quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Petrobras sobe, mas não impede Bolsa de recuar 0,77%

por Agência ESTADO
02 de Setembro de 2009 17:59

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve uma sessão bastante volátil nesta quarta-feira e, não fosse o desempenho dos papéis da Petrobras, seria também completamente insossa. As ações da estatal foram as mais negociadas e estiveram entre as maiores altas, contribuindo para conter uma queda maior do índice. A oscilação foi guiada pelas Bolsas norte-americanas, que operaram hoje como um barco à deriva, entre altas e baixas.

O Ibovespa terminou a sessão em queda de 0,77%, na mínima pontuação do dia, de 55.385,72 pontos. Na máxima, registrou 55,948 pontos (+0,24%). No mês, acumula -1,95% e, no ano, alta de 47,50%. O giro financeiro totalizou R$ 5,715 bilhões. Os dados são preliminares.

Os papéis preferenciais da Petrobras - os mais líquidos e com a maior participação individual no Ibovespa, de cerca de 15% - tiveram grande influência no pregão de hoje, ao registrarem as maiores altas do índice. Uma das explicações, segundo o gestor da Legan Asset Airton Kelner, é que os investidores estão pouco a pouco digerindo as regras do pré-sal à medida que também tomam conhecimento de um número maior de informações. "Os papéis despencaram com o anúncio, mas agora os dados começam a ser assimilados e estão agradando", comentou o profissional.

O desempenho dos papéis também teve a ajuda da descoberta de um poço profundo no Golfo do México pela BP. O poço é operado pela companhia britânica, com 62% de participação, em conjunto com a Petrobras, com 20%, e a ConocoPhillips, com 18%.

E se o anúncio do poço ajudou, o comportamento do petróleo não atrapalhou, visto que a commodity fechou estável. O contrato para outubro terminou em US$ 68,05 o barril, apesar de os dados terem mostrado recuo nos estoques na última semana. Os estoques de petróleo caíram 372 mil barris na semana até 28 de agosto, ante previsão de -400 mil barris, enquanto os estoques de gasolina caíram em 2,969 milhões de barris, bem mais do que a previsão de -700 mil barris. Petrobras ON terminou em alta de 1,42%. A PN subiu 1,74%, na maior alta do índice e com o maior giro individual, de R$ 800,114 milhões.

Além da Petrobras, a construção civil também foi destaque no pregão de hoje, mas de baixa. Ontem, a PDG anunciou oferta de papéis da PDG Realty e, hoje, a Rossi fez o mesmo. A oferta, primária e com valor estimado entre R$ 500 milhões e R$ 600 milhões, financiará novo plano de crescimento para os próximos anos, a partir de 2010.

O anúncio acabou pesando sobre os demais papéis do setor na bolsa, já que, segundo operadores, os investidores podem estar diminuindo seus recursos em determinadas ações para promover uma realocação. Além de Rossi e PDG, também colocaram ofertas na praça as empresas Direcional e Multiplan. As três maiores quedas do Ibovespa foram do setor: Rossi Residencial ON recuou 5,40%, Gafisa ON, 5,31%, e Cyrela ON, 4,93%.

Outra notícia do setor é de que a Abyara, Agra e Klabin Segall vão integrar suas atividades, com a criação da empresa Agre Empreendimentos Imobiliários, que será listada no Novo Mercado da Bovespa e incorporará as ações das demais. Abyara ON caiu 2,12%, PDG ON, -4,28%. Klabin Segall ON subiu 6,59%.

No mais, os papéis acabaram acompanhando a trajetória das bolsas norte-americanas que, na parte da tarde, oscilaram a maior parte do tempo ao redor da estabilidade, entre altas e baixas. Os indicadores divulgados hoje foram ignorados, assim como a ata do último encontro do Fomc. O Dow Jones fechou em -0,32%, aos 9.280,67 pontos, o S&P 500 perdeu 0,33%, aos 994,75 pontos, e o Nasdaq teve baixa de 0,09%, aos 1.967,07 pontos.

O principal número de hoje e que acabou azedando os humores pela manhã foi o número de criação de vagas no mercado privado de trabalho. Segundo a ADP, foram fechados em agosto 298 mil postos, ante 213 mil previstos. Já a produtividade do trabalhador no segundo trimestre foi revisada para alta de 6,6%, perto da expectativa de +6,5%, enquanto o custo unitário da mão de obra no período foi revisado para -5,9%, ante previsão de -5,8%. Por fim, as encomendas à indústria subiram 1,3% em julho, ante expectativa de +2,3%.

Segundo Kelner, da Legan, a indefinição das bolsas deve seguir até sexta-feira, com a divulgação dos números do payroll. "O encontro de hoje do Copom já está precificado nos ativos" destacou. O mercado espera manutenção da Selic em 8,75% ao ano. O mercado, assim, deve ficar sem direção até os dados do mercado de trabalho nos EUA.

Vale ON terminou em baixa de 1,50% e PNA, de 1,17%. No setor siderúrgico, Gerdau PN caiu 2,07%, Metalúrgica Gerdau PN, 2,07%, Usiminas PNA, 1,49%, e CSN ON, 0,41%.

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