quarta-feira, 15 de abril de 2009

Petrobras impede avanço da Bovespa, que cai 0,32%

por Agência ESTADO
15 de Abril de 2009 18:01

A Petrobras conduziu o pregão da Bolsa brasileira nesta quarta-feira de vencimento de índice Bovespa futuro e opções sobre Ibovespa. A confirmação de que o governo criou um grupo de trabalho para viabilizar a redução dos preços do diesel ofuscou qualquer reação positiva que o anúncio de mais uma descoberta de petróleo no pré-sal (ontem) pudesse ter sobre os negócios. Também a confirmação, à tarde, de que os investimentos da estatal sairão do cálculo do superávit primário das contas públicas foi assunto das mesas de negócios.
A Bolsa de Valores de São Paulo acabou operando na contramão de Nova York, embora a ampliação dos ganhos no exterior, à tarde, tenha contribuído para reduzir as perdas da Bovespa. O índice Bovespa (Ibovespa) encerrou a quarta-feira em baixa de 0,32%, aos 45.272,65 pontos. Na mínima do dia, atingiu os 44.811 pontos (-1,34%) e, na máxima, os 45.453 pontos (+0,08%). No mês, acumula ganhos de 10,62% e, no ano, de 20,57%. Por causa do vencimento de opções sobre Ibovespa e de contratos de Ibovespa Futuro, o giro financeiro totalizou R$ 7,577 bilhões. Os dados são preliminares.
Ontem à noite, a Petrobras anunciou ter descoberto nova jazida de óleo leve abaixo da camada de sal na Bacia de Santos, no bloco BM-S-9, no prospecto de Iguaçu. O volume ainda é desconhecido. As notícias sobre descobertas não têm tido muito impacto sobre os papéis da estatal nestes tempos de crise e de preços externos em baixa, mas como são importantes para quando a economia se recuperar podem acabar puxando os papéis para cima. Hoje, no entanto, esse efeito passou longe das ações da Petrobras, que sofreram o impacto da confirmação de estudos para a redução do preço do diesel.
Ontem, um grupo de caminhoneiros pediu à ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, a redução do preço do combustível e o governo, decidido a adotar em 2009 todas as medidas necessárias para enfrentar a crise financeira, não pretende adiar por muito tempo uma decisão sobre o assunto. "O ano de 2009 concentrará todas as ações anticíclicas, como o aumento de investimentos, a realização de desonerações tributárias e a execução do programa habitacional", resumiu a posição do governo o ministro Guido Mantega, na tarde de hoje.
O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, confirmou a criação de um grupo de trabalho para viabilizar a redução do diesel. Ele afirmou que a medida não vai prejudicar as contas da Petrobras, que foi castigada quando os preços do barril do petróleo estavam elevados no mercado externo - e a alta não havia sido repassada aos combustíveis internamente. O mercado, no entanto, está com o pé atrás com essa medida, já que a redução do preço do diesel impactaria as contas da estatal. Isso só não aconteceria se a opção fosse pela diminuição da parcela, por exemplo, da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide), como o governo já optou por fazer no passado com a gasolina.
Mas além do diesel, o mercado também teve de embutir nos preços das ações da Petrobras a confirmação, à tarde, da retirada dos investimentos da estatal do cálculo do superávit primário do governo. O objetivo é liberar a Petrobras para fazer investimentos, reativando a economia doméstica. Segundo Mantega, a empresa poderá usar os recursos para fazer qualquer investimento, frase que não agrada os investidores.
As ações da estatal fecharam em queda de 2,54% a ON (ordinária) e de 1,70% a PN (preferencial). No mercado externo, o contrato com vencimento em maio do petróleo terminou em baixa de 0,32%, aos US$ 49,25 o barril, por causa do anúncio de que os estoques nos Estados Unidos saltaram para o nível mais alto desde setembro de 1990.
Apesar do tombo de Petrobras e do sinal negativo que predominou nos negócios durante o dia, no final as perdas foram, em boa parte, devolvidas, graças à recuperação de Wall Street. O índice Dow Jones terminou a sessão em alta de 1,38%, aos 8.029,62 pontos, o S&P 500 avançou 1,25%, aos 852,06 pontos e o Nasdaq terminou em elevação de 0,07%, aos 1.626,80 pontos. O Dow Jones e o S&P 500 aceleraram o movimento de alta após a divulgação do relatório do Federal Reserve (Fed, banco central americano) sobre as condições da economia norte-americana - o Livro Bege -, que mostrou uma potencial estabilização da atividade econômica em cinco dos 12 distritos pesquisados pelo Fed.
Mais cedo, no entanto, os indicadores pesaram: dados do Federal Reserve mostraram que produção industrial norte-americana caiu 1,5% em março, superando a previsão de queda de 0,9% dos economistas, enquanto o índice Empire State subiu do recorde de baixa de -38,23 em março para -14,65 em abril. Embora melhor, o indicador segue negativo. Já o índice de preços ao consumidor (CPI) ficou em linha com as estimativas. O CPI cedeu 0,1% em março em comparação a fevereiro, e o núcleo subiu 0,2%.
Na Bovespa, Vale ON terminou em alta de 0,73% e Vale PNA, de 0,20%, beneficiadas pela recuperação em Nova York e tendo como pano de fundo a alta dos preços dos metais básicos no mercado externo. As siderúrgicas fecharam em sentidos contrários. Gerdau PN caiu 2,08%, Metalúrgica Gerdau PN, -2,33%, Usiminas PNA, +1,62%, e CSN ON, +1,04%.

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