quinta-feira, 18 de junho de 2009

Movimento técnico leva Ibovespa abaixo de 51 mil pontos

por Agência ESTADO
18 de Junho de 2009 17:55

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tinha todos os argumentos para se manter em alta durante toda a sessão de hoje: preços de matérias-primas (commodities) subiram, os indicadores nos EUA favoreciam, as Bolsas norte-americanas avançaram e a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reforçou a análise de que haverá pelo menos mais um corte dos juros básicos - embora em menor intensidade do que o de um ponto decidido na reunião deste mês. Mas a despeito disso tudo, o principal índice à vista (Ibovespa) oscilou muito e o sinal negativo predominou, em razão de movimentos técnicos.

Assim, a sessão terminou com o Ibovespa em baixa de 0,28%, pela primeira vez abaixo de 51 mil pontos no mês, aos 50.903,02 pontos. Esta é a menor pontuação desde os 50.816,24 pontos de 25 de maio. Na mínima do dia, o Ibovespa recuou para os 50.510 pontos (-1,05%) e, na máxima, os 51.275 pontos (+0,45%). Com o desempenho desta quinta-feira, no mês a Bolsa tem perda acumulada de 4,31%. No ano, o ganho acumulado é de 35,56%. O giro financeiro no pregão regular totalizou R$ 3,448 bilhões. Os dados são preliminares.

O evento desta quinta-feira foi a divulgação da ata do Copom. O documento, que explicitou o que foi considerado pelos diretores do BC na reunião da semana passada (quando decidiram reduzir a taxa Selic para 9,25% ao ano), sinalizou que o processo de desaperto monetário não terminou no encontro deste mês. Na ocasião, o BC surpreendeu o mercado ao cortar mais do que o previsto (um ponto porcentual). E tudo indica que esta redução não foi a última. O problema é que os analistas ainda não obtiveram um consenso sobre o que virá pela frente: alguns falam em 0,25 ponto porcentual na reunião de julho, outros, em 0,50 ponto porcentual. Mas o que vai ser, só o tempo, ou melhor, o Copom, dirá. A próxima reunião do Copom será em 21 e 22 de julho.

Fato é que qualquer que seja o tamanho do corte dos juros, a Bovespa é beneficiada, já que a atratividade da renda fixa diminui com taxas de juros menores. Apesar disso, hoje um movimento técnico conduziu a Bovespa. Segundo Fausto Gouveia, da Legan Asset, hoje pode ter sido um dia de "ressaca" dos vencimentos. "Muitos investidores que não foram exercidos ficaram com o papel e, como avaliam que o momento não é ficar comprado, saem da posição à espera de algum indício sobre a trajetória". Esse movimento, segundo ele, pode ser verificado nas blue chips: Vale e Petrobras caíram, apesar de as commodities metálicas e o petróleo terem fechado em alta no exterior. Estes dois papéis, vale lembrar, são os principais dos vencimentos - e têm grande peso no Índice Bovespa.

O movimento técnico na Bovespa, no entanto, encontrou resistência nas Bolsas norte-americanas, que trabalharam majoritariamente em alta em reação aos bons indicadores conhecidos hoje. O Dow Jones terminou com elevação de 0,69%, aos 8.555,60 pontos, o S&P avançou 0,84%, aos 918,37 pontos, e o Nasdaq terminou com variação negativa de 0,02%, aos 1.807,72 pontos. O setor financeiro foi destaque de elevação, sobretudo depois das declarações do secretário do Tesouro, Timothy Geithner, no Congresso dos EUA, onde falou sobre as propostas do governo para modernizar o sistema de regulamentação do setor financeiro. Segundo ele, embora o plano de reforma regulatória financeira do governo Obama não responda a todos os problemas, vai ajudar a evitar crises futuras ao tornar o sistema financeiro menos vulnerável.

Estas palavras adoçaram os investidores, que também já se regozijaram dos indicadores, sobretudo os pedidos de auxílio-desemprego. O número de trabalhadores norte-americanos que entraram pela primeira vez com pedido de auxílio-desemprego até veio acima das estimativas dos analistas - subiu 3 mil ante previsão de 2 mil na semana até 13 de junho. Mas, por outro lado, o número total de norte-americanos que recebiam auxílio-desemprego caiu na semana até 6 de junho - 148 mil, maior declínio desde 24 de novembro de 2001 -, após subir por 21 semanas consecutivas.

Os outros dados divulgados hoje foram o índice de atividade industrial regional do Federal Reserve da Filadélfia (subiu para -2,2 em junho, de -22,6 em maio, superando as expectativas de economistas de um dado de -18,0) e o índice de indicadores antecedentes do Conference Board (+1,2% em maio, superando as expectativas que previam um aumento de 1%. O dado de abril também foi revisado, para avanço de 1,1%, ante previsão original de alta de 1,0%).

Na Bovespa, Vale ON terminou em baixa de 0,60% e Vale PNA recuou 1%. Petrobras ON cedeu 0,81% e Petrobras PN caiu 0,90%. Hoje, a Moody's Investors Service rebaixou o rating global em moeda local da estatal de A2 para A3. Na Bolsa Mercantil de Nova York (Nymex), o contrato do petróleo para julho subiu 0,48%, para US$ 71,37 o barril.

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