quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Juro real cai a 6% e marca novo recorde

por Luiz Sérgio Guimarães de Valor Econômico

26/2/2009

O juro real para 12 meses bateu ontem recorde histórico de baixa. As duas pontas que formam a taxa real caíram. Resultado da diferença entre o juro nominal para os próximos 360 dias, que cedeu ontem de 10,94% para 10,88%, e da projeção de IPCA para o mesmo período feita pelo Boletim Focus do BC - que recuou de 4,63% para 4,60% -, o juro real reduziu-se a 6%, menor patamar da série histórica. É este o piso do custo do dinheiro básico usado para o cálculo dos empréstimos bancários. Num dia de incertezas no mercado americano, os juros cederam em bloco no mercado futuro da BM&F e o dólar fechou em baixa de 0,71% no mercado cambial à vista, cotado a R$ 2,3750. A percepção dos analistas é de que o governo brasileiro não pode depender dos desdobramentos da crise nos EUA. Precisa estimular a economia doméstica sem esperar por um desfecho iminente das turbulências. Os fatos desta semana mostraram que tão cedo os grandes bancos americanos não irão recuperar a sua credibilidade internacional e a sua capacidade de emprestar. A via mais rápida para a restauração da confiabilidade seria a nacionalização do sistema. Não virá. A administração Obama seguirá o plano lento e minudente de retomada da confiança. O primeiro passo, chamado de "teste de estresse", foi dado ontem. O segundo, a busca de dinheiro privado, durará seis meses. Só depois poderá haver, se necessária, uma "estatização branca e branda". Enquanto isso, a economia global patinará. Wall Street nem teve fôlego e ânimo para comemorar as novas declarações do presidente do Fed, Ben Bernanke. Em depoimento prestado ontem ao Comitê de Serviços Bancários da Câmara dos EUA, Bernanke deixou bem clara a posição do governo sobre o debate em torno da necessidade ou não de estatizar grandes bancos, já que, segundo ele, os pequenos e médios que emergiram dos escombros da crise estão sólidos e confiáveis. Os grandes ainda não. Nem por isso se fará a estatização. Bernanke não quer e não irá fazer a nacionalização, pelo menos nos moldes definidos por ele. Em sua opinião, um banco só se transforma em estatal se o governo detiver controle absoluto, equivalente a 100% do capital.

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