quinta-feira, 12 de março de 2009

Bovespa fecha em alta de 0,89%, ajudada por Nova York

por Agência ESTADO
12 de Março de 2009 17:42

As notícias vindas da China atrapalharam um pouco o desempenho do Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, que ficou distante da disparada vista hoje nas bolsas norte-americanas. Isso porque os dados de produção industrial e as informações sobre negociação dos preços do minério de ferro abateram as ações da Vale. Mas as compras mais intensas em Wall Street no período da tarde tiveram efeito multiplicador no mercado doméstico e levaram o Ibovespa a fechar perto de 1%, com a inversão para cima dos papéis de siderúrgicas.
O Ibovespa terminou a sessão em alta de 0,89%, aos 39.151,86 pontos. Na mínima, atingiu os 38.286 pontos (-1,34%) e, na máxima, os 39.304 pontos (+1,29%). No mês, a bolsa acumula alta de 2,54% e, no ano, de 4,27%. O giro financeiro totalizou R$ 4,153 bilhões.
A Bovespa trabalhou em baixa uma boa parte do dia, na contramão de Wall Street, mas as bolsas lá mostraram vigor e carregaram junto a Bovespa para cima no final. Os bancos, as ações da General Electric e da General Motors foram os responsáveis por boa parte dos ganhos em Nova York, embora a alta tenha sido generalizada.
Os investidores ainda estão entusiasmados com as declarações dadas pelo executivo-chefe do Citigroup, na terça-feira, sobre os resultados favoráveis da instituição neste início de ano. E o noticiário hoje também foi favorável ao setor bancário: o Bank of America avisou que não deve precisar de mais recursos do governo dos Estados Unidos no futuro e deverá fechar 2009 com lucro, antes de impostos e provisões, perto de US$ 50 bilhões. As previsões também foram feitas pelo executivo-chefe da instituição, Ken Lewis.
Ainda ajudou a sustentar o patamar de compras à tarde a declaração do secretário do Tesouro, Timothy Geithner, de que o governo divulgará publicamente, dentro de duas semanas, "propostas concretas relativamente detalhadas" sobre como planeja revisar a regulação do sistema financeiro. Pela terceira sessão seguida, o índice Dow Jones terminou em alta, de 3,46%.
Apesar da forte recuperação em Nova York, a Bovespa seguiu sem acompanhar em boa parte do dia, por causa principalmente dos papéis de Vale e siderúrgicas. A fraca produção industrial da China - que revela menor compra de matérias-primas - foi uma das principais razões para tal desempenho. Os metais básicos caíram na esteira desse indicador, que mostrou elevação de 3,8% no primeiro bimestre, bem abaixo dos 6,1% esperados.
A notícia de que as siderúrgicas chinesas estariam exigindo um corte de 50% nos preços do minério de ferro em relação ao ano passado também deprimiu os metais e as ações da Vale, duplamente atingida. A informação foi dada pelo presidente da siderúrgica chinesa Shougang Corp., Zhu Jimin, comentando as negociações com Vale, Rio Tinto e BHP Billiton. Vale ON caiu 1,74% e Vale PNA perdeu 1,38%.
Algumas siderúrgicas viraram para cima na reta final da sessão e ajudaram a consolidar a alta do índice: Gerdau PN subiu 1,26% e CSN ON ganhou 1,22%. A outra blue chip doméstica, Petrobras, teve um bom desempenho, incentivada pela disparada do petróleo no mercado internacional, pela compra por investidores estrangeiros e também pelo vencimento de opções sobre ações na próxima segunda-feira. Petrobras ON subiu 2,30% e Petrobras PN, 1,25%. O petróleo fechou em alta de 11,10% em Nova York, às vésperas de nova reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), no domingo.
Apesar de Nova York ter tirado a Bovespa do vermelho, os investidores estão um pouco mais cautelosos com o mercado acionário doméstico, em razão do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre do ano passado. O tombo visto na economia uma hora vai aparecer nos balanços e isso motivaria um ajuste. Além do mais, ao contrário do que o governo vinha dizendo, de que o pior da crise teria se concentrado no final do ano passado, os dados, principalmente da indústria, mostram que não é bem assim.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI), por exemplo, divulgou uma consulta empresarial realizada entre os dias 4 e 11 de março, portanto antes da apresentação do PIB, na qual detectou que 79% das empresas industriais acreditam que os efeitos da crise internacional sobre a economia brasileira se tornaram mais intensos no primeiro trimestre de 2009, quando comparado a dezembro de 2008.
Vale também registrar que, segundo dados do IBGE, o emprego industrial caiu 1,3% em janeiro de 2009 ante dezembro de 2008, no quarto resultado negativo consecutivo apurado pelo instituto nessa base de comparação. Na indústria paulista, segundo a Fiesp, a queda aconteceu em fevereiro pelo quinto mês consecutivo. Foram fechadas no mês passado 43 mil vagas, queda de 2,09% ante janeiro, com ajuste sazonal, e de 1,80%, sem ajuste sazonal. O resultado é o pior para um mês de fevereiro desde 2006.

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