quarta-feira, 13 de maio de 2009

Bolsa brasileira recua pelo terceiro pregão seguido

por Agência ESTADO
13 de Maio de 2009 17:40

O noticiário até ajudou hoje, mas não foi suficiente para mudar a percepção dos analistas: a queda do índice Bovespa (Ibovespa) decorre de uma saudável realização de lucros. Em três sessões seguidas em baixa, o Ibovespa já perdeu mais da metade do que havia acumulado até a última sexta-feira, antes de iniciar essa temporada de vendas. Vale e siderúrgicas lideraram as perdas do dia, em razão do tombo dos preços dos metais e também de a China ser uma das razões a pesar sobre as ações neste pregão. Os bancos também recuaram, seguindo o fraco desempenho do setor nos EUA.
O Ibovespa caiu 3,27%, para fechar abaixo de 50 mil pontos pela primeira vez no mês de maio. Nestas três sessões consecutivas de perdas, recuou 5,28%, mais da metade dos 8,68% de elevação registrados na primeira semana do mês (até dia 8). Assim, em maio, o índice registra variação positiva de 2,94%. Em 2009, a alta é de 29,64%. O giro financeiro desta quarta-feira totalizou R$ 4,997 bilhões (dado preliminar).
Hoje, a Bolsa brasileira não teve justificativas para subir. Começou a sessão já repercutindo os dados conhecidos no exterior. As notícias ruins vieram da China, Europa e EUA. A produção industrial chinesa cresceu 7,3% em abril ante março. Apesar de bastante robusto, o número ficou abaixo do desempenho de março (+8,3%) e foi menor do que os 8% previstos pelos analistas.
Na zona do euro, a informação desagradável também foi a da produção industrial, que caiu 2% em março em relação a fevereiro (mais do que o recuo de 1,2% previsto) e 20,2% em comparação a março do ano passado (-18,2% estimados). A queda anual é a mais profunda desde que os registros foram iniciados em janeiro de 1990, disse a Eurostat. O indicador europeu pesou sobre as bolsas no continente, que recuaram ainda pressionadas pela baixa dos papéis dos bancos e das mineradoras.
Os índices europeus também sentiram a mão do indicador norte-americano, que foi fundamental para levar Wall Street para baixo. As vendas no varejo norte-americano apresentaram inesperado declínio de 0,4% em abril em relação a março, ante expectativa de elevação de 0,1%. O Dow Jones terminou o pregão em baixa de 2,18%, aos 8.284,89 pontos, o S&P recuou 2,69%, aos 883,92 pontos, e o Nasdaq, de -3,01%, a 1.664,19 pontos.
No Brasil, as perdas dos bancos superaram os 2%. Bradesco PN terminou com queda de 3,69%, Itaú Unibanco PN, de 2,65%, e Banco do Brasil ON, 2,76%. Vale e siderúrgicas comandaram as perdas. A mineradora recuou 3,99%, na ação ON e 3,57% na PNA. Gerdau PN desabou 5,97%, Metalúrgica Gerdau PN, 5,28%, Usiminas PNA, 3,86%, e CSN ON, 4,53%.
A queda generalizada da Bolsa e do petróleo em particular pesou sobre as ações da Petrobras, com as ordens maciças de vendas pelos investidores estrangeiros. O tombo, no entanto, foi menor que o de Vale: Petrobras ON recuou 2,72% e PN, 2,69%. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o contrato do petróleo para junho terminou em baixa de 1,41%, a US$ 58,02.
"A Bovespa passou hoje por uma saudável realização de lucros. Estava na hora, já que ela subiu demais", comentou o analista da Máxima Patrick Corrêa. O sócio e diretor da Hera Investment, Nicholas Barbarisi, concorda e afirma: "A queda foi um reflexo da alta expressiva. Apesar dela, o otimismo continua e o Brasil segue como destaque como investimento", acrescentou.
Os analistas comentaram o anúncio feito hoje pelo governo da proposta de tributação do rendimento da caderneta de poupança nas aplicações acima de R$ 50 mil, a partir de 2010. Antes disso, ainda em 2009, o governo estuda baixar a tributação sobre os fundos de investimento para garantir a competitividade diante da caderneta. A avaliação unânime foi de que a regra é positiva sobretudo no longo prazo, ao sinalizar para a queda da taxa Selic (juro básico da economia), que leva os investidores a procurarem a Bolsa como opção de investimento.

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