segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Dow Jones tem maior queda desde os ataques terroristas

por Suzi Katzumata da Agência Estado
15.09.2008 18h45

O mercado de ações norte-americano sofreu uma queda dramática para novas mínimas do "bear market" (mercado com tendência de baixa), com o índice Dow Jones fechando abaixo dos 11 mil pontos, em 10.917,51 pontos, ao registrar a maior queda em pontos (504,48 pontos) desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 e a maior queda porcentual (-4,42%) desde julho de 2002. A liquidação no mercado foi alimentada pelas notícias de pedido de concordata do banco de investimentos Lehman Brothers Holdings e urgência da gigante do setor de seguros American International Group Inc (AIG) de levantar capital para conter a deterioração de seu valor de mercado. Além disso, o banco Merrill Lynch concordou em ser vendido ao Bank of American por US$ 50 bilhões.
O fechamento desta segunda-feira do índice Dow Jones também é o menor nível desde julho de 2006. O S&P-500 fechou abaixo de 1.200 pontos pela primeira vez desde outubro de 2005, em 1.192,69 pontos, com a maior queda porcentual (-4,71%) desde 17 de setembro de 2001, na primeira sessão após os ataques de 11 de setembro. Em pontos, o S&P-500 caiu 59,01. O Nasdaq caiu 81,36 pontos (-3,60%) e fechou com 2.179,91 pontos - nível de fechamento mais baixo desde 17 de março deste ano.
As ações aceleraram a queda na última hora de sessão, sugerindo que o impulso negativo poderá continuar amanhã através dos mercados globais, primeiro na Ásia e, na seqüência na Europa. Em um ciclo vicioso, os temores sobre as posições de capital das empresas está pesando sobre as ações e o declínio do valor dos ativos está tornando mais difícil essas companhias de levantarem capital.

Risco sistêmico

"Isto não tem precedentes", disse Anthony Conroy, chefe de transações com ações do BNY ConvergEx. "A Wall Street que conhecemos se foi e o grau de mudança e o ritmo com que está mudando" é inacreditável, acrescentou. Para Richard Bernstein, estrategista-chefe de investimentos do Merrill Lynch, a crise financeira se tornou "sistêmica". "Para a economia, significa que ficou mais difícil tomar empréstimos. É o aperto no crédito. O que se achava que seria crédito bom não é, portanto, o custo dos empréstimos subiu dramaticamente", acrescentou.
Mais cedo, o economista do Commerzbank em Londres, Peter Dixon, já havia levantado a questão do risco sistêmico nos mercados financeiros. "Os problemas hoje não estão focados em companhias individuais, mas são sistêmicos, e apesar de provavelmente não ser o momento de dizer qualquer coisa concreta sobre o futuro no longo prazo, existe um senso hoje de que o cenário financeiro mudou de maneira irrevogável", disse Dixon.
As ações da seguradora AIG despencaram 60,79%, para US$ 4,76, com os investidores preocupados de que sua exposição aos contratos derivativos lastreados em hipotecas o tornem na próxima peça do dominó a cair na crise de crédito. O governo federal dos EUA pediu ao JPMorgan Chase e ao Goldman Sachs que formem um consórcio para oferecer um crédito de US$ 70 bilhões a US$ 75 bilhões para o AIG.
As ações do Lehman Brothers despencaram 94,25% para US$ 0,21, com o aparente fim das operações do banco de 158 anos que foi obrigado a pedir concordata após o fracasso das negociações para um resgate de última hora no final de semana.

Efeito dominó

"Não há dúvidas que estamos tendo um efeito dominó", disse Art Cashin, chefe de operações no pregão da Bolsa de Nova York do banco suíço UBS. "Este é provavelmente o motivo porque o Fed (banco central americano) estava tão interessado em um casamento forçado para o Merrill Lynch. Eles provavelmente eram o próximo alvo" para os que apostam na baixa do mercado, acrescentou.
Mas um dominó pulou fora da fila, as ações do Merrill Lynch subiram 0,06% e fecharam a US$ 17,06. Mais cedo, as ações do Merrill chegaram a subir 33% em reação ao anúncio do acordo com o Bank of America. Por outro lado, as ações do Bank of America caíram 21,31%, para US$ 21,31. Também fecharam em baixa acentuada: Citigroup -15,14%, JPMorgan -10,13%, American Express -8,91% e Goldman Sachs -12,13%.
Fora do setor financeiro, as ações do setor de energia também caíram, refletindo a queda dos preços do petróleo para abaixo de US$ 100,00 por barril, pela primeira vez desde março. Segundo participantes do mercado de energia, a turbulência nos mercados financeiros reforçou os temores de deterioração da demanda por petróleo. As ações da ExxonMobil caíram 4,28% e as da Chevron fecharam em baixa de 4,93%. Dos 30 componentes do índice Dow Jones, apenas Coca-Cola fechou em alta, de 0,46%. As informações são da Dow Jones.

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