terça-feira, 8 de setembro de 2009

U-6: o subemprego e a extraordinária taxa de desemprego nos EUA

Taxa oficial (vermelho) e real (azul) de desemprego nos Estados Unidos



por Gustavo Kahil de InfoMoney
08/09/09 15h25


SÃO PAULO - Desde o início da recessão em dezembro de 2007, o número de desempregados nos Estados Unidos aumentou em 7,4 milhões e a taxa de desemprego cresceu 4,8 pontos percentuais, para 9,7%. Aproximadamente 6,9 milhões de vagas foram cortadas no período.

Estes são os dados oficiais. Porém, um olhar mais próximo sobre os números do mercado de trabalho revela números mais preocupantes. A medida alternativa de emprego U-6 mostra uma taxa de desemprego de 16,8% no mês de agosto, 7,1 pontos percentuais acima da outra medição.

Para Dave Rosenberg, economista-chefe da administradora de recursos Gluskin Sheff, "sugerir que o ciclo de queda da economia foi qualquer coisa diferente de uma depressão é basicamente uma deturpação dos fatos". A leitura da figura abaixo mostra que a taxa real se aproxima cada vez mais do nível de 20%.

Taxa oficial
A elevada diferença entre as duas taxas deve-se à metodologia empregada. A taxa de 9,7% é calculada com base nas pessoas que não têm emprego, disponíveis para trabalhar e que tenham procurado emprego de forma direta nas últimas quatro semanas. Sendo que a definição de "forma direta" é ampla e engloba as pessoas que contataram um empregador, agência de empregos, centro de empregos ou amigos, enviou currículos ou inscreveu-se para seleções, respondeu a anúncios, dentre outras coisas.

U-6
Os dados utilizados na metodologia U-6 incluem à taxa oficial os "trabalhadores adicionados marginalmente". São aqueles que não estão trabalhando ou procurando por uma vaga, mas que dizem querer um emprego e o buscaram recentemente e pessoas que trabalharam por um período menor por razões econômicas, ou seja, desejam um trabalho integral, mas um trabalho de menos horas foi tudo o que puderam encontrar.

Deflação
Rosenberg, ex-economista chefe para os EUA da Merrill Lynch, avalia que, devido ao grande déficit do mercado de trabalho, qualquer inflação que o Federal Reserve consiga trazer para a economia "será simplesmente um barulho insustentável durante uma tendência declinante do poder de precificação". É fato que alguns indicadores apontam para uma recuperação econômica, porém os dados podem, na verdade, estar maquiados por um efeito sazonal de programas de descontos.

Os números de agosto do Chain Store Sales, que mede as vendas das lojas varejistas, mostram um recuo de 2,9% nas vendas na comparação com o mesmo período do ano anterior, número menor do que os 3,8% esperados pelo mercado, além de uma desaceleração ante o recuo de 5,1% anotado em julho. Mas, para Rosenberg, os números são reflexo de um programa agressivo de corte nos preços e promoções. É ainda esperada uma melhora artificial das vendas em setembro devido ao retorno das aulas, explica.

Rosenberg parece estar no time dos céticos quanto à recuperação da economia, e também dos que acham que visualizar uma taxa real de desemprego próxima à da Grande Recessão não é maluquice.

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