sexta-feira, 4 de abril de 2008

O céu da Bovespa volta a clarear e de forma consistente

O céu da Bovespa volta a clarear e de forma consistente

04/04/2008
por Daniele Camba repórter de Investimentos de Valor Economico

Para quem acompanhou de perto o desempenho ruim e volátil da bolsa no primeiro trimestre deste ano, sem dúvida vem se surpreendendo ao ver como o mercado se recuperou de maneira pujante nos últimos dias. O Índice Bovespa ontem, por exemplo, durante o pregão, ultrapassou a marca dos 64.500 pontos e fechou aos 64.175 pontos, em alta de 1,28%. Os números são positivos quando analisados sob vários ângulos diferentes. O fechamento de ontem é a maior pontuação do Ibovespa desde 5 de março, quando o indicador encerrou os negócios aos 64.629 pontos. Desde então, até o fim do mês passado, o mercado entrou numa fase bastante pessimista e o índice atingiu a mínima de 58.827 pontos no dia 19 de março.
Outra forma interessante de perceber o recente movimento de recuperação é ver que ontem foi o quarto pregão consecutivo de alta do Ibovespa, que neste período acumula valorização de 6,16%. Só em abril, a alta já é de 5,26%. Depois de várias semanas no limbo completo e absoluto, vale lembrar que o indicador está novamente muito próximo de sua máxima histórica, dos 65.790 pontos, atingida em dezembro.
Bom, depois dessa batelada de números, não há dúvida de que o mercado encontra-se num momento benigno. A questão agora é saber se essa mudança de humor tão intensa é consistente o suficiente para sustentar tal tendência por mais tempo. Para a felicidade dos investidores, os analistas dizem que sim.
Já é fato consumado que o crescimento mundial não será afetado pela desaceleração da economia americana e os investidores, aos poucos, estão se dando conta disso, afirma o chefe de pesquisa para América Latina do UBS Pactual Wealth Management, Paulo Tenani. Outro fator importante que pode estar alimentando a valorização dos ativos é que essa crise, diferentemente das últimas, não é tão maléfica para os países emergentes, já que ela vem acompanhada de um processo de queda das taxas de juros dos países desenvolvidos. "Esse fenômeno anula a aversão ao risco que acontece em toda crise e o capital estrangeiro está entrando nos mercados emergentes, em busca dessas taxas de retornos maiores", diz Tenani.
Por esses motivos, o UBS Pactual Wealth Management mantém a projeção que já tinha no fim do ano passado para o Ibovespa para os próximos 12 meses, de alta de 30% em dólar. Para o investidor estrangeiro, a única diferença é deixar 20% da aplicação vendido (apostando na queda) em dólar no mercado futuro para se proteger da desvalorização da moeda americana ante ao real, que deve continuar ocorrendo, lembra o executivo.

Boas sinalizações

Para o economista da Mauá Investimentos, Caio Megale, as várias sinalizações vindas dos EUA contribuíram para a reversão da tendência de queda dos mercados. Entre elas, a compra do banco Bear Stearns pelo JP Morgan, com o empurrão, inclusive, do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). Outro fator foi a permissão da Securities and Exchange Commission (SEC, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA) para que os bancos não precisem marcar seus títulos problemáticos aos valores de mercado. Por fim, os números da economia americana, que estão vindo melhor do que se imaginavam. Se os EUA deram uma trégua, o Brasil agora é que começa a preocupar, lembra Megale. "A Bovespa ainda não está refletindo toda a expectativa de alta da taxa de juros Selic, que o mercado espera que seja de até três pontos percentuais no ano", diz Megale. "Quando esse reflexo acontecer, provavelmente as ações passarão por um baque importante, é bom o investidor estar preparado", completa.

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