quinta-feira, 24 de abril de 2008

Copom: aumento de 0,5 p.p. na Selic já corresponde a boa parte do total a ser aplicado

por Nathália A. Terra Pereira
24/04/08 - 09h15
InfoMoney


SÃO PAULO - O Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) divulgou nesta quinta-feira (24) a ata de sua reunião realizada nos dias 15 e 16 deste mês, quando optou de forma unânime e sem viés pela elevação da taxa Selic em 50 pontos-base, levando-a ao seu atual patamar de 11,75% ao ano.
No respaldo de sua decisão, o colegiado reiterou sua leitura de que a demanda doméstica segue a taxas robustas de crescimento, impulsionando de forma perigosa ao cenário inflacionário a atividade doméstica do país, motivada ainda pela expansão da concessão de crédito e da massa salarial real.
"A esses fatores de sustentação da demanda devem ser acrescidos os efeitos das transferências governamentais e de outros impulsos fiscais esperados para este e para os próximos trimestres". Neste sentido, a autoridade optou por uma postura mais cautelosa, visando não apenas a deterioração das expectativas correntes para a inflação, mas bem como a esperada também.

Riscos à inflação corrente e esperada

De fato, na visão do Copom, tanto a dinâmica inflacionária corrente quanto a esperada mostraram deterioração nas últimas semanas. Isto porque o aquecimento da demanda e do mercado de fatores pode ensejar um aumento no repasse de pressões sobre preços no atacado para os preços ao consumidor, fato este que mascara o real estado do cenário inflacionário do país.
"As perspectivas para esse repasse, bem como para a generalização de pressões inicialmente localizadas sobre preços ao consumidor, dependem de forma crítica das expectativas dos agentes econômicos para a inflação, que mostraram elevação significativa nas últimas semanas", afirma o documento.
Neste sentido, o temor do Copom é o de que agentes econômicos passem, gradativamente, a cada vez mais atribuir maior probabilidade a que elevações da inflação sejam persistentes, o que reduz a eficácia da implementação da política monetária.

Confirmação de expectativas

Desta forma, atuando de forma preventiva e visando "evitar que a maior incerteza detectada em horizontes mais curtos se propague para horizontes mais longos", o Copom optou por um aumento expressivo de 50 pontos-base no juro básico brasileiro. E em sua ata, a autoridade confirma as expectativas do mercado de que tal elevação já corresponde a boa parte do arrocho monetário previsto.
"O Comitê entende que a decisão de realizar, de imediato, parte relevante do movimento da taxa básica de juros irá contribuir para a diminuição tempestiva do risco que se configura para o cenário inflacionário, e como conseqüência, para reduzir a magnitude do ajuste total a ser implementado", afirma a autoridade.

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