quinta-feira, 12 de junho de 2008

Política de alta de juros vai durar " enquanto for necessário " para conter inflação, diz Copom

por Paula Cleto de Valor Online
12/06/2008 09:27

SÃO PAULO - O avanço de índices de preços em reflexo da economia aquecida e a deterioração nas expectativas do mercado para a inflação futura foram os argumentos citados pelo Comitê de Política Monetária (Copom) para explicar o aumento de 0,5 ponto na taxa básica de juros neste mês, que passou a valer 12,25% anuais. O Banco Central (BC) afirma estar trabalhando para garantir o crescimento sustentado e afirma que a atual postura de política monetária será " mantida enquanto for necessário " para assegurar " a convergência da inflação para a trajetória das metas " .
A ata da reunião do Copom de 3 e 4 de junho menciona que o aquecimento da economia já provoca o aumento de preços no atacado e dos núcleos dos índices de inflação. Ao observar esse quadro, os agentes de mercado pioram suas expectativas para os índices de preços, o que, por si só, já é outra fonte de pressão inflacionária. Na pesquisa realizada pelo próprio BC com analistas financeiros, a previsão para o IPCA de 2008 passou de 4,66% em abril para 5,48% no começo de junho. Quanto maiores as expectativas da sociedade para a inflação, explica o BC, mais fácil é repassar o aumento de custos para os preços finais.
O Copom também reitera a preocupação quanto ao descompasso entre demanda e oferta e ainda com as repercussões da inflação em escala global, cujas pressões inicialmente específicas o comitê não quer ver se generalizar pelos preços. " O Copom considera que se mantém elevada a probabilidade de que pressões inflacionárias inicialmente localizadas venham a apresentar riscos para a trajetória da inflação, uma vez que o aquecimento da demanda doméstica e do mercado de fatores, bem como a possibilidade do surgimento de restrições de oferta setoriais, podem estar ensejando aumento no repasse de pressões sobre preços no atacado para os preços ao consumidor " , diz o documento.
Essa conjuntura, porém, já afetou os prognósticos futuros. Sem revelar os números exatos, a ata informa que no cenário de referência do BC (taxa de câmbio em R$ 1,65 e Selic em 11,75%), aumentou a projeção para o IPCA de 2008, que ficaria acima do centro da meta para o ano, de 4,5%. No cenário de mercado (com mobilidade nas taxas de câmbio e juros), ocorreu o mesmo. Em ambos os casos, a projeção do IPCA de 2009 também superou 4,5%.
" São relevantes os riscos para a concretização de um cenário inflacionário benigno, no qual o IPCA seguiria evoluindo de forma consistente com a trajetória das metas " , resume o documento. Nesse contexto, diz a ata, o BC deve elevar os juros para " contribuir para a convergência entre o ritmo de expansão da demanda e oferta " e para impedir a deterioração das expectativas de inflação futura.
" Ao atuar enquanto o balanço dos riscos para a dinâmica inflacionária assim o requerer, o Comitê entende que estará, de fato, contribuindo para a sustentação do crescimento, o que requer estabilidade, previsibilidade e a conseqüente extensão do horizonte de planejamento das empresas e famílias, bem como para resguardar os importantes incrementos na renda real dos assalariados observados nos últimos anos. "

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