sábado, 3 de maio de 2008

Bolsa fecha em baixa de 2,62%, maior queda desde 29/4

por Claudia Violante da Agência Estado
03.06.2008 17h30


A Bolsa de Valores de São Paulo sofreu forte queda hoje, a maior desde 29 de abril, véspera da conquista do primeiro grau de investimento pelo Brasil de uma das três grandes agências, a Standard & Poor's. As declarações do presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) sobre o dólar levaram os investidores a se desfazer de contratos futuros de produtos básicos (commodities).
Não bastasse este efeito sobre as ações domésticas, principalmente Vale e Petrobras, os investidores estrangeiros atuaram firme na ponta vendedora, espalhando a realização de lucros por todos os segmentos. As bolsas norte-americanas, que deram algum suporte até o início da tarde, inverteram o rumo e também contribuíram para a queda da Bovespa.
O Ibovespa, principal índice, encerrou a sessão em queda de 2,62%, aos 70.012 pontos. Oscilou entre a mínima de 69.602 pontos (-3,19%) e a máxima de 72.019 pontos (+0,17%). Na soma das duas sessões deste mês, a Bovespa amarga perdas de 3,55%. No ano, no entanto, ainda há ganhos acumulados, de 9,59%. O volume financeiro negociado totalizou R$ 6,569 bilhões.
Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones fechou em baixa de 0,81%, aos 12.402,8 pontos, o S&P recuou 0,58% e o Nasdaq teve retração de 0,44%. Os bancos e financeiras pressionaram negativamente as bolsas lá, com destaque para as perdas das ações do Lehman Brothers. Segundo o Wall Street Journal de hoje, o banco está prestes a divulgar sua primeira perda trimestral desde que abriu capital e tentará fazer uma captação de recursos que poderá ficar em torno de US$ 4 bilhões.
Ao longo da manhã, os investidores em Nova York haviam conseguido se equilibrar no terreno positivo com a ajuda do dado de encomendas à indústria muito melhor do que as projeções e com o prejuízo abaixo do esperado pela construtora de casas luxuosas Toll Brothers no segundo trimestre fiscal.
A queda do petróleo e dos metais também foi um fator a aliviar as pressões negativas sobre as bolsas norte-americanas, embora tenha pesado sobre a Bovespa. As commodities foram afetadas hoje pelas declarações do presidente do Fed, Ben Bernanke, de que o BC americano vai centrar esforços para garantir que o dólar permaneça "forte e estável". O dólar subiu no exterior e puxou os preços do petróleo e de alguns contratos de metais para baixo. O barril do petróleo recuou 2,7%, para US$ 124,31.
As ações PN da Petrobras cederam 4,7% e as ON despencaram 5,05%. Vale PNA recuou 3,53% e Vale ON cedeu 3,57%. As duas empresas são as de maior peso no cálculo do Ibovespa.
Amanhã, o principal destaque da agenda doméstica é o resultado da reunião do Copom, embora os investidores já tenham embutido nos preços a elevação prevista da taxa básica de juros. E o resultado só virá após o fechamento do mercado. O que deve mexer mesmo nos ativos é a agenda carregada de indicadores nos Estados Unidos, em especial os dados de produtividade e mão-de-obra e mais um discurso de Bernanke.

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