quarta-feira, 7 de maio de 2008

Após 4 recordes, Ibovespa fecha em baixa de 1,68%

por Claudia Violante da Agência Estado
07.05.2008 17h31

O novo recorde do petróleo no mercado internacional, razão que outrora deu suporte à alta do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, foi hoje motivo para a Bolsa doméstica cair após quatro pregões seguidos de avanço (quando acumulou quase 10% de elevação). A explicação é uma só: os investidores procuravam uma boa razão para embolsar os lucros e o fechamento do petróleo acima de US$ 123 por barril pesou negativamente sobre as bolsas americanas, respingando no mercado acionário brasileiro. Praticamente todos os papéis do Ibovespa seguiram, restando apenas seis ações em alta no final do dia.
A Bolsa encerrou em queda de 1,68%, aos 69.017,7 pontos. Oscilou entre a mínima de 69.599 pontos (-2,27%) e a máxima de 70.545 pontos (+0,5%). No mês, os ganhos foram reduzidos a 1,68% e, no ano, a 8,03%. O volume financeiro totalizou R$ 7,1 bilhões.
Em Nova York, o índice Dow Jones fechou em baixa de 1,59%, aos 12.814,4 pontos. O S&P caiu 1,81% e o Nasdaq, 1,80%. Os temores com a inflação estavam entre as justificativas para as ordens de vendas. Os investidores já amanheceram com estas preocupações no horizonte, depois que o dirigente da regional do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) de Kansas, Thomas Hoenig, disse (ontem à noite) que o cenário de inflação pode demandar elevação de juros. A alta incansável do petróleo alimentou este receio. Hoje, o petróleo negociado na Bolsa Mercantil de Nova York fechou em inéditos US$ 123,53, alta de 1,39%.
O aumento surpreendeu porque os dados de estoques divulgados nos EUA foram bem melhores do que as estimativas. Os estoques de petróleo subiram 5,7 milhões de barris na semana encerrada em 2 de maio, quando a projeção era de alta de 1,4 milhão de barris. Cabe aqui registrar que o dado do setor imobiliário divulgado mais cedo também foi superior às projeções. As vendas pendentes de imóveis residenciais nos EUA caíram 1,0% em março ante fevereiro (1,8% era a estimativa).
Fato é que hoje a alta do petróleo acabou não "salvando" as ações da Petrobras da queda. Os papéis conseguiram se segurar apenas até o meio da tarde - depois, caíram com a realização mais forte e arrastaram consigo a Bovespa. Petrobras PN perdeu 0,33% e Petrobras ON recuou 0,88%. Os metais também caíram no exterior e ancoraram as vendas de ações da Vale. Os papéis PNA caíram 2,25% e os ON cederam 2,76%.
A análise corrente do mercado é de que o otimismo com o grau de investimento conquistado pelo Brasil na semana passada está longe de acabar - tanto que a queda hoje foi relativamente tímida perto do que subiu a Bolsa nos últimos dias. Mas algumas medidas que estariam em estudo pelo governo para conter o fluxo de recursos ao Brasil poderiam diminuir um pouco o fôlego de compras até que mais uma novidade - a elevação para grau de investimento por uma segunda agência, por exemplo - seja divulgada.
O gestor de renda fixa da Icatu Hartford, Ian Caó, acredita que o governo não terá como não lançar mão destas ações e crê que elas devem ser anunciadas em breve. “A pressão de demanda é muito grande e o governo está preocupado com a alta da inflação e das projeções para os preços. Não há saída. Uma medida terá que ser adotada”, disse ele, ao justificar que o compulsório (parcela de recursos que os bancos têm que depositar no BC), uma das ações que o governo poderia adotar, conforme rumores de mercado, é menos impopular.
De qualquer forma, segundo ele, a Bovespa deve ser o mercado que deve sentir mesmo medidas como essas. “Há dois tipos de empresas na Bolsa, as que já são grau de investimento e aquelas que se beneficiaram da elevação da nota da S&P. Essas medidas afetariam mais esse segundo grupo, mas a relevância dele sobre o índice é baixa. Assim, o efeito é pequeno”, comentou.

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