terça-feira, 5 de maio de 2009

Ibovespa resiste à realização de lucro e avança 0,53%

por Agência ESTADO
05 de Maio de 2009 17:31

A volatilidade marcou as operações de hoje nas bolsas na Europa e Estados Unidos, influenciando também a Bovespa. A corrente vendedora, contudo, não teve fôlego suficiente para impor uma correção significativa às ações brasileiras - mesmo após um ganho superior a 6% na véspera. A presença de estrangeiros e uma realização de lucros relativamente fraca nos índices acionários nova-iorquinos permitiu que o Ibovespa encerrasse a terça-feira em alta de 0,53%, aos 50.669,78 pontos. Durante a sessão, o índice oscilou da máxima de 50.909 pontos (+1,00%) à mínima de 50.013 pontos (-0,78%). O volume financeiro continuou forte e somou R$ 5,634 bilhões. No mês, o Ibovespa aprecia-se 7,15% e, no ano avança 34,94%.
Em relatório, analistas da Itaú Securities avaliam que o Índice Bovespa segue em tendência de alta no curto/médio prazo com objetivos em 51.600 pontos e 53.000 pontos. Eles ponderam que caso o Ibovespa perca os 49.400 pontos, em um movimento de realização de lucros, isso motivará um processo de correção no curtíssimo prazo com espaço para descer mais. A "luz amarela", contudo, "somente acenderá se o Ibovespa fechar abaixo de 45.500 pontos", observam. Caso contrário, dizem os analistas, a direção é "avante".
Raffi Dokuzian, superintendente da Banif Corretora, nota que hoje a realização de lucros verificada em Nova York foi pequena e o noticiário não trouxe nada de muito negativo, o que ajudou a dar sustentabilidade à alta do Ibovespa. "Não dá para negar que o mercado está mais otimista depois de tanto tempo de vacas magras. Mas é um otimismo cauteloso, afinal, apesar de os fundamentos da economia brasileira serem bons para enfrentar a crise, ainda não há nenhum dado factível para dizer que as Bolsas sustentarão uma tendência de alta ad eternum", ponderou. Para ele, a economia norte-americana precisa ainda mostrar uma recuperação mais consistente.
A mesma avaliação é compartilhada pelos profissionais do UBS Pactual, que consideram necessários mais sinais de melhora no crescimento global para uma continuação do recente rali nas bolsas. "Acreditamos que as ações devem estabilizar-se antes de ampliarem as altas. E o resultado do teste de estresse aplicado a bancos nos Estados Unidos é um risco de curto prazo decisivo", escrevem em relatório. Tal resultado será conhecido na quinta-feira e a expectativa para essa divulgação foi inclusive apontada por analistas como um dos fatores que ampararam a realização de lucros em Wall Street.
O Wall Street Journal publicou hoje reportagem afirmando que dez dos 19 bancos que passaram pelos testes de estresse possivelmente precisarão levantar capital.
O noticiário, porém, foi de novo relativamente positivo no cenário norte-americano. O índice ISM sobre o setor de serviços subiu em abril para 43,7, de 40,8 em março. A leitura, embora demonstre contração na atividade (por estar abaixo de 50 pontos), aponta para uma redução no ritmo de declínio. Ainda, o presidente do banco central dos EUA, Ben Bernanke, apresentou um prognóstico cuidadosamente otimista em relação à economia antes de um depoimento preparado para o Comitê Econômico Conjunto do Congresso, em que afirmou que as autoridades ainda preveem uma recuperação da atividade econômica no final do ano.
Na cena doméstica, o IBGE informou que a produção industrial cresceu 0,7% em março ante fevereiro, na série com ajuste sazonal. Na comparação com março do ano passado, a produção caiu 10%. No primeiro trimestre de 2009, a produção acumulou queda de 14,7% ante o primeiro trimestre do ano passado - maior declínio trimestral apurado desde o primeiro trimestre de 1991 - e recuo de 7,9% ante o quarto trimestre de 2008.
As altas do Ibovespa foram lideradas por Aracruz PNB (+12,14%), VCP PN (+12,03%) e Klabin PN (+7,69%). Entre as maiores baixas, ALL Unit caiu 4,46%, B2W ON cedeu 4,45% e Net PN recuou 4,11%.
Petrobras e Vale apresentaram rumos divergentes. As ações PN e ON da estatal encerraram com valorização de 1,42% e 1,25%, respectivamente, apesar da queda nos preços do petróleo nos mercados internacionais. Já os papéis da mineradora terminaram a sessão no vermelho: Vale PNA caiu 0,78% e Vale ON recuou 0,75%.
O setor bancário também chamou a atenção com o resultado do Itaú Unibanco, que anunciou lucro líquido contábil de R$ 2,015 bilhões nos três primeiros meses do ano, uma queda de 27,66% ante o apurado em igual intervalo de 2008. O lucro líquido recorrente da instituição totalizou R$ 2,562 bilhões, com queda de 5,77% na mesma base de comparação. As ações ON do Itaú Unibanco subiram 1,02% e as PN avançaram 2,46%. Os papéis de outros bancos listados no Ibovespa também valorizaram-se: Bradesco PN ganhou 2,54%; Banco do Brasil ON, 1,09%; e Nossa Caixa ON, 0,22%.

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