quarta-feira, 27 de maio de 2009

Bolsa arrisca 53 mil pontos, mas NY pesa e cai 0,09%

por Agência ESTADO
27 de Maio de 2009 17:53

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) se comportou hoje como maratonista que perde o pódio a poucos metros da chegada: depois de operar em alta quase 90% do pregão, virou na hora final acompanhando a piora em Nova York e fechou com ligeira baixa. Com isso, foram frustradas as apostas de que finalmente hoje a barreira dos 52 mil pontos do índice Bovespa (Ibovespa) seria rompida no fechamento. Durante a sessão, o Ibovespa até foi além, ao superar os 53 mil pontos, empurrado pelos investidores estrangeiros. Mas não teve fôlego de um atleta fundista.
O Ibovespa terminou a sessão em baixa de 0,09%, aos 51.791,61 pontos. Na mínima do dia, registrou os 51.637 pontos (-0,39%) e, na máxima, os 53.092 pontos (+2,41%). No mês, o Ibovespa acumula ganho de 9,52% e, no ano, de 37,93%. O giro financeiro totalizou R$ 5,304 bilhões hoje (dado preliminar).
Apesar da inversão na hora final, especialistas continuam a apostar que a trajetória é de alta para a Bolsa, ainda mais depois que os indicadores dos EUA vieram melhores, ontem e hoje. "A Bovespa está com uma tendência bem clara de alta. Se fundamentada ou não, não importa, porque o fluxo é que tem conduzido os negócios", comentou o gerente de contas da Hera Investment, Fernando Campello. Segundo ele, a Bovespa tem se pautado pelo curto prazo, conquistando dia a dia um novo patamar, à medida que são divulgados índices que sinalizam uma melhora das condições econômicas.
O dado conhecido hoje nos EUA corroborou o sentimento do consumidor da véspera, de que o pior realmente parece já ter ficado para trás. Foi divulgado hoje o dado de vendas de imóveis residenciais usados, que mostrou avanço de 2,9% em abril ante março, para a média de 4,68 milhões de unidades, ligeiramente melhor que as 4,67 milhões de unidades estimadas pelos economistas.
Apesar do número melhor, o que pesou em Wall Street hoje foi o noticiário envolvendo a General Motors e também os temores com os potenciais efeitos do aumento da oferta de bônus da dívida norte-americana. O Dow Jones caiu 2,05%, para 8.300,02 pontos. O S&P 500 recuou 1,90%, para 893,06 pontos, e o Nasdaq perdeu 1,11%, para 1.731,08 pontos.
As ações da GM tiveram baixa de 20,14%, após a montadora anunciar que não seguirá adiante com a troca de dívida de US$ 27,2 bilhões porque o interesse dos detentores de bônus ficou bem abaixo dos 90% desejados pela montadora. O fracasso da proposta aumenta a chance de a empresa pedir concordata.
No Brasil, os destaques de elevação foram ações dos setores siderúrgico e de papel e celulose. E dentre as siderúrgicas, Gerdau foi a estrela, depois do relatório do banco JPMorgan que elevou de "neutro" para "acima da média" a recomendação para as ações da empresa e ampliou em 60% o preço-alvo para os papéis em dezembro, de R$ 15,00 para R$ 24,00. Gerdau PN avançou 3,64%, na maior alta do Ibovespa. Metalúrgica Gerdau PN teve ganho de 2,56%. CSN ON teve variação positiva de 0,60% e Usiminas PNA, de 0,20%.
Vale acabou fechando em queda, seguindo o preço dos metais básicos no exterior. Além disso, os analistas explicaram que o fluxo de estrangeiros na Bovespa acabou por escolher outros ativos mais defasados, como o segmento de papel e celulose, e muitos acabaram se desfazendo dos papéis da mineradora para promover uma alteração nas carteiras. Vale ON terminou em baixa de 2,65% e Vale PNA, de -2,24%.
Outra explicação para essa troca de papéis foi o rebaixamento, pelo Goldman Sachs, da recomendação para a mineradora para "neutro". A instituição ainda a retirou da lista "Latin America Focus Ideas", uma vez que o cenário positivo já está precificado nos papéis da companhia brasileira. Ontem, a Fitch havia elevado elevou os ratings de crédito da mineradora.
No setor de construção civil, Rossi Residencial ON fechou em alta de 1,75%, Cyrela, em 1,35%, mas Gafisa ON caiu 1,86%. Hoje, o Banco Central informou que as operações de crédito do segmento imobiliário apresentaram expansão de 2,6% em abril na comparação com março. Com o aumento, a carteira dessas operações atingiu R$ 65,804 bilhões. Em 12 meses, o volume de financiamentos para a compra de imóveis saltou 40,4%.
No setor de papel e celulose, a notícia divulgada ontem à noite de que os estoques mundiais de celulose caíram para 35 dias de abastecimento em abril, em comparação com 43 dias em março, também justificou as compras. Aracruz PNB, +0,30%, VCP PN, +1,71%, e Klabin PN - na segunda maior alta do Ibovespa - avançou 3,13%.
Petrobras conseguiu sustentar os ganhos na ação ON (+0,33%), mas fechou estável na preferencial (PN). No exterior, o barril para julho negociado na Bolsa Mercantil de Nova York terminou em US$ 63,45, alta de 1,60%. Puxou a elevação a declaração do ministro de Petróleo da Arábia Saudita, Ali Naimi, de que o país notou sinais de aumento na demanda pela commodity. Essa visão foi reforçada pelo secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Abdalla Salem El-Badri, que disse que a demanda por petróleo deve retomar o fôlego até o final deste ano e que os sinais de recuperação econômica são evidentes.

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