terça-feira, 30 de setembro de 2008

Bovespa cai 11% e tem o pior mês desde abril de 2004

por Claudia Violante da Agência Estado
30.09.2008 17h52

O pânico que tomou contas dos negócios ontem foi substituído hoje por uma trégua, favorecida pela percepção de que, apesar de ter sido vetado ontem, o pacote de socorro ao sistema financeiro norte-americano vai acabar sendo aprovado pelo Congresso dos Estados Unidos. Não o que foi à votação na segunda-feira, mas uma proposta que está sendo negociada entre governo e parlamentares. Com isso, os investidores patrocinaram uma correção técnica que levou a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) a superar 7% de ganhos. A alta, no entanto, foi insuficiente para impedir que as perdas em setembro fossem as maiores desde abril de 2004.
O índice Bovespa terminou a sessão em alta de 7,63%, aos 49.541,27 pontos, na máxima pontuação do dia. Na mínima de hoje ficou estável, a 46.026 pontos. No mês, o Ibovespa acumulou baixa de 11,03%, a maior perda desde os 11,44% de abril de 2004. Foi o quarto mês consecutivo de baixa, o que significa dizer que a Bovespa acumula no ano até setembro uma retração de 22,45%. O giro financeiro totalizou hoje R$ 4,874 bilhões (dado preliminar).
Em Wall Street, o Dow Jones fechou em alta de 4,68%, aos 10.850,66 pontos, o S&P 500 teve elevação de 5,27%, aos 1.164,74 pontos, e o Nasdaq subiu 4,97%, aos 2.082,33 pontos.
Logo cedo, depois de remoer a inesperada derrota no Congresso ontem, o presidente dos EUA, George W. Bush, fez um pronunciamento apelando para a aprovação de um novo socorro ao sistema financeiro. Segundo ele, o governo norte-americano não vai sossegar enquanto não aprovar alguma medida. "A rejeição da proposta na Câmara não encerrará a intenção do governo de lançar um plano de resgate", disse ele, defendendo a urgência da aprovação em razão de seus efeitos na economia.
Isso ajudou a reforçar a percepção de que alguma coisa, qualquer que seja ela, vai ser aprovada para ajudar a dissipar o nó que se formou no sistema financeiro. Por causa disso, os analistas também consideraram que a intervenção no banco franco-belga Dexia por três governos europeus foi acertada por ter sido rápida. Nuances da crise onde um dia uma notícia é negativa e em outro, a mesma informação pode ter conotação favorável. Ontem, por exemplo, o banco Bradford & Bingley foi estatizado pelo Reino Unido, o belgo-holandês Fortis precisou receber socorro dos governos da Bélgica, de Luxemburgo e da Holanda e o alemão Hypo Real foi resgatado por um consórcio de bancos. E nada disso foi visto com bons olhos. Mas, hoje, a ação dos governos da Bélgica, França e Luxemburgo ao injetar US$ 9,19 bilhões no Dexia foi considerada ágil e agradou.
Os analistas também passaram a considerar que os bancos centrais globais vão cortar suas taxas de juros para tentar injetar ânimo no sistema. E, se isso realmente acontecer, a demanda volta a crescer. Com isso, o petróleo subiu. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex, na sigla em inglês), o contrato com vencimento em novembro avançou 4,43%, para US$ 100,64 por barril.
No Brasil, Petrobras ON subiu 6,89% hoje, mas fechou o mês com perda de 1,03%. Petrobras PN avançou 7,18% hoje e subiu 0,57% em setembro, Vale ON valorizou 8,14% hoje, mas caiu 15,92% no mês, Vale PNA ganhou 7,95% hoje, mas cedeu 13,92% no mês. BM&FBovespa liderou os ganhos do Ibovespa ao subir 17,08% hoje, mas perdeu 31,67% em setembro. Os dados são preliminares.
Vale registrar que a Petrobras informou a Agência Nacional do Petróleo ter descoberto petróleo em pelo menos mais duas áreas, uma na Bahia e outra no Espírito Santo.

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