quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Na contramão do mundo, índice sobe montado em blue chips

por Aluísio Alves de Reuters
08 de Janeiro de 2009 19:28

SÃO PAULO - Ordens de compra pesadas de investidores estrangeiros contra as blue chips Petrobras e Vale sustentaram a Bolsa de Valores de São Paulo, que subiu sozinha na contramão dos mercados internacionais.
Depois de ter chegado a ruir 1,4 por cento nos primeiros minutos de negócios, o Ibovespa passou boa parte do dia oscilando sem tendência. Mas à tarde, o índice se firmou até dar um rali no final para fechar com valorização de 2,87 por cento, aos 41.990 pontos.
Já no call de fechamento, o giro financeiro deu uma guinada, atingindo 5 bilhões de reais, o maior para sessões regulares em quatro semanas.
Segundo profissionais do mercado, uma combinação de fatores contribuiu para esse movimento isolado da bolsa paulista. O principal deles foi uma revoada de recursos externos.
"Os estrangeiros fecharam 2008 completamente vendidos em mercados emergentes. Agora, alguns deles estão começando a voltar e estão entrando pelas ações mais líquidas", explicou Gabriel Goulart, analista econômico da Mercatto Gestão de Recursos.
Assim, Petrobras subiu 4,3 por cento, para 25,50 reais, mesmo num dia de queda do preço do petróleo. Na mesma batida, Vale ganhou 3,7 por cento, a 28,51 reais.
A cadeia de notícias aterradoras em economias desenvolvidas, como Estados Unidos e Europa, estaria estimulando vários investidores a novamente considerar aplicações em mercados que proporcionem maior rentabilidade.
Olhando para um horizonte mais longo, esses players fecharam os olhos ao noticiário econômico, que foi mais uma vez assustador.
O desfile de evidências dos estragos da crise seguiu a todo o vapor, com a confiança empresarial na zona do euro caindo em dezembro para o menor nível em pelo menos 23 anos, enquanto o Banco da Inglaterra cortava a taxa de juro para 1,5 por cento ao ano, para o menor nível de sua história de mais de 300 anos.
Nos Estados Unidos, a gigante Wal-Mart reportou um desempenho decepcionante nas vendas em dezembro e reduziu sua perspectiva de lucro trimestral. O pessimismo em Wall Street diminuiu depois de congressistas anunciarem um plano para ajudar donos de hipotecas financiadas pelo Citigroup, e os índices fecharam sem tendência única.
Segundo profissionais do mercado, outros ingredientes podem ajudar a explicar a estranha alta desta quinta-feira. No plano doméstico, o mais importante foi o crescimento da aposta num corte de juro mais acentuado da Selic na reunião deste mês do Copom, que também derrubou as projeções mais curtas de juros futuros nos contratos de DI.
Em outra frente, a incomum alta do dólar frente ao real no mesmo dia em que a Bovespa subiu provocou um descasamento entre os preços das ADR de companhias brasileiras (negociados em Nova York) e os de suas ações.
Um dos destaques da sessão foi Companhia Siderúrgica Nacional, que disparou 6,95 por cento, a 37,55 reais, depois de ter anunciado na quarta-feira à noite a abertura de um programa de recompra de até 9,72 milhões de suas próprias ações, o equivalente a pouco mais de 1 por cento dos papéis em circulação no mercado.

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