sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Bolsa perde 2,84% no mês, mas ainda ganha 1,69% no ano

por Agência ESTADO
27 de Fevereiro de 2009 18:52

Em uma sessão bastante volátil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) conseguiu descolar-se de Wall Street na maior parte da tarde, mas fechou praticamente estável, após três pregões seguidos de queda. Os especialistas apontaram que o final de mês, a boa vontade dos investidores com o Brasil, a previsão de corte de pelo menos um ponto porcentual na taxa Selic (juro básico da economia brasileira) em março e o ingresso de recursos estrangeiros garantiram a recuperação do índice Bovespa à tarde.
O Ibovespa terminou o pregão com elevação de apenas 0,01%, aos 38.183,31 pontos. Na semana, recuou 1,37%, fechando o mês de fevereiro com perda de 2,84%. Mas esta queda não conseguiu apagar os ganhos de janeiro, e o acumulado do ano é positivo em 1,69%. Na mínima do dia, a Bolsa tocou os 37.324 pontos (-2,24%) e, na máxima, atingiu os 38.801 pontos (+1,63%). O giro financeiro totalizou R$ 3,817 bilhões. Os dados são preliminares.
A ligeira recuperação das Bolsas em Wall Street na segunda metade do pregão abriu espaço para que os investidores fossem às compras no mercado doméstico. Como hoje é o último dia útil do mês, sempre há uma corrida para garantir um desempenho melhor às carteiras. Além disso, "há boa vontade com o Brasil, com a perspectiva de queda dos juros", destacou o gestor gerente da Infinity Asset, George Sanders.
Essa boa vontade já vem sendo registrada pelas ações da Petrobras há três sessões, contando com hoje, embora os papéis preferenciais (PN), nos minutos finais, tenham virado para baixo e recuado 0,45%. No mês, entretanto, subiram 5,47%. Petrobras ON avançou 0,62% hoje e 7,67% em fevereiro, também com compras dos investidores estrangeiros. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o contrato futuro do petróleo com vencimento em abril fechou em baixa, de 1,02%, aos US$ 44,76 por barril. Na próxima sexta-feira, a Petrobras divulgará seu balanço do quarto trimestre de 2008.
O analista de investimentos da Spinelli Max Bueno lembrou que a Petrobras está em vantagem em relação a suas equivalentes internacionais, visto que seu custo de produção é mais baixo e o preço dos derivados não foi reduzido apesar da queda do petróleo no mercado externo. "De maneira geral, as empresas brasileiras estão entregando resultados mais fracos do que em 2008, mas com lucros saudáveis", destacou.
As ações PNA da Vale subiram 0,90% hoje, mas acumularam perda de 4,32% em fevereiro. No ano, as ações PNA da Vale têm valorização acumulada de 12,18%. Vale ON subiu 1,21% hoje, acumulou queda de 5,02% em fevereiro, mas no ano a valorização alcança 11,48%.
Mesmo com as condições domésticas mais firmes do que no cenário externo, aqui também há muitas razões com o que se preocupar. Hoje, por exemplo, a Fundação Getúlio Vargas (FGV) anunciou que a confiança do consumidor caiu em fevereiro, de 95,9 pontos em janeiro para 94,6 pontos, o menor patamar da série histórica, iniciada em setembro de 2005. Segundo a entidade, os consumidores estão preocupados com as condições econômicas para os próximos meses e cautelosos no que se refere à compra de bens duráveis.
Mas muito mais do que os dados domésticos, é o quadro internacional que diariamente renova as preocupações com o futuro da economia. Hoje, os dados revistos do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos mostraram uma queda muito maior do que o previsto no último trimestre de 2008 e arrastaram as bolsas para baixo. O componente adicional de pressão foi o acordo entre o Tesouro dos EUA e o Citigroup para tentar, mais uma vez, salvar a instituição que já foi um dos maiores conglomerados do mundo.
Pelo acordo fechado entre o governo americano e o banco, ficou acertada a troca de até US$ 25 bilhões de ações preferenciais do Citi por ações ordinárias. O Tesouro dos EUA vai assumir 36% do Citigroup em uma operação que não implicará qualquer injeção adicional de recursos do governo dos EUA na instituição.
O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York terminou o dia em baixa de 1,66%, aos 7.062,93 pontos. O S&P 500 recuou 2,36%, aos 735,09 pontos, e índice Nasdaq, teve perda de 0,98%, aos 1.377,84 pontos. O setor bancário foi destaque de baixa e os papéis do BofA, por exemplo, caíram 25,75%. Citigroup recuou 39,02%.
Não bastasse o acordo, o PIB dos EUA também não foi nada bom. Na segunda revisão do quarto trimestre, a queda passou de 3,8% para 6,2% na taxa anualizada, ante previsão de -5,4%. Foi o pior resultado trimestral desde os três primeiros meses de 1982. Outro indicador ruim foi o da confiança do consumidor, que recuou para 56,3 em fevereiro, de 61,2 em janeiro.
Para a próxima semana, não se vislumbra um quadro melhor. A volatilidade segue em alta e os indicadores e noticiário sobre o setor bancário dos EUA continuarão na mira. Os destaques da agenda são o relatório do mercado de trabalho norte-americano, na sexta-feira, mesmo dia da produção industrial doméstica.

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