sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Resultados positivos podem impulsionar a bolsa, mas volatilidade segue em pauta

por Equipe InfoMoney
19/02/10 20h00


SÃO PAULO - Como explicar as últimas duas semanas de alta consecutiva para o Ibovespa e a relativa estabilidade que tomou conta dos mercados internacionais?

A dúvida aumenta se levarmos em conta que os problemas apontados como principais responsáveis pelo aumento da aversão ao risco durante janeiro ainda estão presentes: a economia chinesa continua em suspeita de superaquecimento, a situação fiscal de alguns países da Zona do Euro permanece deteriorada e Obama não abandonou os planos de aumentar a regulação sobre o sistema financeiro.

Para Gustav Gorski, economista-chefe da Geração Futuro, um dos motivos é a "memória curta" do investidor. A solvência da Grécia ainda é bastante incerta e é bem provável que precise da ajuda oferecida pelos outros países do continente, comenta. E, ainda assim, a questão foi posta de lado.

No entanto, o economista-chefe salienta que pequenos acontecimentos tomam grandes proporções neste período pós-crise. Por isso, continua, a melhora é quase instantânea quando um possível foco negativo não se concretiza.

Puxada mais forte

Já João Pedro Brugger, analista da Leme Investimentos, acredita que os investidores assimilaram as notícias do continente europeu, inclusive a sinalização de disposição dos países de resgatar a Grécia, caso necessário, mas o maior determinante foram os resultados corporativos, tanto no Brasil quanto no exterior.

"Muitas das empresas mais importantes divulgarão balanços, entre elas a Petrobras, e o resultado mexe com as ações e, consequentemente, com o Ibovespa todo", ressalta Gustav Gorski. O analista da Leme Investimentos também se mostra preocupado, mas indica que, caso os balanços continuem a trazer informações positivas, como tem acontecido até agora, podem colaborar para uma "puxada mais forte" do índice.

"Tem que ficar atento"

Além da sequência de empresas que publicarão resultados, a agenda da próxima semana vem recheada de indicadores econômicos. Por isso Gorski acredita que poderemos esperar ainda mais volatilidade. Brugger é da mesma opinião: "não diferentemente do que tem acontecido nas últimas semanas, a volatilidade deve seguir bem elevada, e por isso fazer previsões está difícil", afirma.

Entre os indicadores econômicos, Gorski destaca dados do setor imobiliário nos Estados Unidos, além da confiança do consumidor, tanto lá fora como por aqui. E faz um alerta: "estes dados mexem com o mundo inteiro e também acabam trazendo volatilidade para cá. Tem que ficar atento".

Voltando ao normal

Por outro lado, Gorski vê com bons olhos a elevação da taxa de redesconto pelo Federal Reserve, nos EUA. Em primeiro lugar, porque sinaliza que as coisas estão voltando ao normal. Em segundo, pela maneira como este procedimento ocorreu. A sinalização de que os Estados Unidos iriam, aos poucos, começar a retirar o excesso de liquidez foi bastante clara, em sua avaliação, e corrobora o pensamento ao mencionar o recebimento da notícia pelo mercado sem maiores sobressaltos.

Brugge classifica a medida como "correta". A sinalização de que, em breve, os governos voltarão a subir os juros é positiva, porque as taxas praticadas estavam excessivamente baixas, avalia. E, mesmo com um possível aumento da Selic nos próximos meses, Brugge não acredita em alto impacto para a renda variável, pois o juro básico brasileiro "deve continuar em patamares historicamente baixos, assim com a renda variável continua a me parecer mais atrativa", conclui.

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