segunda-feira, 22 de junho de 2009

Ibovespa cai 3,66% no dia e volta ao nível de 15 de maio

por Agência ESTADO
22 de Junho de 2009 17:53

Um relatório do Banco Mundial com previsões negativas para a economia global serviu de mote para os investidores da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) ampliarem a realização de lucros predominante na última semana. Num processo global de aversão a risco, os investidores se desfizeram de commodities e emergentes e procuraram ativos como o dólar. Assim, o principal índice à vista do mercado acionário doméstico (Ibovespa) fechou abaixo de 50 mil pontos pela primeira vez em junho, para a menor pontuação em mais de um mês.
O Ibovespa recuou 3,66%, maior queda porcentual desde 2 de março (-5,10%). Terminou em 49.494,80 pontos, menor nível desde os 49.007,21 pontos de 15 de maio deste ano. As perdas foram ainda maiores durante a sessão, quando chegou a marcar 49.411 pontos (-3,82%). Mesmo na máxima do dia, não chegou a subir: 51.367 pontos (-0,01%). No mês, a Bovespa acumula perdas de 6,96% e, no ano, sobe 31,81%. O giro financeiro totalizou R$ 4,625 bilhões. Os dados são preliminares.
O sinal predominante em todos os pregões hoje foi o de baixa. Os investidores encontraram no documento do Banco Mundial uma justificativa concreta para jogarem seus temores sobre a recuperação da economia global. A instituição reviu sua previsão, já negativa, feita em março sobre o PIB mundial para um ainda pior: agora, ao invés da queda de 1,7% este ano, a entidade estima recuo de 2,9%. Se confirmado, o número será o primeiro negativo desde a Segunda Guerra Mundial. Para o Brasil, a previsão foi de -1,1% em 2009, enquanto o governo brasileiro estima crescimento de pelo menos 1%.
Diante dessa nova perspectiva, os investidores aproveitaram para embolsar uma boa parte dos ganhos que obtiveram com a compra de ações no mercado doméstico este ano. Além da saída de estrangeiros da Bovespa, a queda de preço de commodities (matérias-primas) e a oferta de ações da VisaNet ajudaram a explicar o tombo do índice. Segundo os especialistas, pelo porte da operação da VisaNet, estaria havendo realocação de portfólio. "A oferta da VisaNet é muito grande e não está havendo espaço para entrada de muito dinheiro novo. Certamente os investidores estão realocando seus investimentos, vendendo ações como blue chips", exemplificou o economista da WinTrade José Góes.
Para Góes, a queda de hoje foi apenas um movimento de realização, já que a Bovespa havia sido puxada por um otimismo exagerado. "Mas não acho que a Bolsa entrará numa tendência baixista, abaixo de 47 mil pontos. Neste intervalo, começa a haver chamada de compras, porque muita gente acabou ficando de fora da tendência altista e deve querer aproveitar", comentou.
Além do relatório do Banco Mundial, as ordens de vendas foram endossadas hoje pela cautela às vésperas da reunião do banco central americano, que anuncia na quarta-feira sua decisão de juros. O Dow Jones caiu 2,35%, para 8.339,01 pontos. O S&P 500 perdeu 3,06%, para 893,04 pontos. O Nasdaq recuou 3,35%, para 1766,19 pontos.
Por causa das incertezas sobre a recuperação da economia, o petróleo fechou em baixa, diante de uma perspectiva de demanda menor. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o contrato para julho terminou a US$ 66,93 o barril, com variação negativa de 3,77%. No Brasil, Petrobras também teve perda forte, de 4,12% na ação ordinária (ON) e 3,41% na ação preferencial (PN).
Vale, a outra blue chip, exibiu perdas maiores, de 5,42% na ON e de 4,83% na PNA (preferencial da classe A). Hoje, a notícia no setor minerador foi a decisão da Anglo American de negar a proposta de fusão feita pela Xstrata. Para a mineradora, tratava-se de algo "inaceitável".
Duratex PN liderou a alta do Ibovespa hoje, ao subir 7,27%. Os papéis subiram na esteira da notícia de que ela e a Satipel vão se associar, dando origem à maior indústria de painéis de madeira industrializada do Hemisfério Sul. Satipel ON disparou 35,36%.

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