terça-feira, 1 de setembro de 2009

Ibovespa segue exterior e cai 1,19%; Petrobras PN sobe

por Agência ESTADO
01 de Setembro de 2009 17:50

As dúvidas dos investidores acerca das regras da exploração de petróleo da camada pré-sal ainda não foram totalmente dissipadas, mas isso não impediu que eles voltassem às compras de papéis da Petrobras - optaram, no entanto, pelas ações preferenciais (sem direito a voto), as mais líquidas. Isso contribuiu para reduzir a queda do índice Bovespa (Ibovespa), que trabalhou hoje colado ao mercado externo. E o primeiro pregão de setembro foi marcado pela volatilidade nas bolsas, mas o sinal vermelho predominou, puxado pelas ações do setor financeiro.

O Ibovespa terminou a sessão em baixa de 1,19%, aos 55.814,96 pontos - menor nível desde 18 de agosto (55.750,97 pontos). No ano, acumula ganho de 48,64%. O giro financeiro totalizou R$ 5,352 bilhões. Os dados são preliminares.

Setembro não é um mês tradicionalmente bom para os mercados acionários norte-americanos. Foi neste mês que ocorreu o crash de 1929 e a correção de 2000, o ataque terrorista que destruiu o World Trade Center, em Nova York, além da quebra do banco Lehman Brothers, no ano passado, o que aprofundou a crise nos Estados Unidos. Ou seja, o mês já se apresenta com um cartão de visitas nada agradável. Apesar disso, os indicadores que inauguraram setembro vieram bons, mas foram ignorados na sessão de hoje, onde o sinal negativo predominou. O relatório do mercado de trabalho (payroll) nos EUA, na sexta-feira, é uma das justificativas para a cautela dos investidores, puxando uma realização dos lucros recentes.

As ordens de vendas aconteceram principalmente sobre as ações do setor financeiro. "Oficialmente, o que se ouviu para a realização foi que a projeção dos resultados à frente estava muito exagerada, mas, nos bastidores, o boato de que um grande banco europeu estaria em dificuldades reforçou a realização", comentou o gestor gerente da Infinity Asset, George Sanders.

O Dow Jones recuou 1,96%, aos 9.310,60 pontos, o S&P 500 terminou em baixa de 2,21%, aos 998,04 pontos, e o Nasdaq caiu 2%, aos 1.968,89 pontos. Ações do Bank Of America (BofA) caíram 6,42%, JPMorgan, 4,12%, e Amex, 5,44%.

Os indicadores positivos divulgados mais cedo nos EUA corroboram os anteriores, sinalizando melhora da atividade. Mas os especialistas acham que ainda é cedo para tanta euforia e é preciso sinais mais consistentes da retomada, que podem vir, por exemplo, do mercado de trabalho. Na sexta-feira, a expectativa para o payroll de agosto é de um corte de 233 mil vagas de trabalho.

Foram divulgados hoje os gastos com construção (queda de 0,2% em julho ante junho e previsão de +0,2%); o índice de atividade industrial norte-americana do Instituto para Gestão de Oferta (ISM) (subiu para 52,9 em agosto, o maior nível desde junho de 2007 e acima das expectativas, de 50,9); e o índice de vendas pendentes de imóveis residenciais da Associação Nacional dos Corretores de Imóveis dos EUA (+3,2% em julho ante junho, para 97,6, o maior nível desde junho de 2007; analistas esperavam +2,0%).

Pré-sal

No Brasil, as discussões em torno do marco regulatório do pré-sal adentraram a terça-feira, quando o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, deu entrevista para comentar o assunto. Segundo ele, possíveis estimativas sobre qual seria o patamar de preço do barril que será usado no cálculo do volume de capitalização da estatal, que englobará um total de cinco bilhões de barris, é "especulação infundada". Ele negou que o valor do barril já tenha sido definido em US$ 10, conforme noticiado em vários jornais e agências de notícia hoje.

As regras não agradaram os especialistas, sobretudo no que se refere à mudança no regime de concessão para o modelo de partilha de produção e no fato de a Petrobras. deter participação em todos os blocos não licitados, o que poderia reduzir a atratividade do setor para as petrolíferas privadas. Na avaliação de Sanders, da Infinity, as regras são ruins "porque levantam a lebre de que o Brasil é mais um país latino-americano intervencionista", avaliou.

Embora no curto prazo as indefinições concentrem as preocupações, no longo prazo os analistas consideram que as regras são positivas para a estatal. Petrobras ON caiu 0,53% hoje, mas a ação PN subiu 0,70%. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o contrato do petróleo para outubro perdeu 2,73%, para US$ 68,05 o barril.

Vale fechou em baixa, na esteira da queda dos metais. Hoje, o UBS elevou o preço-alvo das ações da Vale e a reafirmou como preferida no setor de metais na América Latina. Credit Suisse divulgou ainda relatório elevando a recomendação para os papéis de neutra para outperform. As ações ON perderam 0,33% e as PNA, 0,97%. Os bancos seguiram o sinal do setor no exterior e recuaram: Bradesco PN, 1,14%, Itaú Unibanco PN, 2,85%, e BB ON, 1,57%.

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