o sistema financeiro. A História demonstra que uma economia moderna não pode crescer se o seu sistema financeiro não está operando efetivamente. "
O presidente do Fed reconheceu medidas já tomadas pelo governo americano para tentar domar a crise, como as injeções de cerca de US$ 250 bilhões feitas pelo Tesouro em instituições financeiras e o aumento das garantias a empréstimos e títulos bancários, que se aliaram a iniciativas de outros países e impediram um agravamento ainda maior da situação. " No entanto, com a piora das perspectivas de crescimento econômico, a continuidade das perdas de crédito e da depreciação de ativos pode manter a pressão no capital e no balanço das instituições financeiras por algum tempo " , disse Bernanke em discurso na London School of Economics, na Inglaterra. " Consequentemente, mais injeções de capital e garantias podem ser necessárias paa assegurar a estabilidade e a normalização dos mercados de crédito. "

Para Bernanke, o Tesouro americano pode ajudar os bancos a retirar de seus balanços os ativos com problemas - seja pela compra desses ativos, seja dando garantias a eles. Com esse saneamento, acredita ele, as instituições conseguirão atrair investimentos privados.

Bernanke considera inevitável auxiliar a indústria bancária, porque a economia como um todo depende dos fluxos de crédito que passam por essas instituições. " Os efeitos destrutivos da instabilidade financeira no nível de emprego e de crescimento já são evidentes em todo o mundo. " No entanto, ele criticou a pressão existente para ajudar bancos " grandes demais para falir " . Para ele, " é inaceitável que grandes bancos que o governo agora é compelido a auxiliar estivessem entre os maiores tomadores de risco durante o período de crescimento " . No futuro, defendeu, instituições cuja quebra possa gerar um risco sistêmico devem aceitar um escrutínio mais rigoroso de sua política de assunção de risco.
Se a recuperação global é o desafio de curto prazo, existem outros para o longo prazo cujo enfrentamento, segundo Bernanke, " não se pode dar ao luxo de adiar " . Entre esses desafios, ele citou o fortalecimento do sistema regulatório e a melhora nos instrumentos de administração de risco. Ao concluir seu discurso, o presidente do Fed lembrou que o mundo, hoje, é interconectado e as ações para aprimorar o sistema regulatório devem ser compartilhadas com outros mercados. " A cooperação internacional é essencial se quisermos ter sucesso ao lidar com esta crise e lançar as bases para uma recuperação saudável e sustentada. "

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