terça-feira, 3 de março de 2009

Na contramão de NY, Bovespa fecha em alta com Vale

por Agência ESTADO
03 de Março de 2009 18:34

Em uma sessão bastante volátil, a Bovespa conseguiu recuperar uma pequena parte das perdas de ontem, impulsionada pelas ações de Vale e siderúrgicas. Mas o sinal azul não foi constante o dia todo. Embora a análise no início do pregão fosse de recuperação técnica diante das perdas de ontem, a fala do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), Ben Bernanke, e mais indicadores ruins nos Estados Unidos causaram estresse no início da tarde. Mas declarações do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner, e do presidente Barack Obama trouxeram alívio.
A Bovespa fechou em alta de 0,64%, aos 36.467,56 pontos. Na mínima do dia, tocou os 35.722 pontos (-1,42%) e, na máxima, os 37.085 pontos (+2,35%). No mês, acumula perdas de 4,49% e, no ano, de 2,88%. O giro totalizou R$ 3,891 bilhões.
A elevação registrada na abertura dos negócios era instável, diante do quadro débil formado pelo noticiário e indicadores ruins da véspera. E ela mostrou essa faceta com as duras declarações de Bernanke, que afirmou a um comitê do Senado que a situação bancária não foi estabilizada, que os indicadores de curto prazo mostram pouco sinal de melhora e que é preciso agir com agressividade para resolver os problemas econômicos. Além disso, o presidente do Fed se disse irritado e desconfortável com a situação da AIG, a seguradora que ontem anunciou prejuízo corporativo recorde na história norte-americana e consumiu mais US$ 30 bilhões do governo para não quebrar - razão do tombo dos mercados ontem.
O índice de vendas pendentes de imóveis residenciais nos EUA ainda amplificou os efeitos das declarações de Bernanke. O dado caiu 7,7%, para 80,4 - menor nível desde que os dados começaram a ser compilados, em 2001. Analistas projetavam queda de 3,5%.
Mas nem tudo foi ruim no discurso de Bernanke. Ele apoiou os esforços da Casa Branca para estimular a economia, ao afirmar que é preciso uma ação agressiva para evitar uma calamidade econômica, mesmo que isso adicione trilhões de dólares à dívida do governo.
E mais tarde, as declarações de Obama, Geithner e também do primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon Brown, deram alívio às bolsas norte-americanas, garantindo uma ampliação dos ganhos à Bovespa. O presidente dos EUA disse estar "absolutamente confiante" que seus planos para reavivar a economia e restaurar a estabilidade no sistema financeiro irão funcionar. Gordon Brown, que estava na Casa Branca, emendou que "haverá uma grande mudança regulatória", com a possível criação de um "new deal" (novo acordo) global nos próximos meses. E Timothy Geithner, em audiência em comitê da Câmara, defendeu a ajuda financeira do governo Obama à seguradora AIG e outras instituições financeiras. Em Wall Street, a melhora vista à tarde não durou até o final e o Dow Jones terminou a sessão em baixa de 0,55%.
No Brasil, os papéis da Vale foram a locomotiva do pregão, puxando ainda as ações do setor siderúrgico. Em relatório de ontem, o Citigroup nomeou os ADRs (recibos de ações negociados nos EUA) da Vale e as ações da rival Rio Tinto como melhores escolhas entre as 5 grandes mineradoras globais, e recomendou a compra dos papéis da brasileira. Esta tarde, o Goldman Sachs, também em relatório, reduziu o preço-alvo dos ADRs da Vale, mas manteve a recomendação de compra. Vale ON terminou em alta de 1,92% e Vale PNA, de 2,18%. Os metais fecharam em alta no exterior. As siderúrgicas acompanharam a recuperação da mineradora e subiram.
Petrobras, que nos momentos de melhora das bolsas norte-americanas foi a escolha dos investidores para compra, não sustentou a alta. A ação ON caiu 0,59% e a PN, 0,88%. O preço do petróleo negociado na Bolsa Mercantil de Nova York subiu 3,74%, para US$ 41,65 o barril

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