terça-feira, 28 de abril de 2009

Após sessão volátil à tarde, Ibovespa fecha estável

por Agência ESTADO
28 de Abril de 2009 17:47

Depois do sobe-e-desce na segunda parte do pregão, o índice Bovespa encerrou a sessão de hoje estável, apagando a perda registrada na abertura e também a alta esboçada no meio da tarde, acompanhando a recuperação das Bolsas norte-americanas no mesmo horário. Pesaram contra a recuperação do Ibovespa as ações da Vale e de siderúrgicas e a favor estiveram Petrobras, bancos e empresas de energia.
O Ibovespa terminou a sessão estável, aos 45.821,44 pontos. Na mínima do dia, atingiu os 44.966 pontos (-1,86%) e, na máxima, os 46.138 pontos (+0,69%). No mês, acumula ganho de 11,96% e, no ano, de 22,03%. O giro financeiro totalizou R$ 4,357 bilhões. Os dados são preliminares.
Apesar de a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter elevado ontem o nível de alerta de risco de pandemia da gripe suína de 3 para 4, hoje o mercado de ações acordou mais sereno, querendo trocar em números o que pode se tornar a doença. E como um possível impacto na economia ainda é incipiente, o noticiário da crise financeira voltou ao primeiro plano. A iminência do resultado dos testes de estresse nos Estados Unidos, na próxima segunda-feira, jogou as luzes para os papéis de bancos nas bolsas americanas.
O Wall Street Journal trouxe reportagem hoje na qual informava que o Bank of America e Citigroup podem precisar levantar mais capital após os resultados destes testes de estresse. O jornal, que cita como fontes os reguladores dos EUA, também traz a reposta de executivos dos dois bancos, que contestam as informações.
Segundo o consultor de investimentos de um grande banco doméstico, os balanços dos bancos norte-americanos mostraram-se relativamente bons, mesmo sendo ajustados às regras recentes de ativos podres, e, por isso, a notícia do Wall Street Journal pegou os investidores de surpresa. "Eles imaginavam que os testes de estresse seriam 'ok' e, agora, já sabem que isso pode não ser totalmente certo", comentou.
Depois de ensaiar uma recuperação à tarde, o índice Dow Jones terminou a sessão com baixa de 0,10%, aos 8.016,95 pontos. O S&P 500 caiu 0,27%, a 855,16 pontos, e o Nasdaq, 0,33%, aos 1.673,81 pontos. Na Europa, as bolsas recuaram, em meio a receios com o setor bancário britânico e norte-americano e ao fraco desempenho dos papéis de empresas ligadas ao setor de turismo, que novamente foram atingidos pela preocupação com a disseminação da gripe suína. Em Londres, o índice FTSE-100 caiu 1,69%. Em Frankfurt, o índice Xetra-DAX recuou 1,85%. Na Bolsa de Paris, o CAC-40 teve declínio de 1,66%.
No Brasil, as ações de bancos e empresas de energia foram o fiel positivo do Ibovespa, que sofreu pressão negativa sobretudo das siderúrgicas e de Vale - Petrobras pesou em parte da sessão, mas virou para cima à tarde e contribuiu para garantir a estabilidade.
O setor de energia é considerado defensivo e, além disso, os dados divulgados ontem sobre o consumo no País mostraram alguma melhora, o que pode ter motivado os investidores a voltarem para os papéis. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo nacional de energia caiu 0,4% em março na comparação com o mesmo período do ano anterior, atingindo os 32.302 GWh. Embora negativo, foi a menor retração verificada desde dezembro de 2008, mês em que o consumo total começou a retrair. Ante fevereiro, houve aumento de 5,2%. Só para citar algumas, Copel PNB subiu 6,26%, na maior alta do Ibovespa, Eletrobrás ON, 4,93% e Cesp PNB, 4,10%.
No setor bancário, Bradesco PN terminou em alta de 1,07%, Itaú Unibanco PN, de 2,17% , e BB ON, 1,32%. Hoje, o presidente do BB, Aldemir Bendine, negou que exista algum tipo de pressão política para que a instituição reduza os spreads bancários e afirmou que não há qualquer "compromisso formal de gestão" com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a redução dos spreads praticados pelo BB. Spread é a diferença entre o custo pago pelo banco para captar recursos e o juro que ele cobra dos clientes.
A queda dos metais no exterior já seria justificativa para a baixa dos papéis da Vale, que acumulam ganhos ao redor de 25% em 2009. Mas o noticiário relativo à empresa foi forte. Uma delas foi a confirmação, pelo presidente da Vale China, de que a brasileira está vendendo minério de ferro às siderúrgicas chinesas por 80% dos termos contratuais de preços de 2008. Segundo ele, trata-se de um plano "de preços provisórios" e o valor será mantido até que as partes cheguem a um acordo sobre os preços para este ano.
A mineradora também informou que, dentre outros produtos, sua produção de minério de ferro no primeiro trimestre caiu 37,1% ante o mesmo período de 2008, passando de 74,4 milhões de toneladas para 46,8 milhões de toneladas. Em comparação com o quarto trimestre do ano passado, a queda foi de 25,9%. De acordo com a Vale, a redução foi uma resposta à queda da demanda por minérios e metais, que levou à paralisação de minas com custo de produção mais elevado e menor qualidade. Vale ON perdeu 1,75% e Vale PNA, 0,67%.
Petrobras fechou na contramão do preço do barril de petróleo, que caiu na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex). O contrato com vencimento em junho terminou a sessão em baixa de 0,44%, aos US$ 49,92. Petrobras ON subiu 0,25% e PN, 0,49% A empresa vai reajustar o querosene de aviação (QAV) em 6,2% no dia 1º de maio, na primeira alta do combustível desde agosto do ano passado. Em 2009, a queda acumulada até o dia 1º de abril atinge 29%.

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