segunda-feira, 5 de maio de 2008

Bolsa bate 3º recorde seguido após grau de investimento

por Claudia Violante da Agência Estado
05.05.2008 17h32

Quem imaginou que a disparada de 8,7% nos dois últimos pregões da semana passada serviria de justificativa para a Bovespa passar por uma realização de lucros se enganou. Ela até ocorreu durante o pregão, nas ações de segunda linha e com a realocação de carteiras pelos gestores, mas foi um evento muito pequeno e que não impediu a Bolsa doméstica de registrar seu terceiro recorde consecutivo e encerrar o pregão pela primeira vez na história no nível de 70 mil pontos.
O Ibovespa, principal índice, subiu 1,17% e fechou em 70.174,9 pontos, acumulando em maio ganho de 3,40% e, no ano, de 9,84%. Após o grau de investimento, conquistado na quarta-feira, subiu 9,95%. Hoje, o índice oscilou entre a mínima de 69.366 pontos (estabilidade) à máxima de 70.435 pontos (+1,54%). O volume financeiro também foi alto, de R$ 7,068 bilhões. Em abril, a média diária foi de R$ 6,233 bilhões.
Nem mesmo a queda das bolsas americanas impediu a Bovespa de seguir a alta trilhada após a elevação de classificação de risco do Brasil pela agência Standard & Poor's. A baixa nos Estados Unidos, justificaram os operadores, decorreu basicamente da queda dos papéis do Yahoo!, após a Microsoft retirar sua oferta de compra pela empresa. A disparada do petróleo, que bateu mais um recorde, também pesou sobre as ações, mas o índice ISM do setor de serviços serviu de contraponto positivo ao subir mais do que era previsto e situar-se na faixa de 50, o que significa expansão do setor (em abril, o índice sobre a atividade no setor de serviços subiu para 52,0, de 49,6 em março - a expectativa era 49,8).
O petróleo, ao longo da sessão, bateu em US$ 120,21 por barril, mas saiu das máximas e fechou no recorde em US$ 119,97, com elevação de 3,14%. A alta foi puxada pela demanda, por novas notícias de problemas com a oferta na Nigéria, maior exportador do produto da África, e planos de greve num porto francês.
No Brasil, a alta do petróleo favoreceu as ações da Petrobras. As ordinárias (ON) subiram 2,5% e as preferenciais (PN), 1,98%. Os papéis da Vale, segunda empresa mais importante da Bovespa, também subiram. Hoje, a empresa anunciou um contrato para comprar os direitos minerários e de superfície pertencentes à Mineração Apolo nas cidades de Rio Acima e Caeté (MG). Vale PNA ganhou 1,68% e Vale ON avançou 1,83%.
Na avaliação do gestor-gerente da Infinity Asset, George Sanders , “o Brasil virou o centro das atenções”, e muita gente que não pegou a alta ainda vai aproveitar esse bonde. Desta forma, uma realização de lucros significativa precisaria de um argumento muito forte que, segundo ele, pode ser dado pelo governo brasileiro caso ele venha mesmo a adotar medidas para desestimular a entrada de capital especulativo. O governo, por meio do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, negou hoje a possibilidade. Segundo ele, há muita especulação sobre o assunto. “É preciso primeiro esperar o ingresso de recursos acontecer”.
Dessa forma, a realização que ocorreu hoje foi setorizada, com os investidores realocando suas carteiras, trocando de papéis. Os bancos, nessa mudança, foram prejudicados e fecharam em baixa. As ações voltadas ao mercado doméstico, como construção e consumo, foram destaques.

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