sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Analistas afastam possível repique e vêem início de mês com pé esquerdo à Bolsa

por Nathália A. Terra Pereira de InfoMoney
01/08/08 20h30

SÃO PAULO - "A bolsa brasileira deve começar o mês de agosto com o pé esquerdo". Assim Celso Yoshida, analista técnico da Solidez Corretora, resume categoricamente suas projeções à renda variável nesta semana que se aproxima. De fato, o Ibovespa já abriu suas negociações do oitavo mês do ano no vermelho, amargando nova derrocada na sexta-feira (1).
Tendência declinante que tem tudo para encontrar fôlego nos próximos pregões. "Os indicadores gráficos seguem apontando para a continuidade da trajetória de queda", prevê Yoshida, para quem as próximas baixas que esperam os investidores podem levar o benchmark brasileiro rumo aos 56.400 pontos. Alarmante? Yoshida vai além: "se tal patamar for rompido, veremos um forte rali de venda, com o Ibovespa podendo atingir a faixa dos 52.700 pontos". E para os que torcem por um repique, o analista não vê muitos indícios de tal possibilidade em seus gráficos: "a próxima resistência está nos 60.000 pontos, mas não deve ser buscada, principalmente porque os poucos arroubos de alta não vêm acompanhados de volumes expressivos".

Agenda também sustenta cautela

Se os gráficos não vêm dando motivos para um fim do pessimismo, a agenda econômica prevista para os próximos pregões não fica para trás. Menos pelo fluxo de referências, que deve se manter ameno na próxima semana, mas sim pela relevância dos eventos agendados, cujo destaque fica indubitavelmente para a reunião do Federal Reserve.
Na próxima terça-feira, a autoridade monetária tem mais um encontro para decidir sobre o rumo do juro básico norte-americano, fato que sempre vem rodeado de muita apreensão nos mercados. Mas para Sílvio Campos Neto, a decisão em si não deve surpreender. "Todos os indícios dados pelo Fed até agora apontam para a manutenção da Fed Funds Rate", opina o economista-chefe do Banco Schahin.
Entretanto, o que pode impactar o andamento dos negócios é o comunicado que sempre acompanha as deliberações do colegiado presidido por Ben Bernanke. "Fora o Fed, não há previsão de dados muito relevantes, talvez com exceção para o ISM Services", afirma Campos Neto. Todavia, a cena corporativa deve manter-se atribulada pela divulgação de resultados, mais um foco de tensão às bolsas.
"Os indicadores, tanto aqui como lá fora, têm vindo controversos, sustentando a promessa de uma semana cuja única certeza é a indefinição e volatilidade. Isto para não falar no mercado de commodities, que quando caem, impactam positivamente os mercados externos e negativamente o doméstico. E quando as cotações sobem, muitas vezes o Ibovespa não tem força e acaba sendo penalizado de qualquer jeito pelas tensões em Wall Street", opina Campos Neto.

Fugindo das duas maiores Commodities.

Há muito que traçar qualquer previsão ao Ibovespa sem passar por tal mercado acaba dando origem a resultados infundados, uma vez que cerca de um terço do índice é controlado por apenas dois papéis, atrelados aos setores de mineração e petróleo: Vale (VALE5) e Petrobras (PETR4).
Quando se pensa que a trajetória negativa das ações das duas maiores blue chips brasileiras finalmente encontrará um término, os ativos surpreendem com maiores baixas, no encalço do recuo no preço do barril de petróleo e das commodities metálicas lá fora. Com a economia norte-americana posta à prova, o consumo dos produtos também é questionado e, com isso, as cotações devem mostrar novas quedas.
A análise técnica compartilha de visões similares. Segundo Celso Yoshida, ambos os papéis continuam imersos em tendência declinante. "Para aqueles que têm objetivos de curto prazo, não recomendo ficar comprado em Petrobras e Vale", alerta o analista, que prevê maiores rompimentos de suportes às ações na próxima semana.

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